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Pesquisadores descobriram que interior de SP foi banhado por mar há 260 milhões de anos

Publicado 11 Mai 2017 – 04:06 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:17 AM EDT
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Faz muito tempo, mas boa parte do interior de São Paulo já foi banhada pelo mar Irati. No período geológico Permiano médio, há 260 milhões de anos, cidades como Santa Rosa de Viterbo, na região de Ribeirão Preto, eram cobertas por água – e a vida marinha pulsava.

A conclusão é de um grupo de pesquisadores brasileiros e portugueses, após a descoberta de fósseis de animais e vestígios de algas na área. Por lá, havia uma praia de águas limpas e com formações de calcário. 

Não só isso: o mar se estendia por São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e até regiões do Uruguai, Paraguai e Argentina.

A área que se restringe à Santa Rosa de Viterbo, especificamente, entrou na seleção dos 142 geossítios que compõem o Patrimônio Geológico do Estado de São Paulo.

O estudo foi liderado pela professora do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Patrimônio Geológico e e Geoturismo (GeoHereditas) da USP Maria da Glória Motta Garcia, que publicou os resultados no periódico GeoHeritage.

Mar no interior: como foi encontrado

O "mar do interior" foi descoberto pela existência de estromatólitos gigantes em Santa Rosa de Viterbo. Estromatólitos são estruturas sedimentares formadas pela atividade de microalgas em águas rasas, mas, geralmente, se dão em formatos pequenos.

O trabalho foi coordenado pela USP e pela Universidade do Minho (Portugal) com a colaboração da empresa Geodiversidade Soluções Geológicas.

O levantamento envolveu um grupo de 16 pesquisadores com geocientistas da USP, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal da São Carlos (UFSCar), Instituto Florestal e Instituto Geológico do Estado de São Paulo e Universidade Federal do Paraná e mais 13 profissionais da área de geociências.

Mar Irati: como era

O mar Irati tinha um milhão de quilômetros quadrados e, por conta de mudanças geológicas, acabou secando. Ele se estendia por São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e até regiões do Uruguai, Paraguai e Argentina, segundo os cientistas informaram ao G1.

Ele tinha apenas 200 metros de profundidade e o clima da região era semi-árido, com vegetação, mas com poucas chuvas. As informações são do jornal Correio Popular, de Campinas, cidade que também era banhada pelo mar.

Ao jornal, os pesquisadores destacaram que as rochas formadas naquela época deram origem à região de armazenamento de água do Aquífero Guarani, um dos maiores mananciais de água doce do mundo. 

Estromatólitos gigantes

O engenheiro de minas Marco Antônio Cornetti explicou ao G1 que os estromatólitos gigantes (veja exemplo na foto acima) se formam no fundo dos mares e, apenas com uma escavação de calcário para mineração, é que foi possível encontrar estas evidências.

No local, ainda foram encontrados coprólitos (fezes fossilizadas) de peixes e tartarugas e fragmentos de ossos do Mesosaurus brasiliensis, um vertebrado que antecedeu os dinossauros.

Descobertas da Arqueologia

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