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Qual será o impacto final do incêndio que já devastou 26% da Chapada dos Veadeiros?

Publicado 25 Out 2017 – 02:53 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 01:30 PM EDT
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O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, está passando pelo pior incêndio já registrado desde a fundação da área como uma unidade de conservação ambiental. O fogo já devastou mais de 64 mil hectares do parque (equivalente a 26% da área total), que é um dos maiores, mais diversos e mais visitados do Cerrado brasileiro.

De acordo com os especialistas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o registro é que o incêndio tenha iniciado no dia 10 de outubro e cresceu devido às condições climáticas, como o tempo seco, o excesso de ventos e a ausência de chuvas. As investigações sobre a queimada trabalha com a hipótese de ação criminosa.

Como incêndio afetará fauna e flora

O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, menor apenas que a Amazônia, mas apenas 8% de sua área está protegida em unidades de conservação.

O parque nacional é uma delas, que abriga cerca de 20 espécies vegetais e 30 espécies animais ameaçadas de extinção, como o lobo-guará, o pato-mergulhão e a onça-pintada.

Christian Berlinck, coordenador de prevenção e combate a incêndios do ICMBio, explica que o Cerrado tem uma espécie de mecanismo natural de adaptação ao fogo, mas não a esse tipo de incêndio: no período de cheia, raios provocam pequenas queimadas que são controladas pela própria ação da chuva.

“Agora, os incêndios ocorreram no auge da seca”, esclarece. “O problema é quando o fogo chega em área de floresta, como agora. Florestas têm recuperação mais longa, é mais sensível e leva mais tempo para crescer novamente. É preciso também proteger as veredas, porque se queimarem, perdem acúmulo de água no solo e morrem”, alerta.

Além da flora, a fauna também sofre muito com a queimada. Embora não tenha sido registrada nenhuma morte de animal até então, Christian afirma que eles fogem do fogo e que o impacto maior pode ser observado depois do fim da queimada.

“Quando toma grandes proporções, tem impacto indireto na fauna. Depois que fogem, ficam sem abrigo, sem água e sem alimentos e os que se reproduzem neste período têm problemas com os ninhos”, afirma.

Origem e controle do fogo

Não há confirmação oficial, mas trabalha-se com a hipótese única de que o incêndio foi criminoso. Há diversos indícios: um dos focos de fogo está depois da barreira de contenção, o incêndio teria começado durante o pico do sol e a favor do vento e foi em um local distante de onde estava a base de controle. O crime ambiental pode resultar em dois a quatro anos de prisão.

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros recebe cerca de 60 mil visitantes por ano e em junho de 2017, o governo federal aumentou seus limites de 65 mil hectares para 240 mil hectares. Uma das suspeitas é que a queimada seja uma represália contra a ampliação da área de proteção ambiental.

O fogo está agravado pelas condições climáticas e apresenta temperaturas altíssimas e labaredas altas, o que dificulta a aproximação das linhas de terra. De acordo com o ICMBio, estão envolvidos no trabalho cerca de 200 homens, 4 helicópteros, 5 aviões tanque e 1 avião Hércules da Força Aérea.

“ [A região] Está sem chuva e o incêndio tem grandes proporções. Já temos áreas controladas e estamos protegendo as casas e comunidades, mas ainda não tem previsão para o fim do fogo”, afirma Christian.

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