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Samara Felippo diz que forçar xixi foi uma das causas de infecção nos rins: faz mal?

Publicado 24 Jan 2020 – 04:41 PM EST | Atualizado 24 Jan 2020 – 04:41 PM EST
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Recentemente, a atriz Samara Felippo revelou aos seguidores que teve de ficar três dias internada devido a uma pielonefrite, infecção no trato urinário que também afeta aos rins. Em um vídeo, ela afirmou que o problema surgiu graças a hábitos como tomar pouca água, segurar a urina ou forçar o xixi - e embora algumas das coisas citadas por ela façam sentido do ponto de vista médico, outras não requerem preocupação.

Samara Felippo teve pielonefrite

Conforme contou a atriz, os sintomas da pielonefrite começaram com uma cólica que ela presumiu ser apenas menstrual. O quadro, no entanto, não demorou para evoluir. “Começou a doer, aí doeu mais aqui perto do baço, no dia seguinte eu acordei com calafrio, o corpo começa a tremer, fica todo arrepiado, tive dor na lombar, muito forte, dor de cabeça, mal-estar”, listou.

Preocupada, ela buscou atendimento médico imaginando que seria apenas medicada com algo para as dores, mas acabou sendo internada devido à infecção. “Fiquei três dias internada tendo crises de tremedeira porque chegou a alcançar o rim”, relatou Samara, afirmando que quis compartilhar a experiência para alertar outras mulheres sobre hábitos que possibilitam o problema.

Segundo ela, o quadro foi causado por coisas que ela sempre fez (ou deixou de fazer) sem imaginar que poderiam fazer tão mal. “É uma coisa que estou colhendo a longo prazo por causa dos maus cuidados comigo mesma”, disse ela, citando, por exemplo, a preguiça que tem de tomar água e de ir ao banheiro quando sente vontade de fazer xixi.

Pielonefrite: o que é

Conforme explica o urologista Flávio Iizuka, a pielonefrite é uma infecção bacteriana que ocorre em um ou em ambos os rins, gerando sintomas bem intensos. "Ela se manifesta com dor nas costas, uma dor forte, febre alta e com calafrios", afirma, explicando que a diferença entre esta infecção e uma cistite comum está na área afetada e nos sintomas.

Enquanto a cistite é uma infecção urinária baixa - ou seja, não afeta os rins -, a pielonefrite é uma infecção urinária alta, e elas se manifestam de formas diferentes. "A cistite dá ardência ao fazer xixi, vontade de urinar toda hora, sensação de que não esvazia muito a bexiga e às vezes sangue na urina. O que marca a pielonefrite é a febre alta, calafrios, dor nas costas e queda do estado geral, a pessoa não sai da cama", afirma.

O urologista explica também que a pielonefrite pode ser causada inclusive por uma infecção urinária baixa que não foi devidamente tratada, e que algumas pessoas têm mais facilidade de desenvolver o problema. Segundo ele, a baixa imunidade, o acúmulo de açúcar na urina causado pelo diabetes desregulado, prisão de ventre recorrente e a candidíase vaginal são fatores que favorecem o surgimento da infecção nos rins.

O diagnóstico do problema é feito, em geral, a partir de exames de urina e de sangue. Quando há suspeitas de infecção renal, também é possível que o médico peça exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia.

Causas

Assim como ocorre com a infecção urinária baixa, a pielonefrite pode ser causada por uma série de fatores - e, enquanto alguns dos hábitos citados pela atriz realmente favorecem o surgimento da infecção, outros são inofensivos. No relato, Samara destacou o ato de segurar o xixi e de beber pouca água, e Iizuka confirma que estes são alguns dos principais causadores do problema.

"Recomenda-se que se beba dois litros de água por dia para você ter um bom volume de urina, e isso faz parte do sistema de defesa do trato urinário, porque quando você faz bastante xixi, não dá tempo para a bactéria ficar na bexiga. O importante é fazer xixi a cada quatro horas pelo menos, e não segurar mais do que isso", explica o médico.

Outra dica que ela deu no vídeo é a de não ter preguiça de fazer xixi após ter relações sexuais - e, segundo o especialista, este também é um hábito arriscado. Isso porque, durante o sexo, é possível que a região íntima tenha microlesões, e fazer xixi depois de transar previne infecções ao "lavar" a uretra e evitar, assim, que bactérias presentes na região causem problemas.

Forçar o xixi e urinar em pé causa pielonefrite?

Em meio a suas dicas, Samara aconselhou que mulheres não forcem o xixi para que saia mais rápido nem façam "malabarismos" para fazer urinar em pé, evitando o contato com o vaso sanitário de banheiros públicos, afirmando que estes hábitos contribuem para o surgimento da pielonefrite. Iizuka, no entanto, afirma que isso é apenas um mito.

Segundo o urologista, o ato de forçar o xixi não é algo arriscado. Isso pode, na realidade, ser sintoma de um problema quando a pessoa não consegue urinar sem fazer essa força. "Uma pessoa que está com a próstata aumentada ou tem uma obstrução no trato urinário às vezes precisa forçar para conseguir urinar. Isso não cria riscos, mas pode indicar um problema oculto", esclarece.

Conforme explica, a posição em que se faz xixi não compromete em nada a saúde do sistema urinário - mas situações de pressa como as citadas pela atriz podem ser arriscadas caso a pessoa, por conta disso, não faça uma higiene adequada no local. "O que traz riscos é a pessoa se limpar trazendo bactérias que ficam na região anal para a região da uretra", diz.

Bidê e ducha favorecem infecções?

Ao falar sobre o problema, Samara disse estar pesquisando sobre higiene com bidês e duchas, e afirmou ter visto informações sobre essa técnica ser arriscada. Conforme explica o médico, os riscos realmente existem, e tudo depende da forma como a pessoa faz essa limpeza. "Se a pessoa estiver com o intestino solto, pode jogar fragmentos de fezes na região da vagina", afirma ele.

Para não facilitar o surgimento de um problema, quem é adepto dessas técnicas deve fazer a limpeza "de frente para trás", assim como ao se limpar com um papel.

Sintomas e riscos

Em geral, a pielonefrite se manifesta com febre, dor na lombar, dores na região dos rins, calafrios, náuseas, vômitos e desconforto ou ardência para urinar. Em alguns casos, a dor pode ser semelhante à de uma cólica renal causada pela presença de cálculos nos órgãos. A intensidade da infecção, porém, vai depender do tipo de bactéria e da imunidade do paciente.

Caso a pessoa esteja debilitada ou contraia uma bactéria muito agressiva, há riscos de a pielonefrite causar morte em um curto período de tempo, mas se o organismo dela estiver saudável de forma geral, é possível que o problema se manifeste de forma menos intensa.

Tratamento e prevenção

O tratamento da pielonefrite é feito tanto com antibióticos que agem sobre a bactéria quanto com medicamentos que amenizam os sintomas (como a febre e as dores). Devido à possível gravidade do problema, porém, é comum que o paciente fique internado por ao menos 48 horas para se fazer o controle da infecção e evitar que ela se espalhe pelo corpo através da corrente sanguínea.

Mesmo após sair do hospital, porém, o tratamento continua por um período de 14 a 21 dias, e é indicado que o paciente repouse durante uma ou duas semanas, evitando esforços que causam fadiga e, por consequência, debilitam o organismo. Ao fim do tratamento, é necessário refazer os exames para saber se o problema foi mesmo resolvido, prevenindo assim uma recaída e uma infecção recorrente.

Enquanto isso, a prevenção se dá a partir de bons hábitos - como beber uma boa quantidade de água, não segurar o xixi e não forçar a bexiga na hora de urinar, bem como manter uma boa alimentação para evitar uma baixa na imunidade. Além disso, também é importante tomar bastante cuidado com a higiene, efetuando-a da forma correta.

Em primeiro lugar, é importante passar o papel higiênico ou utilizar o chuveirinho “de frente para trás”, ou seja, na direção da vulva para o ânus, e nunca ao contrário para evitar trazer bactérias presentes nas fezes para o trato urinário. Além disso, Iizuka também aconselha controlar o diabetes, urinar após o sexo, e evitar tanto roupas íntimas que não são de algodão quanto ficar com roupas molhadas por muito tempo (já que isso facilita a ocorrência de candidíase).

Tem uma dúvida de saúde? Envie para vixresponde@vix.com e ela poderá ser respondida por um especialista em nossa nova coluna: VIX Responde.

Infecção urinária e doenças renais

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