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5 características típicas de quem está com compulsão alimentar, segundo médica

Publicado 12 Mar 2020 – 09:49 AM EDT | Atualizado 12 Mar 2020 – 09:49 AM EDT
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Comer, comer, comer e comer… Apesar de não existir a sensação de fome, a vontade de comer permanece. O cenário descrito pode parecer um caso de gula, mas também é um dos sinais mais comuns da chamada compulsão alimentar. Mas não é o único.

Segundo a endocrinologista Maria Teresa Zanella, professora titular de Endocrinologia na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), outros sintomas caracterizam o quadro e podem facilitar a identificação do distúrbio alimentar.

Compulsão alimentar: entenda o que é

De acordo com Maria Tereza, o episódio de compulsão alimentar ( binge eating) acontece quando uma pessoa ingere uma quantidade maior de alimentos em um intervalo de tempo considerado curto (por exemplo, cerca de duas horas) do que a maioria dos indivíduos costuma fazer no mesmo período.

"Durante os episódios, os pacientes sentem que não têm controle sobre a alimentação. Eles sentem que não conseguem parar de comer ou controlar a quantidade de alimentos ou o que estão comendo", diz a médica.

A perda de controle somada ao sentimento de culpa, segundo a endocrinologista, é uma característica essencial da compulsão.

Mas, além do episódio esporádico, é possível que a pessoa apresente o transtorno da compulsão alimentar - um quadro que atinge principalmente a população obesa, embora também esteja presente em pessoas de peso normal.

Transtorno da compulsão alimentar: sinais

Para o diagnóstico do transtorno da compulsão alimentar, é necessário que pelo menos três dos seguintes itens sejam observados uma vez por semana durante um período mínimo de três meses:

  1. Ingerir grandes quantidades de comida mesmo quando não há fome física;
  2. Comer muito em um período de duas horas, com uma sensação de falta de controle sobre a alimentação (um sentimento de que não se pode parar de comer ou controlar o que ou quanto se come);
  3. Comer muito mais rápido do que o normal;
  4. Comer até sentir-se desconfortavelmente cheio;
  5. Comer sozinho por se sentir constrangido, envergonhado, deprimido ou muito culpado depois.

A médica ainda diz que, geralmente, o distúrbio é acompanhado de sentimentos de desconforto físico, angústia, vergonha e, principalmente, culpa após a ingestão de alimentos. O diagnóstico também não é fácil. "O transtorno da compulsão alimentar periódica pode ser difícil de detectar porque os pacientes geralmente sentem vergonha. A presença do distúrbio é sugerida quando se verifica uma insatisfação com o corpo, particularmente com peso maior que o esperado associado a grandes flutuações de peso e sintomas depressivos."

Obesidade e compulsão alimentar

A população obesa é a mais afetada pelo transtorno da compulsão alimentar. Segundo Maria Tereza, uma das razões para isso é que, em alguns casos, a compulsão tem causas que podem levar à obesidade, como os distúrbios do próprio organismo que comprometem o mecanismo de fome e saciedade.

Outro fator que explica esta relação é a existência de pressões sociais, que levam a pessoa obesa a procurar dietas restritivas e outros métodos para uma uma rápida perda de peso, podendo ocasionar quadros de compulsão e o famoso "efeito sanfona".

“Ocorrem alterações no comportamento que indicam maior risco de desenvolver o transtorno da compulsão alimentar, sendo a falta de controle na ingestão de alguns alimentos uma das principais.”

Comer demais nem sempre é compulsão alimentar

É importante salientar que comer demais de forma isolada, a chamada hiperfagia, pode acontecer por diferentes motivos que não têm a ver com a compulsão alimentar.

Uma das razões pode ser o simples fato de que muitas pessoas sentem mais fome do que o padrão - o que acaba causando impacto frente aos demais indivíduos.

A bulimia nervosa também pode ser confundida com o transtorno de compulsão alimentar. Porém, a diferença entre os dois distúrbios alimentares é que, enquanto a bulimia se vale de episódios de hiperfagia associada a comportamentos compensatórios inadequados para evitar ganho de peso (uso de laxantes e diuréticos, expurgo (vômito), prática de atividade física excessiva, etc.), o transtorno de compulsão alimentar não.

Quadros ligados à saúde mental, como fobia social, depressão, estresse pós-traumático, baixa autoestima, abuso ou dependência de álcool e outras substâncias, também podem se manifestar por meio da compulsão alimentar.

Diagnóstico da compulsão alimentar é importante

Por isso, é importante saber reconhecer e diferenciar os sinais de um transtorno de compulsão alimentar de outros quadros de saúde - sempre com a ajuda e com a avaliação de um profissional de saúde.

Afinal, indivíduos com este histórico correm um risco aumentado de desenvolver vários tipos de distúrbios incluindo dor crônica, diabetes mellitus, hipertensão e obesidade, que, por sua vez, predispõe também problemas ortopédicos.

"Além disso, em pessoas obesas que estão em tratamento, os episódios de comer exageradamente que caracterizam o transtorno atrapalham o processo de emagrecimento. Em pessoas submetidas à cirurgia bariátrica, episódios de compulsão alimentar se associam à maior probabilidade de recuperação de peso, que pode chegar a 50% do peso máximo perdido após a cirurgia."

Existe tratamento para compulsão alimentar?

Sim. O tratamento para a compulsão é multidisciplinar e envolve acompanhamento de psicólogo, psiquiatra, endocrinologista e nutricionista.

Em alguns casos, Maria Teresa explica que pode ser necessário o uso de medicamentos para o alívio dos sintomas.

“O uso de medicamentos pode ser necessário para tratamento da ansiedade, da depressão, da compulsão alimentar e mesmo para o menor consumo de alimentos, o que deve ser sempre orientado por médicos."

Tem uma dúvida de saúde? Envie para vixresponde@vix.com e ela poderá ser respondida por um especialista em nossa nova coluna: VIX Responde.

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