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Milhões de dados vazados do Facebook revelam como rede usa suas informações

Publicado 21 Mar 2018 – 12:28 PM EDT | Atualizado 21 Mar 2018 – 12:28 PM EDT
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Um "vazamento de dados" de 50 milhões de usuários do Facebook, divulgado nos últimos dias, para o uso de uma empresa de consultoria ligada à candidatura de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, provocou uma das mais bruscas reações à rede social e ao presidente da companhia, Mark Zuckerberg.

Ele está intimamente ligada ao jeito que usamos diariamente o Facebook. Saiba por que você deve ficar atento a esse caso agora.

"Vazamento de dados" do Facebook: uso de informações por consultoria

Os jornais The New York Times e The Guardian fizeram uma revelação bombástica, que repercutiu no mundo inteiro, sobre o fato de que a consultoria eleitoral Cambridge Analytica, com sede em Londres,  usou informações dos perfis destes 50 milhões de usuários, norte-americanos, para a campanha de Trump.

A mesma empresa foi acusada, de acordo com o jornal britânico The Guardian, de propor arrecadação de dinheiro de doadores estrangeiros que apoiam o Brexit para a separação do Reino Unido da União Europeia, o que confira violação da lei eleitoral do Reino Unido.

Especialmente pelo caso dos "50 milhões vazados", agora, a conta caiu no colo de Mark Zuckerberg, que está sendo convocado pelos governos dos dois países (e também pelos usuários do Facebook) para explicar essa vazamento. 

Como coletaram dados: uso de aplicativo

Detalhe: todos os dados foram recolhidos a partir do uso de um aplicativo do Facebook, o "This is your digital life" ("Esta é sua vida digital"), acessado por apenas 270 mil pessoas.

Em troca do uso de informações do perfil e de algumas respostas para o teste de personalidade, o app oferecia dinheiro para os usuários - que, em contrapartida, liberavam seus dados e dos amigos que mantinham na rede social.

Foi assim que o app chegou ao banco de 50 milhões de pessoas com suas informações liberadas - o que significa que boa parte destes usuários sequer sabiam que seus dados estavam sendo compartilhados com a rede social.

O "This is your digital life" foi criado por um pesquisador de Psicologia da Universidade de Cambridge, Aleksandr Kogan que, segundo o site de tecnologia Engadget, teve mais de 800 mil dólares do custo do desenvolvimento do joguinho pagos pela Cambridge Analytica, que nega qualquer irregularidade. 

Como os dados foram usados: identificação da personalidade do usuário e influência sobre ele

A coleta de informações dos usuários por aplicativos, desde que informada a eles, não é uma prática ilegal dentro do Facebook.

Mas, repassar essas informações, como foi feito à empresa de pesquisa de comportamento afiliada Strategic Communication Laboratories (SCL) neste caso, sim. É uma violação dos termos de uso do Facebook - e é por isso que o assunto gerou tanta polêmica.

Vale lembrar que, com essas informações em mãos, a SCL teria direcionado publicidade pró-Trump de acordo com a personalidade dos usuários para influenciar no resultado da candidatura à presidência, em 2016. 

Governos cobram respostas 

Com um dos maiores "vazamentos" da história do Facebook, Mark Zuckerberg está sendo duramente cobrado pelas autoridades para se posicionar sobre o quão permissiva é sua rede social no uso indevido de dados dos usuários.

Pelo menos três estados norte-americanos cobram um posicionamento de Zuckerberg: Nova York, Massachusetts e Nova Jersey.

“Os consumidores têm o direito de saber como suas informações são usadas - e empresas como o Facebook têm a responsabilidade fundamental de proteger as informações pessoais de seus usuários", disse o procurador geral de Nova York, Eric T. Schneiderman.

Ele também foi convocado por uma comissão do Parlamento britânico para explicar a situação, de acordo com a BBC britânica.

"Delete o Facebook"

A desconfiança sobre a segurança dos dados do usuário no Facebook gerou um movimento com a hashtag "Delete Facebook", incentivado, aliás, pelo co-fundador do WhatsApp (que é do Facebook, veja só) Brian Acton. Ele fez um tweet sobre o assunto; vale lembrar que ele não faz mais parte do WhatsApp.

Notas oficiais

Oficialmente, o Facebook emitiu duas notas sobre o caso: uma em 16 de março e outra em 19 de março.

A primeira declaração (em inglês) dizia que a Cambridge Analytica havia sido removida do Facebook e que, para a rede social, "proteger as informações das pessoas está no centro de tudo o que fazemos e exigimos o mesmo das pessoas que operam aplicativos". 

Já o segundo posicionamento (também em inglês) afirma que, caso os dados ainda existam nos servidores da empresa, "seria uma grave violação das políticas do Facebook e uma violação inaceitável da confiança e dos compromissos assumidos por esses grupos".

O Facebook afirma ainda que havia chamado uma empresa de auditoria forense digital independente para investigar a Cambridge Analytica, mas que as autoridades londrinas preferiram tomar as rédeas do caso. 

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