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Você pode ficar doente por sentir compaixão de outras pessoas e até animais: entenda

Publicado 20 Jul 2018 – 04:28 PM EDT | Atualizado 20 Jul 2018 – 04:30 PM EDT
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Você é daquelas pessoas que não suportam ver um animal abandonado na rua que morrem de dó? Ou então se envolvem tanto com os problemas de pessoas próximas que acabam sentindo efeitos negativos no próprio bem-estar?

Pois saiba que a compaixão, por mais nobre sentimento que seja, pode ser prejudicial quando ocorre em excesso e até mesmo desencadear problemas emocionais e físicos em quem a sente. Um deles é a chamada fadiga por compaixão.

O que é a fadiga por compaixão

A condição é definida como o processo de exaustão física e mental devido ao estresse constante provocado pela compaixão e pelo custo empático do indivíduo. É conhecida por acometer profissionais como veterinários e médicos, que lidam a todo tempo com a aflição dos pacientes.

“Ela surge com a forte demanda do sofrimento alheio”, explica o psicólogo Valdecy Carneiro, especialista em medicina comportamental e hipnoterapeuta.

Como identificar o quadro?

A fadiga por compaixão surge quando o profissional encontra-se impossibilitado de lidar de forma saudável com os sentimentos negativos que sobressaem no dia a dia do ofício.

Este quadro de saúde mental está relacionado, principalmente, à frustração profissional do indivíduo em não conseguir solucionar o sofrimento de pessoas (ou mesmo animais) que fazem parte de seu cotidiano. “Ter que lidar com a impotência de resolver a dor do outro gera grande estresse”, explica Wanessa Moreira, orientadora pessoal e psicóloga transpessoal.

Consequentemente, este trabalhador passa a ter respostas somáticas ou defensivas em relação ao trabalho.

Quem pode ter?

Em resumo, são profissionais que lidam com o sofrimento contante de outras pessoas e que se sentem incapacitados de provocar mudanças na vida deste público que passa por apuros.

Os acadêmicos Kennyston Lago e Wanderley Codo, da Universidade de Brasília, contam, em artigo publicado sobre a fadiga por compaixão, que o quadro atinge principalmente médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais e psicólogos.

Não é raro, também, verificar sintomas da fadiga por compaixão em bombeiros, policiais e seguranças. “Vê-se muito em pessoas que precisam lidar com o público. Imagine-se em uma emergência de hospital e vendo uma pessoa morrer. Para você, isto é único. Mas, para um profissional que lida com isso, imagine quantas vezes ele viu a cena”, diz Valdecyr Carneiro. “Por isso, ele cria um mecanismo para se proteger, para não se se contaminar.”

Professores e outros profissionais da educação também estão sujeitos à fadiga por compaixão. “É muito frequente professores apresentarem sintomas devido à dificuldade das crianças, principalmente pelo estado emocional dos alunos e da história que eles vivem em casa, suas dificuldades familiares”, explica Wanessa Moreira.

Sintomas da fadiga por compaixão

Os sintomas comuns de pessoas que apresentam a fadiga por compaixão são frustração, baixa autoestima, desânimo, descontrole da alimentação e excesso de sono.

“O estresse gerado pela frustração e a falta de vontade de trabalhar sem o resultado esperado acabam trazendo um cansaço extremo, dores pelo corpo e sensação de incapacidade”, diz Wanessa.

Fadiga por compaixão e a síndrome de burnout

A relação entre a fadiga por compaixão e a síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento profissional, ainda é controversa na literatura existente sobre os dois assuntos.

Há especialistas que defendem que a fadiga é um estágio avançado do burnout, outros consideram que as duas condições são fenômenos únicos e, por último, há quem caracterize a burnout como uma dimensão da fadiga por compaixão.

O que é fato é que os dois quadros de saúde mental estão relacionados. “A síndrome de bournout sinaliza o esgotamento e fadiga que as pessoas apresentam no trabalho. A diferença é que, no caso da fadiga por compaixão, o motivo que desencadeia o sintoma é a empatia”, explica Wanessa.

Como tratar a fadiga por compaixão

Técnicas que ajudam a trabalhar a mente, como a meditação, a auto-hipnose e psicoterapias, podem ser alternativas para quem apresenta sinais de fadiga por compaixão.

“O que ainda pode auxiliar é um trabalho emocional no local de trabalho. Um treinamento trazendo conceitos onde cada um atua dando o seu melhor, e que cada um tem o seu papel e o seu lugar. Não podemos viver a história do outro”, lembra Wanessa.

Como ter melhor saúde mental

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