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"Onde Nascem os Fortes" transforma o sertão em drama e angústia com história grandiosa

Publicado 23 Abr 2018 – 02:23 PM EDT | Atualizado 26 Abr 2018 – 02:54 PM EDT
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Uma operação de guerra. É assim que o roteirista George Moura define a ida ao sertão de uma equipe com mais de 100 pessoas para montar a estrutura de “ Onde Nascem os Fortes”.

Nova supersérie das 23h da Globo, que estreia no dia 23 de abril, a produção leva o “super” ao limite, desbravando o sertão paraibano para contar a saga das heroínas Cássia ( Patrícia Pillar) e Maria ( Alice Wegmann), mãe e filha que se desesperam com o sumiço de Nonato (Marco Pigossi), gêmeo de Maria, na cidade-fictícia de Sertão.

“Vocês vão ver um sertão contemporâneo”, anunciou Moura a um grupo de mais de 30 jornalistas que viajaram para o interior da Paraíba para conhecer as locações da supersérie. O autor apresentou aos profissionais o mundo que encantou a ele e aos parceiros Sergio Goldenberg e José Villamarim - companheiros de longa data na TV - para construir “Onde Nascem os Fortes”.

Foram mais de cinco mil quilômetros desbravados por George e Sergio no Nordeste até encontrar a história e o lugar perfeitos para essa supersérie, que aposta no drama e na angústia para contar uma história com ares de faroeste moderno e brasileiro.

Como resumiu o ator Alexandre Nero durante o lançamento de "Onde Nascem" na Paraíba, "é uma história de adultos para adultos".

"Onde Nascem os Fortes": sinopse

Escrita por George Moura e Sergio Goldenberg (foto acima), “Onde Nascem os Fortes” nasceu com a missão de ser épica e também de desconstruir o sertão, protagonista ao moldar os personagens e também a história.

"É uma saga a vinda de Cássia e Maria para cá em busca de Nonato. A partir do desaparecimento do Nonato, muitos outros fatos vão vir: romances, paixões intempestivas e muitas revelações sobre um passado surpreendente”, completa Goldenberg.

José Luiz Villamarim, diretor artístico da supersérie, teve a missão de tornar o sertão um personagem tão potente e dramático quanto os outros, sem usar meios óbvios ou imagens cansativas da região. E diz ter encontrado na estrada de terra a magia que fez o Sertão ganhar forma também como protagonista.

“Tive um insight: 'vamos fazer tudo com estrada de terra'. Nunca pisamos no asfalto. Acho que isso deu uma cara, tem a coisa do vento, a poeira que vocês vão ver muito nas imagens. Isso vira, no fundo, elementos dramáticos”, explica Villamarim.

No roteiro de um dia dos jornalistas no interior da Paraíba, estavam inclusas uma visita à fábrica de bentonita que faz a cidade-fictícia de Sertão girar; uma ida à cidade cenográfica (cancelada por conta de chuva no sertão depois de sete anos); e um encerramento triunfal em Lajedo do Pai Mateus, formação rochosa de origem vulcânica no meio do cariri paraibano e cenário do Lajedo dos Anjos (foto abaixo), de Samir (Irandhir Santos).

Em frente à fábrica, na cidade de Boa Vista (PB), o roteirista George Moura (foto abaixo) exaltou a ancestralidade encontrada na bentonita, minério não ferroso encontrado naquela região e utilizado de diferentes formas para a fundição de metais, pela indústria química e também pela agropecuária e veterinária.

A empresa existe de verdade e cedeu seu espaço para as gravações de "Onde Nascem os Fortes" sem precisar paralisar sua produção. Líder no mercado mundial, exporta bentonita para a América Latina, Europa e Estados Unidos.

Ponto de partida da história, a bentonita é pano de fundo para contar o enredo sustentado por três pilares: Terra, Céu e Coração em Movimento.

História da Terra, Céu e Coração em Movimento

“Três forças muito grandes empurram essa história. É uma história apaixonada que a gente contou e quer muito dividir com vocês. Nasceu de um desejo de contar uma história que emocione as pessoas”, resume Moura.

A Terra é representada por Pedro Gouveia ( Alexandre Nero), um homem que acredita na transformação por meio do trabalho e conhecido como o Rei de Sertão, dono da fábrica de bentonita da cidade. Com sua empresa, ele revolucionou a região e se tornou o homem mais poderoso da cidade. E é sobre ele que cai a responsabilidade pelo sumiço de Nonato logo no início da trama.

Um desentendimento entre ele e Nonato por conta de Joana ( Maeve Jinkings), funcionária da fábrica e amante de Pedro, aconteceu horas antes de o aventureiro desaparecer.

Samir, o personagem de Irandhir Santos, é o Céu - líder religioso de Sertão, vive em Lajedo dos Anjos e prega o perdão e o direito a uma segunda chance. Referência na região, ele esconde seu passado e teve uma relação forte com Pedro, que se perdeu ao longo dos anos. Apesar de ser um bom homem, mistérios rondam sua história.

O Coração em Movimento, por sua vez, é Maria ( Alice Wegmann), uma menina passional que não mede esforços para encontrar o irmão e vive o amor proibido com Hermano ( Gabriel Leone), filho de Pedro Gouveia, suspeito de sumir com Nonato. Além disso, acaba se tornando fugitiva depois de matar um homem que a perseguia.

Experiência dos atores no sertão

Conhecido, entre outros trabalhos, por “Amores Roubados”, que também tem o Nordeste como pano de fundo, o trio Goldenberg-Villamarim-Moura (foto abaixo) propôs uma imersão do elenco na região para dar a cara e a potência emocional exigida pela história que eles querem contar. Ainda em gravação, “Onde Nascem os Fortes” exigiu dos atores entrega total por meses.

No segundo semestre de 2017, todos se hospedaram num hotel próximo ao Lajedo do Pai Mateus - o QG da Globo na região -, onde moraram por dois meses para gravar a primeira frente. De volta ao Rio para mais gravações em estúdios entre o final do ano e o Carnaval 2018, retornaram à Paraíba para mais dois meses de mergulho.

E é nítido como essa experiência transformou os atores. Protagonista, Patrícia Pillar dá vida a Cássia, uma mulher que precisa voltar à cidade em que nasceu anos depois de abandoná-la para procurar o filho. Além da busca insana por Nonato, também enfrentará os fantasmas do passado - ainda desconhecidos do público.

Neta de cearense, Pillar se considera sertaneja e exalta a presença de talentos locais em "Onde Nascem os Fortes", que ajudam a contar a história com ainda mais verdade.

“Cássia é parte do Sertão e o sertão é parte dela. Esses personagens são fruto do sertão. É essa história que a gente quer contar, desse lugar. Por isso que eu acho que uma das mais belas coisas que a gente tem nesse trabalho não somos nós, mas são as pessoas daqui. São os encontros que a gente tem aqui. Não só nesse hotel com as pessoas que nos atendem, mas com os atores que são da Paraíba, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte. Pessoas que nos emprestam uma verdade sobre esse lugar que a gente não tem.”

Jesuíta Barbosa, pernambucano, é uma das estrelas nordestinas que brilham em "Onde Nascem os Fortes". Em sua quarta parceria com o diretor José Luiz Villamarim na TV - “Amores Roubados”, “Justiça” e “Nada Será como Antes” -, o ator interpreta Ramirinho, que se divide em duas vidas. De dia, segue os mandos e desmandos do pai, o juiz com nuances de coronel Ramiro (Fábio Assunção) e, à noite, dá vida à Shakira do Sertão, artista da cidade.

O ator ainda define a experiência in loco como algo enlouquecedor e, ao mesmo, essencial à história.

“É essa loucura que é boa para a gente fazer o trabalho e o Zé [Villamarim] sabe disso. As pessoas que produzem isso sabem que dá resultado, ainda que seja muito difícil. A gente veio para um lugar que geralmente não chove, e agora começou a cair chuva como nunca. As pessoas estão enlouquecidas aqui sem poder gravar. Era pra terminar em tal data, já vai terminar depois. Mas isso faz parte, sabe? Acho bom. É melhor do que ficar em casa e filmar no estúdio. Assim fica vivo.”

A intenção de "Onde Nascem os Fortes" também é de expor os dois lados do sertão: ao mesmo tempo em que mantém características ultrapassadas, como o código de honra para defender os seus independente da lei, a região também se desenvolveu ao longo dos anos, tendo como exemplo a própria fábrica de Pedro Gouveia.

Para Jesuíta Barbosa, essa é uma das qualidades da trama: mostrar o sertão como "nunca antes foi mostrado na TV".

“A gente tem uma ideia formatada do que é o sertão e o sertanejo, uma figura difícil de lidar, e o sertão, esse lugar inóspito que parece que você não pode acessar de jeito nenhum. Ainda que seja a televisão criando isso, aqui é um lugar de visita, aqui tem turismo, tem uma rede que funciona. Então eu acho importante o trabalho dos meninos - e nosso - para a gente conseguir mudar essa ideia de sertão e entender que o Nordeste e o sertão é um lugar que pode ser habitado, sim, que pode ser investido, sim", afirma.

"Onde Nascem os Fortes" estreia na Globo no dia 23 de abril, logo após "O Outro Lado da Paraíso". A supersérie será exibida às segundas depois da novela das 21h e terças, quintas e sextas, sempre após a primeira linha de shows da emissora.

"Onde Nascem os Fortes"

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