Ela mudou de vida por um propósito: “Quero provar para o mundo que gordo faz yoga”

Vanessa Joda, natural da região do ABC, metropolitana de São Paulo, largou a carreira promissora em comércio exterior e há 2 anos dedica seu tempo para dar aulas de yoga.

Mas não só isso: aos 37 anos, ela é uma das principais representantes de um movimento que ganha mais adeptos a cada dia, o 'Yoga para Todos'. 

Mudança de vida

Trabalhar muitas horas por dia, enfrentar trânsito e trabalho maçante, lutar contra a natureza do próprio corpo. Essas eram apenas algumas das questões que Vanessa Joda enfrentou durante anos de vida — assim como muitas pessoas. 

Em um determinado momento, fazer parte da engrenagem de um sistema com o qual ela não concordava - como trabalhar em multinacionais - parou de fazer sentido. "Eu chorava muito em casa e comecei a ter coragem para mudar de vida", diz Joda. "Já que há muito tempo me questionava sobre o rumo que minha vida tomava e sobre a minha felicidade."

Depois de um tempo, o estresse da rotina era tamanho, que um amigo precisou intima-la para uma aula de yoga. "Ele me disse que eu precisava tentar, mas claro que eu desacreditei da proposta, já que pensava que yoga não era para gordos", fala.

Mas - ainda bem - o amigo não se contentou com a negativa e fez questão de levá-la para fazer a matrícula em uma escola e acompanhá-la na primeira aula, aquela que mudou tudo para Vanessa. 

Peso não quer dizer nada

Com a entrada da yoga em sua vida, ela conseguiu amenizar drasticamente o estresse e cessar o vício em inibidores de apetite, que perdurava há 12 anos pelo desejo de ser magra. 

Depois disso, Vanessa Joda começou a transformação de sua vida: de uma bem-sucedida executiva para uma professora de yoga, que dava espaço para todos os tipos de pessoas em sua escola. 

Yoga para Todos

Inspirada no grupo americano Yoga Punx, criado por Khristine Jones, Vanessa conseguiu, depois de dar aulas de graça na Rua Augusta e na Praça Roosevelt (SP), abrir a escola e centro cultural Yoga para Todos.

"Aqui é o lugar da galera que não segue, necessariamente, a linha 'namastê'", conta a professora. Isso significa que são aceitos todos os tipos de pessoas por lá, de qualquer ideologia ou estilo de vida.

"Gordos, magros, altos, baixos, negros, brancos, jovens, idosos e assim por diante. Independente da vibe, do som que curte", conta Joda, que costuma finalizar as sessões com músicas do Black Sabbath. "Já fizemos aula ouvindo de Caetano Veloso a Iron Maiden, aqui tem de tudo", fala. 

"Gordos sofrem muito preconceito e na yoga não é diferente. É uma prática muito estereotipada", diz. Vanessa endossa um movimento muito importante que tem ganhado cada vez mais força, o de desmistificar a ideia de que gordos são infelizes, incapazes e doentes.

"Aprendemos desde cedo que gordo é preguiçoso e que não serve para fazer atividades físicas, tampouco yoga. Uma ideia deturpada.”

Ela explica que, no caso da yoga, uma prática feita com o peso do próprio corpo, uma pessoa de 50 kg trabalha com aquele determinado peso. "No meu caso, por exemplo, eu peso 100 kg, então é claro que a prática vai ser um pouco mais difícil. Porém, as habilidades são as mesmas. Basta consciência corporal e fortalecimento. Inclusive, há muitas pessoas mais leves do que eu que não conseguem fazer o que eu faço."

Hoje, Vanessa não trabalha mais com comércio exterior em uma multinacional, não pesa mais 52 kg como já pesou um dia. Mas está mais feliz e sabe que faz diferença na própria vida e na de outras pessoas também. "O que eu quero é incentivar as pessoas a se aceitarem, a fazer o que quiserem, abrirem suas cabeças."

Aceitação do corpo e amor próprio

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