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Expectativa x realidade: como gostaríamos que fosse o Dia da Mulher – e como ele é

Publicado 7 Mar 2017 – 04:47 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Dia Internacional da Mulher é celebrado no dia 8 de março desde meados da década de 60. Esta data é vista como símbolo de conquistas de direitos sociais e trabalhistas, mas também representa reivindicações, principalmente por igualdade de gênero.

Igualdade entre homens e mulheres

Apesar de ter um propósito claro, a data ainda é mal-interpretada. Muita gente presta  homenagens às mulheres que não têm nada a ver com o sentido do Dia da Mulher, como entregar flores, presenteá-las com “dia da beleza” ou fazer declarações do tipo: “Vocês deixam o mundo mais bonito”, “Por trás de um grande homem há uma grande mulher”, etc.

Esses gestos reforçam o papel coadjuvante da mulher na sociedade, do qual tanto queremos nos desvencilhar, e ressaltam que nossa única contribuição à sociedade é enfeitá-la ou dar suporte para o homem bem-sucedido. As ideias de que a mulher é delicada como uma flor ou que deve ter a aparência sempre impecável para provar o seu valor são ultrapassadas e justamente algumas das coisas que a data tenta combater.

No Dia da Mulher, devemos lembrar como já fomos menosprezadas, violentadas e silenciadas ao longo da História e o lugar que queremos conquistar: ao lado do homem, não à frente e não atrás.

Veja a seguir o que nós gostaríamos de estar comemorando neste Dia da Mulher, mas como(ainda) é a nossa realidade.

Equiparação salarial 

Apesar de muitas mulheres já ocuparem os mesmos cargos que os homens nas empresas, os salários ainda são muito diferentes. Segundo dados divulgados em 2016 pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a mulher ainda chega a ganhar 25,6% menos para exercer a mesma função que um homem.

Fim do assédio sexual 

Sabemos que o assédio sexual não se trata de um ato motivado pelo desejo: ele é uma forma de mostrar dominância, poder.

Em pleno 2017, as mulheres esperavam que já pudessem andar tranquilamente em qualquer lugar sem se preocupar em ouvir assobios ou palavras degradantes.

Porém, atualmente, mulheres continuam não usando as roupas que querem quando estão sozinhas ou até evitam passar por alguns lugares porque sentem medo de ser assediadas ou até mesmo violentadas.

Divisão das tarefas domésticas 

Outra expectativa de muitas (e realidade de poucas) é a divisão de tarefas domésticas com o companheiro. Na maior parte das casas de famílias heterossexuais, cuidar dos filhos, da casa, da roupa e da comida são responsabilidades exclusivas da mulher – coisa que aprendemos na infância, quando meninas recebem casinhas para brincar.

Na realidade, enquanto muitas se desdobram para conseguir dar conta de todas estas tarefas e ainda trabalhar fora de casa, muitos homens não ajudam em absolutamente nada, acreditando se tratar de uma obrigação delas.

Sucesso profissional 

A nossa expectativa era conseguir alcançar o mesmo sucesso profissional que os homens sem que para isso fosse necessário trabalhar muito mais que eles.

Na realidade, mulheres precisam provar mais o seu valor para receber créditos. Ainda somos vistas como menos capazes, emocionalmente instáveis e pouco racionais.

Para piorar, carregamos o estigma da responsabilidade sobre a casa e os filhos, o que nos torna uma opção pouco atrativa para o mercado.

No final, nos sobra ouvir frases como “sem vocês, nós, homens, não seríamos nada” no Dia da Mulher. É mole?

Tratamento igualitário 

“É casada ou solteira?” e “Tem filhos? Quantos?” são perguntas que ainda podem eliminar candidatas de processos seletivos. Muitos entrevistadores dão preferência a homens e a mulheres solteiras, que têm menos chances de engravidar em breve – e sabemos bem de quem é a responsabilidade de cuidar das crianças.

Estado civil e quantidade de filhos não deveria ser termômetro para avaliar o potencial de uma candidata.

Amizade entre homens e mulheres 

Atualmente, algumas pessoas ainda acham que é impossível existir amizade entre homens e mulheres e, por isso, criticam mulheres que participam de rodinhas de conversa de homens.

Nós gostaríamos que mulheres pudessem conversar de igual para igual com quem quisessem, sem serem julgadas ou criticadas por isso.

Culpabilização da vítima

Claro que a expectativa é de que não existam mais casos de violência e estupro. Porém, fica claro quão longe ainda estamos desta realidade quando, quase sempre, as próprias mulheres recebem a culpa pelos crimes que sofrem.

Questionamentos como “por que você estava sozinha?”, “que roupa você estava usando?” ou “por que você não gritou?” não só desencorajam a denúncia, mas também desviam o foco do que deveriam ser as únicas ações diante de um crime: encontrar o culpado e amparar a vítima.

Poder feminino

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