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Eletroconvulsoterapia: tratamento mudou muito e hoje alivia depressão e bipolaridade

Publicado 6 Out 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 03:04 PM EDT
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Apesar de estar rodeada de estigmas, a eletroconvulsoterapia ( ECT) mudou muito desde antigamente e hoje é capaz de tratar e até mesmo curar casos graves de depressão, bipolaridade, esquizofrenia e outros transtornos. 

O que é?

Eletroconvulsoterapia é um procedimento reconhecido, autorizado e regulamentado pelo Conselho Federal de Medicina que consiste na aplicação de estímulos elétricos a fim de gerar crises convulsivas no cérebro.

Apesar de parecer agressivo, o tratamento não dói e é bem diferente dos choques dados antigamente.

Eletroconvulsoterapia x eletrochoque: o que muda?

" Eletrochoque é um nome antigo que hoje é substituído por eletroconvulsoterapia, já que a base do tratamento não é a eletricidade e sim a convulsão", explica o psiquiatra João Armando, coordenador do serviço de eletroconvulsoterapia do Instituto Castro e Santos.

O eletrochoque foi considerado um dos métodos psiquiátricos mais controversos que já existiu, visto que a técnica, abuso e falta de informação ligaram o procedimento à tortura e à punição.

Desde então, o procedimento passou por modificações que o tornaram adequado e humanizado. "As mudanças tornaram o procedimento seguro. Elas incluem o uso de relaxante muscular que faz com que o cérebro convulsione, mas o corpo não. Então, a convulsão só é percebida pelo exame eletroencefalograma.", esclarece o médico.

Outras mudanças, como a obrigação de monitoramentos cerebral e cardíaco, o uso de anestesia e a aplicação de pulsos breves que reduzem o efeito elétrico, deixaram o procedimento mais seguro.

Traz benefícios?

A ideia de que convulsões podem amenizar transtornos psiquiátricos como depressão e esquizofrenia surgiu na década de 1930.

O fator responsável pela melhoria é o mecanismo anticonvulsivo que causa alterações na química do cérebro que melhoram diversos distúrbios, agindo de forma parecida com os antidepressivos.

Quem deve fazer?

ECT é voltado para pessoas com distúrbios como depressão, bipolaridade, esquizofrenia, catatonia e epilepsia de difícil controle.

ECT para depressão

Um dos usos mais frequentes é para depressão grave, especialmente em pessoas que tenham ideações suicidas e alucinações auditivas, já que a técnica ajuda a regular os níveis de neurotransmissores que ficam desregulados na doença.

Como é feito? Dói?

O procedimento é inteiramente acompanhado por familiares ou amigos.

Primeiro, o paciente recebe um anestésico para dormir e só então um relaxante muscular. Em um ambiente amparado de equipamentos para suportar quaisquer intercorrências, são disparadas correntes elétricas curtas por dois eletrodos no crânio.

Elas causam convulsões, as quais são percebidas somente pelo monitoramento da atividade cerebral, visto que o corpo não é afetado. Dez minutos após a sessão, o paciente acorda sem se lembrar do ocorrido, como em uma endoscopia, e fica em observação por 30 minutos, sendo liberado para ir para casa depois disso.

A terapia inclui 10 a 20 sessões que não causam dor e nem contrações musculares. Já a melhora dos sintomas psiquiátricos ocorre logo nas primeiras semanas. 

Malefícios e riscos

Assim como todo procedimento, há efeitos colaterais e riscos. "O paciente pode ter prejuízo cognitivo transitório, como falta de memória. Porém, esse efeito costuma passar em até 1 mês após o fim das sessões", explica o psiquiatra João Armando.

Também há um risco pequeno de ataque cardíaco, o que faz com que o tratamento seja contraindicado para pessoas com problemas do coração, infarto ou AVC recentes, doenças pulmonares graves, aneurisma, aumento da pressão do líquido cerebral ou tumores.

Tratamentos para transtornos psiquiátricos

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