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Enfim sob controle, fogo no Cerrado é difícil de apagar por causa de 4 fatores

Publicado 26 Out 2017 – 02:19 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 01:18 PM EDT
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Uma boa notícia para o meio-ambiente e biodiversidade brasileiros: o incêndio que tomou 64 mil hectares de vegetação nativa no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros está sob controle. Depois de quase duas semanas de ação destrutiva do fogo, a força-tarefa de combate à queimada conseguiu impedir o seu avanço e está perto de extinguir de vez o problema.

São sete frentes de combate ao fogo e em todas o foco das chamas já está sob controle dos bombeiros e voluntários - em algumas delas, o incêndio foi completamente apagado. De acordo com o ICMBio, estão envolvidos no trabalho cerca de 200 homens, 4 helicópteros, 5 aviões tanque e 1 avião Hércules da Força Aérea.

Este foi o pior incêndio registrado desde a fundação da área como uma unidade de conservação ambiental. O fogo devastou cerca de 26% do território, que é um dos maiores, mais diversos e mais visitados do Cerrado brasileiro.

Por que este incêndio foi tão difícil de controlar?

O fogo que afligiu a Chapada dos Veadeiros, ao que tudo indica até o momento, teve origem criminosa. De acordo com os especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), há diversos indícios de crime: um dos focos de fogo está depois da barreira de contenção, o incêndio teria começado durante o pico do sol e a favor do vento e foi em um local distante de onde estava a base de controle. O crime ambiental pode resultar em dois a quatro anos de prisão.

Essas características tornaram o incêndio incontrolável. O período de seca da região central do Brasil, no qual quase não chove, as temperaturas são altas (regularmente acima de 30°C) e há ventos fortes e secos, combinado com focos de origem de fogo distantes do alcance da proteção dos órgãos ambientais tornou a situação crítica. “Este incêndio ocorreu no auge da seca”, afirma Christian Berlinck, coordenador de prevenção e combate a incêndios do ICMBio.

O Cerrado é um bioma bem adaptado ao fogo. Mas, claro, quando ele é produzido pela própria natureza, e pode até fazer bem ao solo e à vegetação. Na época de chuvas, raios atingem as plantas e árvores secas da vegetação e dão início a pequenos focos de queimadas. No entanto, a própria chuva e a alta umidade do ar controlam para que não fuja do controle.

Consequências do fogo

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, menor apenas que a Amazônia, mas apenas 8% de sua área está protegida em unidades de conservação. O parque nacional é uma delas, que abriga cerca de 20 espécies vegetais e 30 espécies animais ameaçadas de extinção, como o lobo-guará, o pato-mergulhão e a onça-pintada.

Já se sabe que a recuperação da área será lenta e difícil.  “O problema é quando o fogo chega em área de floresta, como agora. Florestas têm recuperação mais longa, é mais sensível e leva mais tempo para crescer novamente. É preciso também proteger as veredas, porque se queimarem, perdem acúmulo de água no solo e morrem”, alerta o especialista.

Até o momento, não há registros de mortes diretas de animais em consequência do fogo.  “Quando toma grandes proporções, tem impacto indireto na fauna. Depois que fogem, ficam sem abrigo, sem água e sem alimentos e os que se reproduzem neste período têm problemas com os ninhos”, afirma Christian. O ICMBio e o Ibama já planejam qual será o plano de ação para minimizar os anos à vida selvagem.

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