3 requisitos para ser Miss Universo que te farão pensar que ainda vivemos nos anos 50
Criado em 1952, o Miss Universo é o concurso de beleza mais famoso do mundo, descrito por seus organizadores como uma competição que busca quebrar estereótipos e aflorar a confiança feminina para que as mulheres possam alcançar seus objetivos em quaisquer áreas que queiram seguir.
Atrás do slogan progressista, entretanto, ainda permanece o mesmo critério avaliador de quando o concurso foi criado, 65 anos atrás, que exige que as mulheres se enquadrem em uma série de padrões sem sentido - o que nos faz questionar o quanto o concurso deseja, de fato, emancipar a mulher.
A seguir, confira 3 requisitos ainda exigidos às concorrentes que já passaram da hora de serem revistos.
Pré-requisitos do Miss Universo
Idade
De acordo com o site oficial do Miss Universo, as concorrentes devem ter, no mínimo, 18 anos e, no máximo, 28 anos antes do dia primeiro de janeiro do ano em que competirão na seleção.
O critério não só vai contra a priori de "quebrar estereótipos" como também reforça que a mulher após aos 30 anos está "velha demais" e não pode mais ser considerada bonita, o que torna o concurso altamente excludente.
Estado civil
Do mesmo modo, as concorrentes não podem ser casadas, divorciadas, separadas ou terem realizado anulação de união.
Esse pré-requisito está ligado com a mentalidade da época em que o concurso foi criado. Na década de 1950, grande parte das mulheres ainda era restrita ao ambiente familiar e criada para desenvolver os papéis exclusivos de mães e esposas. Por isso, não seria de bom tom "admirar" uma mulher compromissada.
Nesse ponto, entretanto, encontramos alguns problemas. O primeiro, e o mais grave, é o que se refere à mulher como um objeto. Quase 70 anos depois da criação do concurso, a mulher ainda é enxergada pela competição como algo a ser "admirado".
O segundo ponto a ser questionado está relacionado com a imagem que uma mulher compromissada deve apresentar, sem mostrar e se exibir para os demais que não o seu próprio marido.
O mesmo pensamento conservador serve para explicar o porquê de mulheres divorciadas, separadas ou com uniões anuladas não possam participar. Durante anos, as mulheres que resolvessem terminar uma relação infeliz foram vistas como maus exemplos.
O estado civil em nada interfere em suas atividades, pelo contrário. Com essa imposição, o Miss Universo assume, ainda que de forma mascarada, o propósito de ser uma vitrine de mulheres jovens e bonitas para a exposição masculina.
Não ter filhos
Ao invés de impor que todas as candidatas sejam estudantes, como forma de incentivar a prática intelectual teoricamente valorizada pelo programa, o concurso mais uma vez limita o seu público ao impedir que mães participem.
Sendo um concurso de beleza em que as candidatas devem desfilar de biquínis e outras roupas justas, possivelmente o comitê avaliador acredita que o corpo feminino após a gestação não seja tão agradável quanto antes.
Além disso, há a estigmatização antiga de que mães devem abrir mão de sua vaidade e sensualidade para tornarem-se figuras imaculadas, cujo único propósito é o serviço à família e ao lar.
Com esse requisito, os organizadores não apenas reafirmam que o objetivo principal é, de fato, expor os corpos femininos, como também discriminam toda uma categoria de mulheres, mostrando que elas não são passíveis de serem consideradas bonitas.
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