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Por que médicos se revoltaram contra cena exibida em “O Outro Lado do Paraíso”?

Publicado 24 Nov 2017 – 02:22 PM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:20 AM EDT
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A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) repudiou a cena da novela "O Outro Lado do Paraíso", da TV Globo, em que a protagonista Clara (Bianca Bin) é torturada com uma máquina de eletrochoque após ser internada involuntariamente em um hospital psiquiátrico. 

Segundo a nota de posicionamento, a trama tratou a eletroconvulsoterapia - termo correto do tratamento - de maneira estigmatizada e preconceituosa. Entenda:

Cena de terapia de choque em "O Outro Lado do Paraíso"

No capítulo de 21 de novembro, a personagem Clara foi internada em um hospital psiquiátrico pela sogra, Sophia (Marieta Severo), após sofrer um golpe que a fez ser erroneamente diagnosticada com esquizofrenia paranoide, transtorno que causa mudanças na percepção da realidade e discernimento.

Ao descobrir a armação, a protagonista se descontrola e é carregada até uma maca: sem preparo adequado ou anestesia, é imobilizada enquanto eletrodos conectados à sua cabeça disparam choques elétricos.

A ABP alegou que a eletroconvulsoterapia (ECT) é bem diferente do que foi mostrado na trama, visto que o procedimento passou por modificações que o humanizaram e abandonaram o caráter de tortura e punição que tinha antigamente.

A cena da novela é ambientada 10 anos atrás, época em que, segundo a ABP, o procedimento já havia sido revisto e regulamentado no Brasil.

Como é a eletroconvulsoterapia hoje?

Atualmente, a terapia leva 30 segundos é feita em ambiente hospitalar, sob anestesia e com monitoramento do cérebro e coração.

Ainda por cima, podem ser usados relaxantes musculares que fazem com que o cérebro convulsione, mas o corpo não, fazendo com que o ataque só seja percebido pelo exame de eletroencefalograma.

Regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 2002, o procedimento é amparado por uma equipe formada por médico, anestesista e enfermeiro, usa corrente elétrica leve e ocorre apenas com autorização do indivíduo.

Para que serve?

Segundo o psiquiatra João Armando, coordenador do serviço de eletroconvulsoterapia do Instituto Castro e Santos, induzir uma convulsão gera um mecanismo anticonvulsivo que regula a química do cérebro - a qual fica anormal em diversos distúrbios - em ação semelhante a dos antidepressivos.

O tratamento é voltado a pacientes com depressão grave e esquizofrenia, quadros que não melhoram com medicamentos ou em pessoas que não podem tomar medicamentos psiquiátricos, como grávidas e lactantes.

Efeitos colaterais e riscos

Como há anestesia, o paciente não sente dor ou se lembra da sessão, mas podem surgir efeitos colaterais como falta de memória transitória.

O tratamento é contraindicado para pessoas com problemas do coração, tumores, aneurismas ou doenças pulmonares graves, porque pode causar ataque cardíaco.

História de "O Outro Lado do Paraíso"

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