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Com foco na emoção (e menos nas calorias), nutricionista revoluciona o emagrecimento

Publicado 14 Nov 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:45 AM EDT
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Recentemente, fui convidada a assistir à palestra da nutricionista Sophie Deram, uma francesa naturalizada brasileira que desenvolve seus trabalhos na Universidade de São Paulo e escreveu um livro chamado “O peso das dietas”. Depois de ouvi-la por quase uma hora, muita coisa me passou pela cabeça, mas a principal delas foi: por que eu perdi tanto tempo (e tantos bolos de chocolate) fazendo dietas que, além de não me ajudarem a emagrecer, me fizeram engordar?

Sophie é contra dieta Atkins, da proteína, paleolítica, da lua, da banana e todos os outros métodos que restringem muito ou eliminam algum grupo alimentar. O motivo é muito simples, apesar de eu só ter me dado conta dele aos 30 anos e depois de muitas dietas loucas e inúteis: elas não funcionam, seus resultados não duram e elas ainda fazem uma bagunça monumental nos nossos corpos e cérebros.

Em vez de pegar leve com esses métodos malucos, ela ensina que nós somos muito mais que uma caixinha de entrar e sair calorias e recomenda, acima de tudo, o respeito pela própria fome. Então pode dar adeus àquela angústia de ficar sem comer que, aliás, já vai tarde, entendendo melhor o que diz essa cientista.

Por que emagrecer é muito mais que “fechar a boca”?

Foi a experiência tratando crianças durante seu doutorado que fez Sophie entender que emagrecer é muito mais do que “fechar a boca”.

“Comecei assim: 'Vamos lá, criança, vamos comer mais salada e fazer atividade física’, mas depois eu reparei que, apesar do desespero dessas crianças em emagrecer (eu podia ver a boa vontade delas), elas me diziam: 'Dra. Sophie, eu quero emagrecer, mas eu não consigo parar de pensar em comer'”.

Diante da situação de claro conflito, ela buscou saída para o desafio que é emagrecer no estudo da psiquiatria, do comportamento e dos transtornos alimentares, o que tornou seu foco a nutrição muito mais focada na emoção. “Hoje eu acredito que o comportamento é tão importante quanto o nutriente”, diz.

“Nós aprendemos que é fácil controlar peso - 'aqui tem o que você come e aqui tem o que você gasta' – mas caloria é um cálculo feito fora do corpo, é feito no laboratório. Dentro dele, são os alimentos, os nutrientes que 'conversam' com os genes”, explica Deram.

Apesar da constatação de Sophie parecer simples – afinal, nunca vi dieta ser feita com salada do McDonald's – ela é o primeiro passo para entender por que quem manda no ganho e na perda de peso são o cérebro e as emoções, e não a quantidade de calorias na tabela nutricional.

Passar fome é o maior erro que você pode cometer 

Quem já fez uma dieta restritiva sabe que, na maioria das vezes, o processo envolve passar pelo menos um pouquinho de fome. O problema é que a mente sabe que a fome é perigosa. Por isso, quando isso acontece, o metabolismo vai diminuir para que você não gaste energia e o apetite será aumentado para que você coma e, por fim, não morra.

Avançando um pouquinho, caso você perca peso rápido, seu corpo vai querer retomar o peso e, por isso, o apetite vai aumentar. Sophie explica que ele pode ficar assim, bem maior que o normal, por até um ano. É por isso que 95% das pessoas que fazem dieta voltam a engordar. “É normal fracassar na dieta porque você quer emagrecer comendo menos e seu cérebro só pensa em comer”.

Você não será mais a mesma pessoa depois de uma dieta restritiva, o seu apetite está maior e o seu metabolismo está menor.

“Hoje está claro que quanto mais fome, maior o aumento de peso, e quanto mais saciedade, maior a diminuição de peso”, diz Sophie. “E não é só a fome que vem antes de almoçar, é também seu componente emocional, é aquela vontade do 'bolo da vovó', para o qual sempre tem um espacinho, mesmo sem fome.”

“Comer consciente”: a saída para anos de dietas restritivas 

Para regular o apetite, a saída é comer. Isso mesmo, comer. “Quando você faz uma dieta, seu apetite fica aumentado por até um ano […]. Por outro lado, comendo você diminui sua fome”, diz Deram. “Está claro que é o cérebro que está no controle, ele cuida das emoções, da fome e também do peso”.

O conselho de Sophie é cozinhar e comer preferencialmente alimentos de verdade - arroz, feijão, legumes, carne – e feitos em casa, lembrando um pouco de como era o modo de se alimentar dos nossos avós.

É importante comer de maneira consciente, respeitando o ponto em que você deixa de comer por fome e passa a comer por gula, e ainda fazer das refeições um momento de tranquilidade destinado à nutrição do seu corpo e, por que não, de prazer. 

Para emagrecer de maneira definitiva

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