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Desabafo de Simone sobre o corpo mostra dificuldade que maioria das pessoas enfrenta

Publicado 22 Ago 2018 – 03:24 PM EDT | Atualizado 5 Nov 2018 – 06:32 PM EST
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Simone, da dupla sertaneja com a irmã Simaria, fez um verdadeiro desabafo em seu Instagram sobre a dificuldade que vem enfrentando com o corpo. Em uma sequência de vídeos postados nos Stories, ela falou sobre a frustração de não conseguir se manter em dietas e estar constantemente variando de peso.

O relato da cantora reflete um problema vivido por muitas pessoas que pulam de dieta em dieta e, ao não conseguirem atingir um peso estável, se julgam fracassadas e sentem que o problema está com elas.

A verdade, no entanto, é que a dificuldade de emagrecer está ligada a questões mais complexas e que muitos desconhecem, como a obsessão pelo emagrecimento influenciada pela pressão social e também o fato de que dietas geram um ciclo de perda e reganho de peso que é prejudicial e dificulta muito a conquista de um peso saudável.

Desabafo de Simone sobre emagrecimento

A irmã de Simaria contou que tem estado desanimada com a numeração de suas roupas e procura em Deus um consolo.

"Que irresponsabilidade. Não sei o que fazer. Ou eu me acostumo [a fazer dieta] ou eu compro roupa com um número maior. Daqui a pouco estou indo na loja big. Ô Deus, o que eu faço da minha vida, me ajuda. Eu sei que tu já me ajudou, mas é porque eu sou uma irresponsável mesmo, Jesus", falou Simone em um dos vídeos.

Em seguida, ela continuou falando que até começa a fazer uma dieta, faz crossfit, mas que muitas vezes não resiste a comidas das quais ela gosta.

"Bota à sua frente aquelas comidas, ô Jesus. As mais deliciosas da vida, quem é que resiste? Tem que ser forte e tal, a gente tenta, a gente tenta ser forte. Mas não dá. E aí a gente, ó, come", desabafou.

"Resumindo, o trem está feio pro meu lado. Fui botar uma roupa ontem e quem disse que passava nas pernas? É o primeiro lugar a engordar no meu corpo. A calça não subia, e vem a suadeira."

"Aí vem o desespero, dieta, dieta, dieta. Quem inventou a dieta?", indagou ela, ao questionar a necessidade de aderir a um cardápio restritivo.

"Fui inventar de malhar 4 dias e fiquei sem andar direito, doendo tudo", falou Simone, ao expor incômodos comuns após iniciar atividades físicas. "Já melhorei, mas cadê a vontade de voltar e se doer tudo de novo?", indagou.

Dificuldade de emagrecer: falta de força de vontade?

O jeito espontâneo e divertido de Simone faz até parecer que o assunto é divertido e leve. Mas a verdade é que muitas pessoas que procuram emagrecer acabam sentindo frustração, irritação e desânimo ao embarcar em uma nova dieta.

Isso porque, diante da dificuldade prolongada, com idas e vindas e efeito sanfona, muitos se sentem culpados por não conseguirem perder peso. O problema, entretanto, não é falta de força de vontade, como a maioria julga ser.

Para a nutricionista especializada em comportamento Gabriela Gentil, de São Paulo, os sacrifícios feitos em prol de um corpo magro podem provocar mudanças fisiológicas no organismo, que acabam por dificultar a perda de peso.

Isso porque fazer restrições grandes na alimentação - seja de calorias, de certos grupos alimentares ou mesmo ignorar os sinais fisiológicos de fome por longos meses - gera uma reação de estresse no corpo, que percebe a situação como um sinal de perigo.

Como resposta, nosso organismo passa a tentar estocar gordura, que é o componente fundamental para nossa sobrevivência.

"O cérebro não percebe a perda de peso como um sucesso de beleza, ma sim como um risco para a vida. Por isso, ele acaba desenvolvendo mecanismos de adaptação para proteger você do emagrecimento excessivo”, explica a nutricionista Sophie Deram, doutora em endocrinologia pela USP.

Conhecida por sua abordagem "antidietas", Sophie afirma que, após um regime, 95% das pessoas recuperam todo o peso perdido (ou até mais). "Não basta ter força de vontade e foco, o organismo é complexo", resume Gabriela Gentil.

Aumento da fome e redução do metabolismo são as principais alterações fisiológicas que o cérebro promove após uma dieta restritiva.

"A partir daí, é criada uma relação muito negativa com o corpo e com a comida. Uma vez que a fome real é rejeitada por um longo período, é possível que, depois, seja preciso comer uma quantidade maior do que se comeria se tivesse respeitado os primeiros sinais de fome", pondera Gabriela.

A relação com a comida passa a ser muito mais emocional do que antes, e a fome fisiológica, cada vez mais difícil de reconhecer.

Como quebrar este ciclo?

Em primeiro lugar, reflita sobre a sua motivação para perder peso: seu objetivo é melhorar sua saúde e disposição ou enquadrar-se em um padrão de beleza? Muitas pessoas vivem a obsessão pelo emagrecimento não por estarem doentes ou em perigo, mas por acreditarem que não têm o corpo ideal.

Em segundo, para se chegar a uma rotina saudável e equilibrada - o que, por sua vez, resultará em boa forma -, siga na direção oposta às dietas. “É comendo que a pessoa vai emagrecer”, garante Sophie Deram.

Procure escutar sua fome e diferenciar quando ela é, de fato, fisiológica ou apenas o reflexo de suas emoções. Tem gente que come por ansiedade, medo, tédio e até felicidade, mas, para ter saúde, é preciso comer o necessário para suprir as necessidades do seu organismo, nem mais nem menos do que isso. Assim, saber identificar a sua fome é um passo importante.

Ainda segundo Sophie, adquirir o hábito de cozinhar e comer alimentos mais naturais também é muito positivo para trazer mais consciência ao ato de se alimentar, já que, muitas vezes, fazemos isso de forma tão automática que não nos damos conta do que estamos colocando para dentro do nosso corpo.

O acompanhamento com profissionais qualificados também é fundamental. Além de nutricionistas, psicólogos podem auxiliar a caminhada, combatendo padrões comportamentais nocivos e aumentando a autoconsciência.

Emagrecimento saudável

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