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Novelas e TV-Zappeando

9 curiosidades de "Laços de Família" que poucos se lembram: até climão entre atores

Publicado 23 Out 2020 – 12:42 PM EDT | Atualizado 23 Out 2020 – 12:42 PM EDT
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Lançada há 20 anos, "Laços de Família" esteve envolvida em diversas polêmicas, ao mesmo tempo em que conquistou uma das maiores audiências da TV Globo. Escrita por Manoel Carlos, a trama enfrentou alguns problemas em seus bastidores.

Desde complicações com a Justiça, proibições da Igreja Católica e até trocas urgentes de atores, a novela que estreou o horário das 21h teve que lutar para continuar transmitindo sua história. Confira nove curiosidades dos bastidores de "Laços de Família"!

Curiosidades de "Laços de Família"

Disputa pelo nome

Antes mesmo da novela ir ao ar, seu nome já havia causado um grande desentendimento entre autores que foi parar na Justiça - podendo ser considerado apenas um prévia de tudo o que a trama ainda iria causar.

O problema aconteceu entre a autora da Record TV, Solange Castro Neves, e a Rede Globo. Em junho de 1999, Solange entregou uma sinopse que se chamava, justamente, "Laços de Família".

A autora alegou ser a dona daquele título por tê-lo registrado primeiro. No entanto, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial discordou dessa afirmação, ao alegar que a emissora global havia garantido o título antes.

Ao fim da briga judicial, Manoel Carlos seguiu com seus planos iniciais, enquanto Solange teve que alterar o título de sua trama para "Marcas da Paixão".

Climão no início

Estreando como ator logo numa novela das 21h, Reynaldo Gianecchini já falou algumas vezes sobre a pressão de viver Edu, mas destacou que foi recebido de braços abertos pelo elenco, principalmente por Vera Fischer e Marieta Severo. No entanto, nem todas as estrelas de "Laços" o receberam assim. Em participação no programa "Lady Night", de Tata Werneck, o ator admitiu que não se deu tão bem com Carol Dieckmann de cara.

"Tive dificuldade um pouco com a Carolina [Dieckmann]. Pensei que íamos nos dar bem, rolou um tempo para gente se harmonizar. Isso, eu falo até pra ela. No começo não rolou uma empatia dela por mim. Acho que ela não curtiu muito", disse o ator, que hoje considera Dieckmann uma de suas grandes amigas.

"Depois reverteu tudo. Eu amo a Carol e a gente já falou sobre isso várias vezes. Mas é engraçado isso da não empatia", continuou Giane.

Tema de abertura

A música responsável por embalar a abertura da novela também foi pauta para discussão, visto que o autor de "Corcovado", o cantor João Gilberto, não gostou nada ao descobrir que ela estava sendo usada na trama.

Contrariado, o artista chegou a estudar a possibilidade de processar TV Globo por uso indevido de sua música. Porém, caso desejasse seguir adiante com o processo, João Gilberto teria que processar também a Universal Music.

Isso por que a gravadora era a dona do selo americano Verve, que licenciava a composição de "Corcovado". Ao assinar algum contrato com a Universal Music, o artista estaria automaticamente liberando a música para trilha sonoras.

Interferência da Igreja Católica

Após a estreia, conforme os capítulos iam passando, a trama começou a abordar assuntos polêmicos para o ano em que estava sendo transmitida. Além de um namoro entre um rapaz jovem e uma mulher mais velha e a traição de filha, outra trama que também revoltou uma parcela da população foi a naturalização da prostituição.

Isso se deu por conta da personagem feita por Giovanna Antonelli, Capitu. Para conseguir se sustentar, a personagem recorreu à prostituição de luxo, algo que foi visto como uma glamourização exagerada.

Desta maneira, ao planejar as cenas do casamento entre Camila (Carolina Dieckmann) e Edu (Reynaldo Gianecchini), a Globo foi barrada pela Cúria Metropolitana ao tentar gravar as cenas na igreja do Outeiro da Glória, tradicional no Rio de Janeiro.

Sem a autorização, a emissora decidiu recorrer à capela de São Pedro da Alcântara, localizada nas imediações da UFRJ. No entanto, a Arquidiocese do Rio de Janeiro ameaçou não realizar mais nenhum ato religioso, como missas ou casamentos, caso as cenas fossem veiculadas.

Com o intuito de evitar mais problemas, a produção da novela decidiu gravar o casamento na igreja cenográfica montada no PROJAC, algo que tornou a união menos grandiosa do que ela deveria ser.

Problemas com a Justiça

Chamando cada vez mais atenção com sua trama "moderna" até demais para a época, "Laços de Família" ainda acabou enfrentando problemas com a Justiça devido ao excesso de cenas repletas de violência e sexo.

Desta forma, a 1ª Vara da Infância e Juventude do Rio de Janeiro entrou com uma liminar proibindo a participação de menores de 18 anos nas cenas, algo que cortaria todas as crianças e adolescentes do elenco.

Essa decisão foi motivada pelo trauma sofrido pela atriz-mirim Larissa Honorato, que vivia Nina, filha de Fred (Luigi Baricelli) e Clara (Regiane Alves). Em uma cena de intensa discussão entre o casal, a menina encontrava-se no colo da atriz e acabou chorando de verdade ao se assustar com a briga.

Com o trauma psicológico sofrido pela pequena, todos os menores de idade ficaram cortados durante um bom tempo, obrigando os roteiristas a arrumarem uma desculpa para o sumiço de muitas delas.

No entanto, cenas importantes como o casamento de Camila e Edu não contaram com nenhuma criança e, até mesmo Estela (Júlia Almeida), irmã do jovem médico, aparece de costas nesta sequência, já que na época tinha apenas 17 anos.

No entanto, pouco tempo depois, Júlia Almeida foi a única que conseguiu retornar rapidamente para a trama, visto que a atriz é filha de Manoel Carlos, que garantiu sua participação após entrar com uma ação judicial.

Troca urgente de atores

Problemas como estes resultaram na troca repentina de muitos atores para continuar dando vida aos personagens. De início, a decisão foi tirar a mirim Larissa Honorato por não ter se acostumado às gravações.

Em seu lugar, entrou Júlia Magessi, além do autor ter reconhecido seu erro e se comprometido em não expor nenhuma criança a cenas semelhantes a que Larissa passou.

Com o veto das crianças no elenco, Lilian Mattos, que vivia a versão mais nova de Helena, foi substituída às pressas por Andressa Koetz. Enquanto o filho de Capitu, durante algumas vezes, foi substituído por um boneco e, depois, mandando para a creche em tempo integral.

Já com outros personagens, a substituição não foi nem mesmo uma opção. A personagem de Carla Diaz, que interpretava Raquel, a filha de Yvete (Soraya Ravenle) foi mandada para uma colônia de férias, enquanto Fábio (Max Fercondini) se mudou para os Estados Unidos.

Outra grande troca de última hora foi antes da trama ir ao ar. Ao interpretar Capitu, Giovanna Antonelli teve uma grande projeção nacional, no entanto, a primeira atriz cotada para este papel era Vanessa Machado, que posteriormente acabou interpretando Simone.

A justificativa foi por causa da complexidade da personagem, que exigia uma maior experiência das atrizes.

Característica dos personagens

Para a trama, Manoel Carlos decidiu atribuir algumas características dos atores a seus personagens, sendo por isso que o autor escolheu os intérpretes a dedo.

No papel de Miguel, Tony Ramos confessou que o autor sabia da sua paixão pela literatura e, por isso, o colocou para se dono da livraria fictícia Dom Casmurro.

Além disso, na trama, Miguel era pai de Paulo, personagem de Flávio Silvino, que era portador de uma deficiência que prejudicava algumas atividades motoras. Este era o mesmo problema enfrentado pelo ator.

Em 1993, aos 22 anos, Flávio foi vítima de um grave acidente de carro que o deixou com danos cerebrais e em coma por três meses. Ao despertar, o artista recuperou algumas funções, mas ficou com sequelas.

Mesmo assim, retornou ao seu trabalho e ganhou um papel especialmente escrito para ele em "Laços de Família", que contemplava muitas de suas vivências. Este foi o último trabalho de Flávio na televisão.

Leucemia na trama

A grande virada de Camila na novela foi quando a personagem se descobriu com leucemia. A filha de Helena (Vera Fisher), que antes era odiada, ganhou completamente a empatia do público.

Mais do que isso, ao abordar a doença, a novela emocionou e trouxe aspectos positivos para a vida real. Uma das grandes curiosidades da trama está relacionada com uma das cenas mais famosas da televisão brasileira.

O momento em que Camila raspa seu cabelo não estava no roteiro da trama, sendo pensado apenas para uma campanha de conscientização sobre o Câncer, que seria realizada pela Globo.

No entanto, durante a gravação da cena, Carolina Dieckmann se emocionou tanto que embalou toda a equipe e Manoel Carlos, fazendo com que fosse decidido que aquele momento deveria ser incorporado em "Laços de Família".

A decisão e a abordagem do assunto foi tão benéfica quanto uma campanha de doação de medula óssea, visto que na época, o Inca (Instituto Nacional do Câncer) registrou 149 novos cadastramentos para doação. Um aumento considerável, visto que o índice era de 10 cadastros por mês.

Misto de sentimentos

Em contrapartida, uma personagem que ganhou cada vez mais o ódio do público foi Íris. A jovem interpretada por Deborah Secco, dividiu durante muito tempo os telespectadores entre os que amavam as atitudes da vilã e os que não suportavam mais.

No início, a jovem personagem era vista como justiceira, por infernizar a vida de Camila. Nas ruas, a atriz era bem recebida pelo público e contava com o incentivo das pessoas, ganhando até mesmo uma comunidade no falecido Orkut, intitulada "Eu Amo a Íris".

No entanto, tempos depois, com a virada na trama de Camila, a irmã de Helena passou a ser vista com outros olhos. As atitudes dela já não era tão toleradas e Deborah Secco chegou, inclusive, a apanhar em um supermercado.

Com o público não conseguindo distinguir a realidade da ficção, uma telespectadora deu bolsadas na atriz, mesmo que Deborah tentasse lhe explicar que ela não tinha culpa no encaminhar da trama.

Uma outra comunidade ganhou popularidade, sendo esta de pessoas que odiavam a personagem.

"Laços de Família"

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