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É possível curar depressão sozinho? Médico e paciente respondem e dividem experiências

Publicado 16 Mar 2017 – 03:00 AM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão limita a vida de mais de 350 milhões de pessoas ao redor de todo o mundo. Os sintomas do acometimento variam amplamente, mas, em muitos casos, ela chega a impedir atividades simples, como trabalhar e conviver socialmente.

Enquanto a recomendação dos especialistas é fazer um tratamento completo, com acompanhamento com psiquiatra e psicólogo, existem muitas pessoas que buscam sair da depressão sozinho, principalmente em casos em que é difícil encontrar forças para buscar ajuda.

Conversamos com psiquiatras e gente que passou por esse processo para entender melhor o tratamento da depressão e até que ponto cuidar do transtorno sozinho é indicado. 

Curar depressão sozinho: quando dá certo?

O que dizem os médicos

A psiquiatra e terapeuta Hebe de Moura explica que, dependendo do grau de acometimento, é possível melhorar sem tratamentos médicos.

"Há quem consiga  superar a depressão sozinho a partir de mudanças de pensamentos e atitudes, ou seja, reavaliando como encara a vida, superando mágoas e se recuperando de perdas que desencadearam os sintomas", explica.

No entanto, é impossível prever se o quadro será revertido dessa maneira e, enquanto a dúvida permanece, pode haver consequências desastrosas, como o agravamento da depressão e até o suicídio. 

O que diz quem já passou por isso

No caso da estudante de Educação Física Vanessa Haas, que se curou espontaneamente da depressão, foram as atividades físicas que tiveram papel fundamental na recuperação.

"Eu e minha família nos mudamos para outra cidade e pouco depois meu pai faleceu e minha mãe teve um AVC. Como sou filha única, fiquei muito sozinha. Fui diagnosticada com depressão e me receitaram fluoxetina [remédio que melhora o humor por meio do aumento da serotonina], mas eu não quis tomar", conta.

Durante a depressão, Vanessa engordou mais de 50 quilos. Os esportes surgiram, então, como uma forma de emagrecer, mas acabaram sendo muito mais que isso.

 "Além de emagrecer, a  corrida agiu como um antidepressivo que melhorou e me fez sair do quadro de depressão. Tanto que eu virei atleta e até hoje saio para correr quando fico triste".

Altos e baixos do processo solitário de cura

De acordo com a psiquiatra, pessoas com quadros de depressão leve podem se reerguer sozinhas, mas o auxílio médico torna o processo mais fácil e reduz os danos causados pela doença, como perda de relacionamentos, compromissos e oportunidades.

É exatamente o caso de Vanessa, que sofreu oscilações no processo de cura: "Como eu me curei sem medicamentos, tive altos e baixos".

Contudo, os quadros mais graves devem ser tratados com urgência, visto que há desequilíbrio orgânico, e sempre necessitam de atendimento clínico. Além disso, apenas um médico saberá identificar o tipo de depressão que a pessoa sofre e avaliar o melhor tratamento.

Chances de volta da depressão

De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, quem sofreu um episódio depressivo tem 50% de chance de ter um segundo, o que ressalta a importância do acompanhamento médico e do uso de medicamentos que, segundo ele, não causam dependência.

A reincidência dos sintomas de depressão é frequente, mas seu intervalo varia de paciente para paciente. Assim, a melhor forma de evitar o problema é seguir o tratamento medicamentoso e também fazer terapia.

Curar depressão “naturalmente”: quando fitoterapia e homeopatia entram em cena

Quem não quer recorrer ao tratamento usual para a doença também tem como alternativa os antidepressivos naturais. Criados pelos princípios da Homeopatia ou Fitoterapia, são formulados a partir de compostos da natureza que, muitas vezes e somente sob indicação médica, podem substituir os remédios comuns ou serem administrados de forma concomitante.

O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva condena o uso da medicina alternativa para depressão, pois diz que não há evidências científicas que comprovem seu efeito. Segundo ele, aproximadamente 30% das pessoas sentem melhorias com esses métodos, mas isso é explicado pelo efeito placebo, um fenômeno em que o paciente acha que melhora por acreditar que o remédio é eficaz, mesmo ele não sendo.

Já os especialistas em fitoterapia e homeopatia dizem o contrário. Veja:

Fitoterapia para depressão

Caroly Cardoso, membro da Comissão Assessora de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), explica que o tratamento com antidepressivos fitoterápicos funciona, visto que esses compostos agem de maneira similar aos remédios alopáticos (nome dado às medicações comuns), regulando os níveis de neurotransmissores, que costumam estar alterados em pessoas com depressão.

De acordo com a especialista, curar depressão com produtos naturais é válido principalmente porque não causa dependência, o que, segundo ela, ocorre com os antidepressivos comuns.

Homeopatia para depressão

A homeopatia funciona para vários acometimentos, desde infecções até desequilíbrios hormonais. De acordo com a homeopata e pediatra Ligia Maria Comerlatti, a depressão também pode ser tratada por este método, que tem como base o princípio da semelhança em que um composto que provoque sintomas parecidos com os do paciente é diluído para que seus efeitos negativos sejam anulados e suas propriedade positivas ganhem força.

Ainda segundo a doutora, o principal benefício de tratar a depressão com homeopatia é que a técnica também visa identificar e sanar o motivo que a acarretou, e não somente os sintomas.

A doutora também ressalta que essa indicação não é válida para casos graves: “Eles agem bem em casos leves e moderados, mas não nos profundos, quando é indicado fazer uso de medicamentos alopáticos”.

Curar depressão com alimentação

Curar depressão sozinho por meio de uma alimentação funcional não é possível, mas apostar em alimentos que têm ação calmante pode contribuir e complementar o tratamento medicamentoso e psicoterápico.

De acordo com a nutricionista Denise Real, comidas que são fonte do aminoácido triptofano, como banana, amêndoas, nozes, peixes e castanha de caju, são excelentes para evitar depressão e insônia. Comer chocolate amargo, abacate, folhas e legumes verdes e frutas como o maracujá também ajuda a amenizar o sofrimento.

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