
Em seu perfil do Instagram, a atriz Ana Hikari, conhecida por atuar em “Malhação: Viva a Diferença” (Rede Globo), preocupou os seguidores ao surgir chorando em um vídeo após diversos posts em que aparecia alegre em uma festa de Carnaval – e o motivo é que, em meio à propagação do novo coronavírus pelo mundo, que teve início na China, muita gente está agindo de forma extremamente ofensiva com pessoas asiáticas, algo que fez de Ana alvo de preconceito no evento.
Ana Hikari denuncia discriminação racial em evento
Conforme contou uma amiga da atriz usando a ferramenta Stories da rede social, as duas estavam na fila para usar o banheiro no evento, quando um homem começou a fazer comentários desagradáveis e desconexos sobre Ana. De início, a atriz, que tem descendência japonesa, foi chamada de “Miss Filipinas”, e em seguida teve de ouvir outra fala preconceituosa e discriminatória.
https://www.instagram.com/p/B1tmzlRFOsf/?lite=1
Como o surto de coronavírus teve início em Wuhan, na China, e passou então a se espalhar por países asiáticos, pessoas amarelas têm enfrentado uma série de situações de preconceito nas ruas. Apesar de a doença poder afetar qualquer pessoa, asiáticos têm sido xingados, questionados sobre o estado de saúde e até impedidos de entrar em determinados locais, e foi uma situação assim que a atriz viveu no evento.
Foi mal gente, eu não expliquei. Postando aqui o vídeo que postei no meu story explicando o que rolou.
“Ai miga, sai com esse coronavírus daqui” foi o que o ‘migo’ me disse.
Eu não consegui nem responder direito… pic.twitter.com/ILhGSMvXq1— Ana Hikari (@_anahikari) February 9, 2020
“Depois, ele falou para a Ana a seguinte frase: ‘Sai com esse coronavírus daqui’”, disse a amiga da atriz que, na sequência, falou como a situação se desenrolou. “Ele falou isso pra mim e a única coisa que eu consegui responder foi: ‘Sai com esse racismo daqui’. Ele falou: ‘Não é racismo’. Eu falei: ‘É sim’. E ele saiu rindo”, afirmou ela enquanto chorava.
Eu não sou um vírus
Então não sejam um babaca pic.twitter.com/vEDsgkGptc
— Ana Hikari (@_anahikari) February 8, 2020
Após gravar os vídeos, ela publicou uma foto em que aparece séria, e escreveu na imagem a frase: “Eu não sou um vírus”. Não demorou para o relato dela se espalhar pela internet e, com isso, ela usou tanto o Twitter quanto o Instagram para explicar melhor por que a situação não tem motivação apenas no surto de coronavírus e de que forma o que ela viveu é diferente do racismo que pessoas negras enfrentam.
ESTRUTURAL que resulta em coisas muito piores (tipo genocidio negro).
Geralmente eu digo DISCRIMINAÇÃO RACIAL, mas na hora foi isso que saiu da minha boca, porque eu tava muito nervosa.
— Ana Hikari (@_anahikari) February 9, 2020
Já rolou outro vídeo essa semana. Não fui a primeira que passou por isso tá?
Essa semana ouvi o @LeoLeoHwan falando sobre e ficou na minha cabeça:
Não somos brancos e mts vezes somos vistos como “minoria modelo”. Mas no segundo seguinte somos “a raça suja q come morcego” https://t.co/lTDqIiP9a1— Ana Hikari (@_anahikari) February 9, 2020
Além das falas no microblog, ela também publicou uma foto no Instagram em que aparece com a frase “Eu não sou um vírus” escrita no peito e na barriga, e fez um texto explicando que, apesar de o preconceito contra asiáticos não ter a mesma raiz do que os negros sofrem, eles também não têm o privilégio que apenas pessoas brancas têm, e são inferiorizados por isso.
https://www.instagram.com/p/BquiG8_lAhY/?lite=1
“Somos brasileiros de ascendência asiática e, mesmo assim, nunca somos tratados como brasileiros. Sempre tivemos nossas individualidades resumidas a estereótipos limitantes e, muitas vezes, pejorativos”, afirmou Ana, recebendo apoio e uma série de comentários positivos de outros famosos, como as atrizes Alice Wegmann, Bruna Linzmeyer, e Amanda de Godoi.
Apesar de a situação do coronavírus ter sido decretada como uma emergência global pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e das orientações para que os países fortaleçam o combate à doença e os procedimentos de diagnóstico, o órgão desencoraja fortemente que se tome medidas discriminatórias. Até agora, não há casos confirmados no Brasil.