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Usar sua foto, repassar dados: o que testes de Facebook fazem com suas informações?

Publicado 21 Fev 2018 – 05:05 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 03:27 PM EDT
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Seus dados pessoais viram moeda no mundo digital e, assim que você libera algumas informações do seu Facebook para acessar conteúdos aparentemente inofensivos, como jogos ou testes, está colocando na roda um dos preceitos mais contraditórios (e preciosos) da internet: sua privacidade.

Será que é possível sair desse jogo ileso, com os dados em segurança? Conversamos com o advogado especialista em Direito Digital e sócio do escritório Patricia Peck Pinheiro Advogados, Leandro Bissoli, que deu um alerta sobre como manter os dados mais seguros na internet.

Testes no Facebook: como afetam sua privacidade

"Com que celebridade você se parece", "Como você seria se fosse do sexo oposto", "Como você estará daqui a 20 anos". Alguns testes de Facebook são muito tentadores para quem só quer se divertir e compartilhar um resultado engraçado ou revelador com os amigos na linha do tempo da rede social.

Acontece que, por trás dessas propostas intencionalmente "clicáveis", empresas desenvolvedoras de aplicativos e jogos estabelecem termos de uso e de privacidade em que o usuário precisa compartilhar seus dados pessoais.

"Alguns aplicativos disponibilizam as condições e até colocam o uso desses dados como um critério para liberar ou não o acesso ao conteúdo", explica o advogado especialista em Direito Digital Leandro Bissoli. 

"O aplicativo é um chamariz justamente para o usuário ceder as informações. Acredito que falta uma cultura de segurança e de não compartilhamento, ao mesmo tempo que é preciso entender que as empresas devem ter regras claras sobre a coleta, o tratamento e o descarte desses dados", avalia.

O mesmo serve para os joguinhos disponíveis nas redes sociais: avalie bem quais são as informações que eles pedem para que você comece a participar da brincadeira.

Como suas informações são usadas

Para as empresas as informações pessoais se tornam valiosas para direcionar publicidade: sabendo de seus interesses e hábitos digitais, é possível usar seus dados para ofertar produtos, sites e outros itens que possam ser vendidos a você, com um perfil de consumidor cada vez mais preciso.

Mas tudo depende do que consta nos termos de uso de cada aplicativo. Em alguns casos, eles podem até usar sua foto sem dar grandes especificações de como farão isso. 

O caso do teste  "Qual Seria A Sua Aparência Se Você Fosse Do Gênero Oposto?", que viralizou nas últimas semanas entre os usuários do Facebook no Brasil, é um exemplo de como esses aplicativos coletam e usam dados. 

O VIX acessou os termos de privacidade da empresa responsável pelo aplicativo, a Kueez, que reforçava coisas como: "Podemos usar o conteúdo carregado por você (incluindo as fotos de você e outras pessoas ligadas ao seu perfil do Facebook) para aparecer como parte integrante dos serviços que oferecemos". 

A empresa também coloca no acordo que pode coletar e usar informações pessoais (como nome, imagem de perfil, identificação fotografias, lista de amigos e e-mail) e não-pessoais (aqueles em que você se torna um perfil, por exemplo, mulher, 28 anos, solteira, com interesses em música, etc).

E mais: sua localização, detalhes do seu computador ou do seu celular, navegador que você está usando para fazer o teste, seu IP (Internet Protocol) e/ou MAC (número atribuído à placa de rede), tudo, tudinho, passa a fazer parte do banco de dados deles.

Uma segunda ameaça ainda coloca o usuário de olho aberto: as corporações que passam a ter posse das nossas informações não estão imunes a ataques e hackers (que, ao acessar os gigantes bancos de dados, têm a mão todo o conteúdo pessoal que publicamos na internet).

Uso de dados e as leis

De acordo com o documento do teste que mostra sua aparência como outro gênero, a empresa segue a legislação de Israel (onde possivelmente tem base operacional). O acordo também estava escrito em inglês.

No Brasil, nós temos o Marco Civil da Internet que, segundo Leandro, dá respaldo ao usuário que queira tirar suas informações deste tipo de banco de dados. "Por estar em Israel, poderia ser mais difícil aplicar a legislação daqui no país estrangeiro. De qualquer forma, se acontece com uma pessoa que acessou do Brasil, há uma aderência maior às regras daqui".

Se a empresa fizer uso indevido de um dado ou não tiver essa regulamentação com transparência ao usuário, pode sofrer com pedidos de retirada de órgãos como o Ministério Público e de defesa do consumidor. 

Ele afirma que o próprio Facebook, que serve de base para aplicativos desse tipo, também deve manter de forma clara suas regras de privacidade. A rede ainda mantém um recurso para que o usuário remova o aplicativo instalado, mas, como reforça em sua política de segurança, entende que o combinado entre o usuário e os aplicativos segue seus próprios termos.

Como o usuário pode se proteger?

De acordo com Leandro, é preciso estar atento e avaliar com critério se vale a pena conceder o uso de seus dados. "É preciso avaliar e parar de clicar de maneira frenética em tudo que está disposto na tela", alerta.

"A grande ideia é fazermos isso sem critério, pois a operação precisa que alguém a mantenha funcionando, e isso é feito pela publicidade. Ela usa nossos dados de maneira organizada dentro da rede social". Será que vale a pena? 

Se você já fez o teste, um cuidado interessante para minimizar dano é deletá-lo de sua lista de aplicativos ativos. 

Vá em Configurações e, então, Aplicativos. Procure pelo nome da empresa responsável por esse teste (ou qualquer outro) e remova da sua conta. A rede social, entretanto, reforça que "[a empresa] ainda pode possuir dados que você compartilhou com eles".

Segurança no celular e na internet

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