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A todas que passam a vida infelizes com o corpo: leiam a fala de Carolinie Figueiredo

Publicado 4 Abr 2017 – 11:51 AM EDT | Atualizado 27 Mar 2018 – 05:32 PM EDT
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A saga para estar dentro dos padrões de beleza impostos na sociedade é cansativa para as mulheres. Já que é quase impossível participar do seleto grupo que se encaixa nos arquétipos, a maioria de nós se sente constantemente incapaz e revoltada com o próprio corpo.

E só quem passa por esse tipo de frustração sabe o quão difícil é recuperar a autoestima.

Quem recentemente uniu forças para driblar a pressão pelo corpo “perfeito” foi a atriz Carolinie Figueiredo.

Ela publicou em seu Instagram um texto tocante sobre o amor ao próprio corpo. E, agora, em entrevista exclusiva ao Vix, a atriz relata detalhes sobre os anos em que viveu pressionada e como começou a jornada de aceitação do corpo.

Pressão para emagrecer desde a infância

A carioca começou cedo na carreira de atriz. “Lembro perfeitamente da pressão que já sentia, aos 5 anos de idade, para emagrecer”, conta. “Diziam que eu tinha um rosto lindo e precisava fechar a boca para deslanchar na carreira”.

Ela ouviu isso dentro de casa, no trabalho e nas ruas. Inclusive, fez testes para contracenar, mas foi rejeitada por estar acima do peso.

“Às vezes recebia metralhadas humilhantes e grosseiras. Mas muitas vezes os conselhos cheios de boas intenções arruinavam meu dia e autoestima”, fala.

Loucuras para emagrecer

Desesperada para ser socialmente aceita, Carolinie tomou, pela primeira vez aos 15 anos, remédios à base de anfetamina. “Na época, nem gorda eu estava”, comenta.

Devido ao risco e alto uso sem indicação – caso da atriz –, esses inibidores de apetite chegaram a ter sua venda proibida no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Agressão ao próprio corpo: autossabotagem

“Recentemente, identifiquei um padrão de comportamento: eu usava meu corpo como forma de rebeldia”, diz Carolinie, referindo-se a um hábito comum entre aqueles que aprenderam durante anos a odiar o próprio corpo: o de agredi-lo.

Segundo explica a psicoterapeuta especializada em transtornos alimentares Pamela Magalhães, uma pessoa sem autoestima não gosta dela mesma e, por isso, faz escolhas ruins para si.

“Nos relacionamentos amorosos, se envolve com pessoas que a tratam mal”, exemplifica a profissional.

O mesmo acontece com o corpo: o indivíduo que não gosta de si tende a minar a própria saúde e bem-estar, alimentando ainda mais a baixa autoestima e entrando em um ciclo autodestruição.

“Já vivi num ciclo vicioso de comer para compensar alguma frustração, na profissão ou em um relacionamento. E também tinha muita carência e solidão no meio disso. Estava em um ciclo perigoso do qual, mesmo depois de tomar conhecimento, é difícil sair”, conta a atriz.

"Chega de viver na expectativa de ser feliz e amada apenas quando eu perder peso. Trabalho o amor e a aceitação no aqui, agora."

Como aprender a amar o próprio corpo

Como muitas mulheres, Carolinie afirma que ainda não descobriu a fórmula para desligar as vozes internas que a deixam obcecada com o emagrecimento.

A carioca ainda tenta aprender a conciliar a recusa aos padrões com o desejo de tratar seu corpo e saúde com carinho.

“Hoje não vivo a pressão de emagrecer, mas também não quero mais machucar meu corpo fisicamente como expressão de ódio ao corpo e a mim”, conta Carolinie, que já teve picos de engordar 15 quilos, para “Malhação” (TV Globo), ou o dobro disso, como em cada gravidez.

“Percebo que essa relação com meu corpo é antiga e transcende a questão de emagrecer para agradar. Sinto que meu corpo é uma manifestação das minhas escolhas. Não quero viver na paranoia da ditadura da beleza. Mas também não quero comer um monte de porcaria ou ceder aos impulsos da compulsão.”

Uma das coisas que ajudou a atriz nesta caminhada foi a maternidade: “Me fez mergulhar em processos profundos.” Mas, além disso, ter interpretado uma mulher gorda segura de si foi transformador.

“É a primeira vez que faço cinema e interpreto a Beatriz, que é uma mulher segura, apaixonada, bem sucedida e sexualmente pulsante”, diz a atriz sobre seu primeiro filme “Gostosas, lindas e sexies”, que estreia em abril de 2017.

“Todas essas são características muito mais importantes do que o fato de ela estar acima do peso. Ela é uma mulher bem resolvida com isso. E tive o prazer de viver um papel com tanta profundidade para além dos estereótipos”. Carolinie é protagonista ao lado de Cacau Protásio, Lyv Ziesi e Mariana Xavier.

Segundo conta, a representatividade – ela passou a acompanhar modelos e influenciadoras gordas nas redes sociais – foi fundamental para que ela mudasse sua visão e se aceitasse mais.

E espera que a presença de mulheres reais no cinema e na TV provoque o mesmo efeito em outras pessoas. “Enquanto eu for chamada para papeis que transcendam os rótulos do peso estarei realizada como atriz. Mais do mesmo, já estou cansada de reforçar padrões”.

Aceitação do corpo

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