null: nullpx
brasil-Mulher

Sem novidade: mesmo estudando mais, mulher ganha 28% menos que homem

Publicado 12 Mai 2017 – 11:12 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
Compartilhar

Mulheres estudam mais e ganham menos. Negros ainda recebem metade do que os brancos. 

A vida de muitos brasileiros, infelizmente, ainda se baseia nestas duas afirmações, constatadas por um estudo divulgado em maio pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com a Fundação João Pinheiro (FJP) e com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). 

O relatório faz um comparativo entre a realidade social de 2000 e 2010.

Mesmo apresentando avanços nas desigualdades de gênero, de cor e entre a população urbana e rural, os dados mais recentes ainda não trazem novidades: mulheres e negros ainda “correm atrás” para terem as mesmas condições de vida que homens e brancos.

A pesquisa se chama “ Desenvolvimento Humano para Além das Médias: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal por cor, sexo e situação de domicílio”, e apresenta o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) para cada grupo, considerando renda de trabalho como a principal variável, acompanhada de Educação e Esperança de vida ao nascer.

Diferenças sociais: o que diz o estudo

Mulheres

Mesmo que elas estudem mais que os homens (em 2010, 56,7% delas com mais de 18 anos tinham ensino fundamental completo, frente a 53% dos homens com esse nível de escolaridade), mulheres ganham menos.

O salário “feminino” era 28% inferior ao salário “masculino”: enquanto as mulheres recebiam, em média, R$ 1.059,30, eles ganhavam cerca de R$ 1.470,73 no mesmo ano.

O trabalho para as mulheres, vale lembrar, é ainda uma questão mais complexa: elas fazem dupla jornada (trabalhando e cuidando da casa), enfrentam preconceitos sociais pelo desempenho profissional e, em quadros mais complexos, ainda são colocadas umas contra outras, dizimando a possibilidade de sororidade (parceria) entre mulheres.

Negros

A diferença entre negros e brancos também está no salário: a renda domiciliar per capita média da população negra, em 2010, era metade da média da população branca: R$ 508,90 ante R$ 1.097,00. 

O IDHM de pessoas negras demorou 10 anos para se equiparar ao de pessoas brancas. Ou seja, só em 2010 os negros só alcançaram o índice que os brancos tinham no início dos anos 2000. E, em 2010, o IDHM dos brancos era 12,6% superior ao dos negros.

O ponto positivo é que esta diferença caiu mais do que a metade ao longo dos anos, já que, em 2000, o IDHM da população branca era 27,1% superior ao IDHM da população negra.

A disparidade também se aplica à escolaridade e na diferença da esperança de vida ao nascer – apesar disto, o relatório aponta que os grupos mais vulneráveis tiveram maior alta no desenvolvimento humano municipal nos últimos anos justamente pelo puxada pelo aumento dos níveis educacionais entre negros (o subíndice Educação teve crescimento de 4,9% nos dez anos).

O acesso ao ensino pela população negra, na prática, ainda é bem dificultoso. Negros que conseguem chegar à faculdade ainda são, infelizmente, minoria. Por exemplo, a estudante de Medicina Mirna Moreira, que deu um depoimento ao Vix, contou que ouviu que "não tinha cara de médica". 

População rural

De acordo com o estudo, pessoas que moram no campo ganham três vezes menos que a população urbana. Moradores da área rural têm menos instrução escolar (26,5% da população rural possui ensino fundamental frente a 60% da população urbana com mais de 18 anos) e também vivem menos (74,5 anos a 71,5 anos) comparado à população urbana.

O que o estudo aponta

A conclusão do estudo é de que houve mudanças positivas no desenvolvimento humano do país e que elas estão relacionadas à adoção de estratégias inclusivas das últimas décadas, “como o aumento progressivo no valor do salário mínimo, as transferências de renda condicionadas, as políticas de ações afirmativas, e os investimentos na saúde e na educação”. 

Os autores da pesquisa destacam, entretanto, que o país ainda apresenta grandes desigualdades internas e regionais.

Raio-X do Brasil

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse