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Como alerta, modelo expõe chocante e-mail racista que recebeu por marido ser negro

Publicado 24 Jun 2019 – 05:01 PM EDT | Atualizado 24 Jun 2019 – 05:01 PM EDT
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Conhecida no mundo da moda e digital por romper barreiras dos padrões de beleza, a modelo Ashley Graham, tida como plus size, se empenhou para trazer um alerta em suas redes sociais sobre um assunto bem pertinente à sociedade: o combate ao racismo.

Modelo expõe e-mail racista contra marido negro

O alerta de Ashley aconteceu depois que a modelo se viu diante de um texto de caráter racista em sua caixa de e-mails.

A mensagem trazia, além de ofensas ao corpo da norte-americana, um conteúdo recheado de ofensas ao marido dela, Justin Ervin, e críticas negativas ao relacionamento dos dois. O motivo? O fato de o companheiro, com quem é casada desde 2010, ser negro.

Decidida a não deixar o e-mail enviado a ela passar batido, Ashley expôs a mensagem no Stories de seu Instagram. “Racismo não é um caça-clique. É real e cruel. Clique para ver o e-mail chocante que eu recebi noite passada”, alertou a modelo antes de publicar o texto.

E-mail racista contra marido de Ashley Graham (atenção: conteúdo sensível)

Intitulado “Eu detesto tudo o que você representa”, o e-mail enviado a Ahsley começa atacando o corpo da norte-americana e seu casamento com Justin. “Você não é modelo para ninguém. Mistura de raças é cruel e contra a natureza.”

Ao discorrer palavras sobre a fisionomia de Ashley, o autor utiliza adjetivos grosseiros para falar características do corpo da modelo.

“Você não é plus size, você é gorda e definitivamente não é atraente quanto pensa ser. Peitos grandes não fazem uma mulher – um coração grande sim, e o seu é tão pequeno quanto o seu cérebro de ervilha.”

Os absurdos do autor do e-mail seguem quando ele aborda o casamento de Ashley com Justine, principalmente ao se referir ao marido da modelo.

Nas palavras do responsável pelo e-mail, “casamentos inter-raciais têm uma taxa muito alta de divórcio.”

Por esse motivo, ele manda uma sugestão ao casal: “Aqui vai um conselho: perca peso, incluindo aquele peso morto do seu marido. Tenha cérebro e se case com um homem branco bom e tenham bonitas crianças brancas em vez de invés de crianças feias mestiças com o m***** do seu marido.”

Ashley Graham: racismo contra marido

O episódio do e-mail racista endereçado a Ashley não foi o único que a modelo já presenciou Justin sofrer.

Logo quando conheceu o marido e o apresentou à família, a modelo enfrentou resistência de parentes pelo fato da cor de pele do então namorado ser diferente da sua.

O episódio foi relatado em seu livro de memórias, “A New Model: What Confidence, Beauty, and Power Really Look Like”, cujos trechos foram reproduzidos pela plataforma digital da revista Elle UK.

Segundo Ashley, quando levou Justin para conhecer seus pais e avós, a modelo percebeu que a avó foi “cordial, mas fria” com o rapaz.

Em seu relato, Ashley contou que ao apresentar o então namorado, a avó o cumprimentou mas rapidamente deixou sua companhia. Quando chegou a hora dos avós partirem da casa dos pais de Ashley, a avó apenas pediu à neta que “avisasse àquele rapaz que ela falou ‘tchau’”. A modelo ainda comentou em seu livro que nunca tinha visto a avó agir de uma maneira tão racista.

O marido, porém, foi quem a explicou o porquê da situação toda e ajudou a entender o que levou a avó a se comportar de forma preconceituosa.

“Justin me fez entender que uma pessoa como minha avó apenas via homens negros retratados na televisão em situações envolvendo armas, estupros e violência – situações que perpetuam estereótipos contra a população negra em geral e particularmente ao homem negro.”

Infelizmente, situações de preconceito ainda são uma realidade na vida de Justin. Em recente entrevista de Ashley à revista “Allure”, a modelo conta que em viagem do casal à Itália, um homem cuspiu no marido. “É de partir o coração. Isso te deixa realmente muito brava”, desabafou.

Para mudar o quadro de racismo ainda vigente, Ashley acredita que o caminho seja o da educação e da troca de experiências.

“Quanto mais você conversa com pessoas à sua volta que são diferentes de você, mais se aprende e se cresce. Nenhuma pessoa que não é negra vai entender o que é a vida de uma pessoa negra, mas elas não precisam ignorar o que é ser negro. Quero saber o quanto eu puder, enquanto uma mulher branca que vai criar uma criança negra. Vamos ter que ter conversas do tipo ‘Mamãe é branca, papai é negro’ e quero estar preparada.”

Preconceito racial: formas de combate

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