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Prótese que lê e executa o pensamento está revolucionando a biomedicina

Publicado 6 Set 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 08:48 AM EDT
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Desde 2006, o instituto de física aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, vem desenvolvendo pesquisas para criação de uma prótese de braços controlada pelos neurônios de quem usar. A ideia é restaurar a capacidade sensorial e motora de pessoas que perderam seus membros e deixar essas sensações o mais naturais possíveis.

Com isso, quem perdeu seus membros poderia ter mais independência. Além de pessoas amputadas, outro uso da tecnologia seria em pessoas idosas com limitações. Várias equipes trabalharam simultaneamente e concluíram que as próteses que seriam desenvolvidas precisariam das seguintes características "para refletir propriedades de um membro biológico", como diz o site oficial do projeto:

  • sensores para toque, temperatura e vibração
  • sensores para a capacidade de detectar a posição do braço e da mão em relação a outras partes do corpo
  • capacidade para uso prolongado
  • componentes mecânicos para proporcionar força e tolerância ambiental (calor, frio, água, umidade, poeira, etc.)

Numa tradução livre, o programa se chama algo como "Revolução da Prótese" ou "Prótese Revolucionária" ( Revolutionizing Prosthetics). Seja como for, os avanços e testes nas pessoas comprova que o nome não poderia ser mais apropriado.

Prótese revolucionária está mudando medicina

Primeira pessoa que usou próteses simultâneas

Em 2014, o norte-americano Les Baugh se tornou o primeiro a controlar próteses simultâneas para a pesquisa. Ele havia perdido os dois braços havia 40 anos, por conta de um acidente elétrico. Baugh "conseguiu operar o sistema simplesmente pensando em mover seus membros, realizando uma variedade de tarefas durante um curto período de treinamento", informou o projeto em um comunicado à imprensa na época.

Antes do uso, o corpo de Baugh precisou ser preparado para receber o sistema de próteses. Por isso, ele passou por uma cirurgia chamada de reinervação muscular direcionada. Esse procedimento reativa terminações nervosas que antes controlavam os membros amputados e permite que as pessoas controlem os dispositivos apenas pensando na ação que precisam executar.

Por conta do tipo de amputação de Baugh, ele precisava usar uma incômoda peça da prótese para anexá-la em seu corpo - o soquete. "É o componente mais crítico de uma prótese. Se não se encaixa corretamente, o paciente pode sofrer dor, feridas e bolhas, e a prótese ficará muito pesada", explicou a médica envolvida no projeto Courtney Moran.

Avanço com a osseointegração: caso de Johnny Matheny

Ela deu a declaração quando anunciaram, em 2016, outro grande avanço da pesquisa. Johnny Matheny foi o primeiro a usar as próteses com a técnica da osseointegração, o que permitiu mais conforto e maior amplitude de movimentos porque a prótese é ligada diretamente ao osso do membro residual em seu corpo.  

Como o implante se tornou parte do braço

Além da reinervação, Matheny realizou essa outra cirurgia em duas etapas. Na primeira, um dispositivo compressivo foi implementado na medula óssea do coto de seu braço. "O dispositivo de ancoragem óssea induziu uma resposta biológica do osso para criar uma conexão forte e duradoura entre o implante e o osso. Em outras palavras, o implante tornou-se parte do osso", explicou o material divulgado.

Na segunda parte do processo, um adaptador externo foi conectado ao implante no braço. O procedimento da osseointegração tornou ligação dos nervos e neurônios com a prótese muito mais natural. As resposta e avanços de Matheny foram consideradas "grandes saltos":  controle individual e simultâneo dos dedos e graus diferentes de liberdade nos pulsos.

Na época em que foi divulgado o avanço na pesquisas, a equipe envolvida lamentou que as pessoas nos testes ainda precisassem deixar as próteses nos laboratórios da universidade na hora de voltar para a casa.

Mesmo depois de uma década de pesquisa, um dos desafios do instituto continua sendo "descobrir como tirar essa tecnologia do laboratório e colocar nas mãos das pessoas que precisam disso", segundo Michael McLoughlin, membro da equipe de médicos. "A menos que isso aconteça, nós realmente não cumpriremos nossa missão".

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