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"No dia que eu ia começar, pensei: estou muito cansada, amanhã eu começo"

Publicado 3 Jul 2019 – 10:29 AM EDT | Atualizado 3 Jul 2019 – 10:29 AM EDT
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Em 2015, a vida de Lorena de Assis passou por uma profunda transformação. Com então 21 anos, a administradora de empresas iniciou um processo de emagrecimento que a fez perder 45 kg.

Mas o caminho para iniciar a redução de peso, assim como a trajetória de Lorena até a eliminação das medidas, não foi nada fácil.

Como ela própria desabafa em publicações na conta quem mantém no Instagram para registrar sua caminhada, a vontade de desistir do objetivo era mais forte do que ela. “No dia que eu ia começar, pensei: estou muito cansada, amanhã eu começo", conta a carioca.

Mas ela superou seu “cansaço”. Em entrevista ao VIX, Lorena contou por que decidiu, de fato, tomar medidas para emagrecer e que estratégias adotou para sua efetivação.

Aniversário de 21 anos: início do emagrecimento

A jornada de emagrecimento de Lorena começou em setembro de 2015. Em meio às celebrações de seu aniversário, comemorado naquele mês, a carioca deparou-se com a própria imagem no celular e reparou em um detalhe do corpo que até então não havia notado.

“Eu sabia que estava gordinha, mas não tinha noção do quanto. A partir daquele dia, eu comecei a me ver do tamanho real”, afirma Lorena.

Ao perceber a realidade de seu corpo, Lorena passou a nutrir uma relação de ódio à imagem, além de desenvolver um quadro de tristeza profunda e culpa. "Não queria olhar no espelho. Eu acordava de manhã e já chorava”, conta.

Pensando em buscar alternativas para alcançar o emagrecimento, Lorena chegou a procurar nutricionistas, endocrinologistas e até mesmo psicólogos para ajudá-la.Foi quando a jovem se viu diante das suas reais medidas depois de anos.

“Foi a primeira vez que eu me pesei em 5 anos. Não me pesava até então porque uma vez eu fui parar no médico com gastroenterite e o profissional falou alto, na frente do meu pai, que eu estava com 117 kg e aquilo me frustrou. Então, lá eu estava com 124 kg aos 21 anos.”

A medidas de três dígitos era consequência dos sentimentos negativos de Lorena, segundo conta, que eram descontados na comida. Era nos alimentos que a carioca via a saída para a frustração emocional.

“Todas as vezes em que eu me analisava e via o estado a que eu me entreguei, ficava muito triste e me afogava na comida. E comia chorando. Sabia que aquilo que me havia feito chegar àquele ponto, mas não só a comida – também a minha mente e [o fato de] não acreditar em mim.”

Desta vez, porém, algo mudou em Lorena: ela entendeu que, se quisesse mudar, não poderia mais se deixar levar pela ansiedade de atingir seu objetivo em um período mágico de tempo. “Eu coloquei na cabeça que não ia desistir. Porque antes eu fazia dietas malucas, as que prometem [emagrecimento de] 10 kg em 15 dias. Eu falei que não, que ia fazer certo.”

Mudanças na alimentação

Reeducação alimentar: menos 20 kg em 4 meses

O primeiro passo de Lorena para a mudança na relação com a comida foi a reeducação alimentar, estratégia que culminou na eliminação de 20 kg em apenas quatro meses.

“Não deixei de comer nada, só diminuí a quantidade e comecei a fazer opções mais saudáveis. Eu sabia que era óbvio: era melhor comer arroz, feijão, salada e bife do que batata frita. Fui diminuindo as porções”, diz Lorena.

Ao mudar o cardápio do dia a dia, a jovem passou a priorizar refeições com arroz, feijão, salada e frango, ovo e carne vermelha. A administradora também optou por levar marmitas para o trabalho em vez de se alimentar em restaurantes, além de comer sempre de três em três horas.

“Eu passei a comer quando sentia fome. Um iogurte, uma fruta. Sempre opções saudáveis. O almoço era o mesmo do jantar que era, talvez, o mesmo do dia seguinte. Eu não comia na rua porque sabia que não ia comer de forma saudável”, conta Lorena.

Jejum intermitente e low carb: mais 25 kg eliminados

Eliminados os 20 kg iniciais, Lorena adotou a estratégia que garante até hoje seu corpo saudável: o jejum intermitente, método em que a pessoa concentra todas as refeições do dia em uma janela de tempo e consome apenas água nas horas restantes.

A duração desta janela varia de acordo com o organismo, estilo de vida e preferências de cada pessoa, o que deve ser indicado por um profissional da saúde após avaliação. No caso de Lorena, o protocolo seguido é o 16/8, isto é, 16 horas de jejum para 8 horas de alimentação liberada.

“Fico 16 horas sem comer. Eu durmo para fazer o jejum, porque não sinto fome de manhã, então consigo fazer esse equilíbrio das horas. Me alimento entre a hora do almoço e a hora de dormir.”

O protocolo 16/8 é o método mais conhecido de se fazer o jejum intermitente. Isso porque a estratégia traz bons resultados ao corpo sem que a pessoa precise adotar radicalismos.

Nela, a perda de peso acontece por alguns fatores, como o baixo consumo de calorias, a redução de petiscos ao longo do dia e o incentivo para que, sem oferta de alimentos por horas seguidas, o corpo recorra aos seus estoques de energia - isto é, gordura - para se manter em funcionamento.

Além disso, a ação da insulina - hormônio responsável por transportar a glicose no sangue para o interior das células após as refeições - tem um papel importante. Como o jejum intermitente costuma ser associado a uma alimentação de baixo índice glicêmico, que mantém a saciedade por mais tempo, ocorrem menos picos de insulina no sangue, o que é superbenéfico para o emagrecimento uma vez que este processo é responsável por provocar estocamento de gordura.

Em tese, é possível realizar qualquer tipo de dieta na janela de alimentação do jejum. Porém, o mais comum é que os adeptos sigam uma rotina low carb, com baixo consumo de carboidrato e alta ingestão de proteínas e gorduras, já que ela fornece saciedade por muito mais tempo e, assim, facilita a adesão ao protocolo.

É exatamente o caso de Lorena. Porém, isso não significa que ela deixa de degustar alimentos que aprecia.

“Mantenho o equilíbrio. Se der vontade de comer um chocolate, um hambúrguer, como. Nenhum alimento vai emagrecer ou engordar. É tudo a rotina. Não vou comer hambúrguer todos os dias, da mesma forma que não vou viver comendo alface. Posso comer de tudo, mas não preciso comer tudo.”

A combinação da atual dieta de Lorena resultou na perda de mais 25 kg, totalizando 45 kg eliminados, com algumas recaídas no processo.

Atividade física

Fora as mudanças na alimentação, atividades físicas também ajudaram no processo de emagrecimento de Lorena, que começou a prática com caminhadas.

Se no começo os exercícios provocavam certo pavor na administradora de empresas, depois eles se tornaram uma grande paixão da carioca.

“Meu maior pavor era botar o pé na academia, mas o boxe foi um esporte pelo qual eu me apaixonei. É o esporte em que eu me achei, que me relaxa, que faz bem não só para o corpo, mas para a mente. Já a musculação é uma relação de amor e ódio. Odeio treinar perna, porque é onde eu mais sinto dor. E na escada eu afogo minhas mágoas”, brinca.

Procedimento estético

O peso de Lorena também sentiu impactos depois que a carioca eliminou o excesso de pele com procedimentos estéticos. Por meio da abdominoplastia, foram removidos 2 kg de pele.

Além da intervenção, Lorena também fez mastoplastia e implantou próteses nos seios.

Emagrecer sozinha: alerta

Questionada sobre ter buscado algum profissional de saúde para orientá-la no processo de emagrecimento, Lorena conta que chegou a ir atrás de alguns, porém, acabou fazendo toda a reeducação alimentar por conta própria – algo que ela não recomenda.

“Estudei a dieta que a nutricionista passou, mas pesquisei na internet e acabei montando a minha própria dieta. Não recomendo nem um pouco, porque um profissional sabe muito mais do que eu. Personal eu não tinha e passei a ter faz um ano e meio. Nem psicóloga. Eu fui a minha própria psicóloga. Sempre fui muito fechada. A vida me fez ser sempre muito fechada.”

Preconceito e amor-próprio

Além dos detalhes narrados por Lorena ao VIX, outras experiências da carioca são relatados no perfil criado por ela no Instagram, o “@enfimfit_”.

A ideia de compartilhar sua vida com outras pessoas surgiu depois que a administradora conseguiu perder os 20 kg iniciais e precisava de incentivo. A proposta não só deu certo, como levou outras pessoas a se inspirarem em sua trajetória de emagrecimento.

Apesar de ter perdido medidas e hoje em dia estar bem diferente, Lorena não esquece de todo o preconceito que sofreu por apresentar um corpo fora dos padrões estéticos.

“O preconceito não está nas palavras. Ele está nos olhares. É o mais chato. Quando eu comecei a ir à academia, todos os olhares foram para mim. Sabe cena de filme, quando alguém faz alguma coisa, e todos olham? Eu entrei, me olhei dos pés a cabeça, pensei se minha calça estava suja, estava rasgada. Os olhares também vinham por suar muito. Eu estava cima do peso e era ‘nojenta’.”

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