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Quais cuidados específicos é preciso ter com bebês e crianças contra o novo coronavírus?

Publicado 26 Mar 2020 – 12:25 PM EDT | Atualizado 26 Mar 2020 – 12:25 PM EDT
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A infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) não se restringe a pacientes adultos ou idosos. Os mais jovens também estão vulneráveis à COVID-19 e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), há registros de mortes pelo vírus entre crianças.

Por isso, pais e demais adultos devem ficar atentos aos sintomas que os pequenos podem apresentar como sinais da COVID-19 e também devem ter olhares redobrados quanto aos cuidados para que a prevenção ao Sars-CoV-2 seja cumprida de maneira efetiva.

Novo coronavírus atinge crianças

Embora a faixa etária acima de 60 anos e pessoas com doenças pré-existentes sejam o grupo populacional mais vulnerável à COVID-19, isso não significa que outros estejam imunes.

Há casos de crianças e bebês infectados e inclusive mortes entre esta população. O indivíduo mais novo a ser diagnosticado com o novo coronavírus foi um recém-nascido, 19 minutos após o nascimento.

Sintomas da COVID-19 em crianças

A COVID-19 é uma doença que atinge preferencialmente o trato respiratório, mas que também pode agir em outras regiões do corpo, como os sistema digestivo, células renais e cardíacas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os principais sintomas do coronavírus são três: febre (acima de 37,8 °C), fadiga e tosse seca.

Patrícia Rezende, pediatra do grupo Prontobaby, explica que, no caso de crianças, os sintomas que predominam são febre, tosse e dor abdominal. “Os quadros em crianças costumam ser mais leves”, diz.

Para ajudar no diagnóstico de COVID-19, uma das estratégias usadas são os exames de imagem além dos clínicos. “Às vezes o raio-x mostra um resultado normal. Então, fazemos uma tomografia que revela alteração característica para a doença”, diz a pediatra.

Crianças podem ter quadros graves de COVID-19

O fato de crianças apresentarem, em sua maioria, casos de COVID-19 leve não descarta a possibilidade de terem quadros moderado e graves, caracterizados pela falta de ar e até mesmo insuficiência respiratória.

A pediatra explica que quadros graves em crianças não se desenvolvem apenas naquelas que apresentam fatores de risco (como diabetes e doenças cardíacas), mas também nas que têm, por exemplo, asma ou doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).

“Claro que comorbidades são fatores de risco para quadros graves de COVID-19. Mas não quer dizer que crianças sem comorbidades não vão ter casos graves”, dalerta.

Higienização da casa e brinquedos contra COVID-19

Alguns cuidados dentro da própria casa são eficazes para ajudar a combater o novo coronavírus. Um deles é a higienização dos brinquedos, já que o manuseio dos objetos por mãos possivelmente contaminadas pode levar à transmissão do vírus para o corpo da criança.

Patrícia recomenda que a higienização dos brinquedos seja feita com álcool 70% ou com água e sabão, diariamente.

Quanto ao chão e superfícies da casa, como maçanetas, cadeiras, mesas, entre outras, a limpeza pode feita com água sanitária ou qualquer desinfetante. A ideia não é só proteger a criança, mas também os adultos que manuseiam essas superfícies. A higienização ajuda a destruir o Sars-CoV-2 e romper a cadeia de transmissão do vírus.

Posso usar cloro contra a COVID-19?

Uma dica da pediatra é o uso da água sanitária em vez do cloro puro, como disse recentemente o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

“Não recomendo a manipulação do cloro puro porque é muito tóxico, então devemos dar preferência à água sanitária”, explicou a pediatra.

A água sanitária é recomendada para limpar privada, piso e demais locais - e chega a ser mais indicada do que o álcool líquido. “Água sanitária mata tudo o que tem ali e não pega fogo”, disse Mandetta.

Crianças que colocam tudo na boca: como prevenir a COVID-19

Não é raro ver cenas em que crianças estão com brinquedos, a mão ou outro objeto desconhecido na boca. É praticamente inevitável que elas repitam este gesto.

A estratégia apontada por Patrícia para proteger os pequeno que estão na fase de colocar tudo na boca é adotar a higienização constante de suas mãos, brinquedos e superfícies de fácil contato da criança.

Suspeita de coronavírus em criança ou bebê: quando levar ao hospital?

A recomendação da pediatra aos pais é ficar atento aos sintomas dos filhos - principalmente em crianças abaixo de 2 anos, pois nesta faixa etária a criança ainda não consegue transmitir o que sente muito bem.

Até pela dificuldade de entender os sintomas de uma criança, um quadro em pacientes pequenos pode ser compreendido como um quadro clínico diferente do visto em em adultos, comenta Patrícia.

Por isso, a indicação é que o adulto fique atento caso a criança tenha tosse, febre, dor de cabeça e dor no corpo (musculares e nas articulações). Neste caso, a recomendação é que os pais se encaminhem com a criança para uma consulta com o pediatra.

A visita ao hospital deve acontecer quando a criança começar a sentir falta de ar ou dificuldades para respirar.

Isolamento de crianças é necessário?

Para manter a segurança das crianças e bebês durante a pandemia de Sars-CoV-2, muitas delas estão em casa.

Ao redor do mundo, 1,37 bilhão de estudantes deixaram de frequentar a escola (fisicamente) momentaneamente por adotarem o isolamento em 138 países, segundo dados da UNESCO.

Atualmente se fala sobre a necessidade de isolar ou não crianças contra o novo coronavírus. Fala-se também do chamado isolamento vertical, em que apenas um grupo, os idosos, teriam sua mobilidade restringida, por apresentarem maior taxa de mortalidade diante do vírus.

De acordo com Claudio Roberto Gonsalez, infectologista do Insituto Emilio Ribas, a o isolamento vertical não é eficaz e não é possível apenas os idosos durante uma pandemia, já que eles dependem de serviços e do mínimo contato com pessoas não isoladas para se manterem - por exemplo, para receber itens de mercado e farmácia, isso sem falar de quem necessita de cuidadores.

Além disso, é necessário que pessoas de outras faixas etárias, como crianças, permaneçam em casa para que a cadeia de transmissão seja a menor possível.

“A ideia do isolamento é distanciar pessoa doentes das que estão suscetíveis ao vírus, especialmente as de maior risco. Quando fazemos isso, a epidemia não vai deixar de circular completamente, porque é impossível zerar as interações. Mas o número de casos vai ser menor, assim como o pico, e não sobrecarregamos o nosso sistema de saúde”, diz infectologista João Prats, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

E quanto às alternativas para driblar o distanciamento de colegas, familiares e, principalmente, avós, que são tão amados, uma dica é apostar em aplicativos de videochamada com vários participantes ao mesmo tempo.

Tratamento para COVID-19 em crianças

Atualmente, o tratamento para crianças e bebês com COVID-19 é o mesmo feito em adultos.

Os cuidados incluem oferta suplementar de oxigênio nos casos necessários e administração de medicamentos para alívio dos sintomas despontados pela doença.

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