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O que muda caso seja confirmado que o coronavírus pode ser transmitido pelo ar?

Publicado 17 Jul 2020 – 03:34 PM EDT | Atualizado 17 Jul 2020 – 03:34 PM EDT
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Contrariando as orientações de grandes órgãos de saúde dadas desde o início da pandemia do novo coronavírus, houve, recentemente, um aumento das discussões entre cientistas sobre a possibilidade de se pegar COVID-19 pelo ar – e, caso seja confirmado que isso realmente ocorre com mais frequência do que se imagina, alguns detalhes das recomendações para prevenir a transmissão podem mudar.

Evidências de transmissão da COVID-19 pelo ar

Desde que o SARS-CoV-2 começou a se espalhar pelo mundo, grandes instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) afirmam que a transmissão do vírus se dá pelo contato próximo com secreções e gotículas contaminadas emitidas por pessoas infectadas em espirros, tosses e até na fala. Recentemente, porém, a comunidade científica pediu que isso seja revisto.

Em uma carta aberta publicada em um periódico sobre doenças infecciosas da Universidade de Oxford, cientistas afirmaram nas últimas semanas que há muitos indícios de que, além da transmissão por contato próximo com estas gotículas, é possível que algumas partículas, por serem muito menores, viajem pelo ambiente e se mantenham suspensas no ar durante horas.

Segundo Ingrid Cotta, infectologista da BP, a Beneficência Portuguesa de São Paulo, isso significa que, em determinados ambientes, seria possível contrair o SARS-CoV-2 pelo ar mesmo sem estar perto de uma pessoa que espirrou, tossiu ou falou sem usar máscaras de proteção – e, a pedido da comunidade científica, a própria OMS reconheceu esta possibilidade após a publicação da carta.

Conforme informou Benedetta Allegranzi, líder técnica de Prevenção e Controle de Infecções, em uma coletiva de imprensa recente, o órgão admitiu que há evidências, e enfatizou que elas precisam ser melhor avaliadas. “Nós acreditamos que precisamos estar abertos a estas evidências e entender as implicações delas com relação aos modos de transmissão e também com relação às precauções que devem ser tomadas”, disse.

Locais de risco

De acordo com Ingrid, esse tipo de transmissão que não requer tanta proximidade com uma pessoa infectada se dá por meio de aerossóis, ou seja, partículas realmente muito pequenas que são emitidas na fala, nos espirros e na tosse. Isso, conforme explica, tende a ser mais provável em ambientes bastante fechados, cheios, com ventilação precária ou hospitalares, onde há grande concentração de pessoas contaminadas pelo vírus.

Sendo assim, mercados pequenos, cheios e mal ventilados, bem como eventos que geram aglomeração em locais fechados e hospitais ou outros estabelecimentos relacionados à saúde estão na lista dos mais sujeitos a apresentar transmissão via aerossóis.

O que pode mudar nas orientações de prevenção?

Caso estudos passem a mostrar que este tipo de transmissão é mais frequente do que se imaginava anteriormente, a infectologista afirma que algumas medidas de precaução podem ser revistas. “O que pode vir a ser recomendado é um maior distanciamento físico entre as pessoas e maior ventilação nos ambientes fechados”, afirma ela. Atualmente, a OMS aconselha manter 1 metro de distância de outras pessoas.

Na carta dirigida à OMS e ao CDC, os cientistas responsáveis pelo alerta recomendam o mesmo, especialmente em edifícios públicos, locais de trabalho, escolas, hospitais e casas de repouso. Segundo eles, o ideal é que haja um bom sistema de ventilação com exaustores, e que se evite a superlotação em determinados espaços como transporte público e edifícios.

Para Ingrid, medidas que já estão vigentes – como a recomendação para uso de máscaras em locais públicos e de uso de equipamentos de proteção individual por médicos durante procedimentos de risco em hospitais – são bastante efetivas mesmo levando em consideração a possibilidade da transmissão pelo ar e, segundo ela, o principal ainda é seguir evitando aglomerações.

Saúde

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