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Atriz de "O Outro Lado" fala sobre cenas de rejeição na TV: "Levo minha força particular"

Publicado 20 Nov 2017 – 08:00 AM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:31 AM EDT
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Na novela "O Outro Lado do Paraíso", uma das personagens de destaque é Estela, da atriz Juliana Caldas. Ela tem nanismo e sofre a rejeição da mãe, Sophia (Marieta Severo). Como esse tema é pouco abordado na televisão, o público acompanha de perto as dificuldades da jovem - desde limitações físicas até o preconceito na sociedade.

Por trás das câmeras, Juliana compartilha muitas características com Estela e empresta para o papel vivências pessoais e ensinamentos. Em entrevista ao VIX, ela conta como está sendo seu primeiro trabalho na TV e destaca a responsabilidade ao representar outras pessoas com nanismo.

Juliana Caldas em "O Outro Lado do Paraíso"

Com experiência no teatro, a atriz fez testes para a novela através de uma agência, e considera o papel de Estela como um verdadeiro presente.

Na trama, Estela é a filha rejeitada de Sophia, e irmã de Lívia (Grazi Massafera) e Gael (Sergio Guizé). Por ter nascido anã, ela foi enviada pela mãe logo cedo a um internato na Suíça, para que crescesse longe da família. No entanto, ela volta ao Brasil no casamento do irmão e decide ficar, o que deixa Sophia desesperada.

"Está sendo incrível aprender com profissionais maravilhosos, atores que sempre admirei", diz a atriz.

Apesar de ter sido afastada do convívio familiar, Estela pode considerar ter sido criada longe de Sophia uma vantagem, já que não sofreu tanta influência da mãe como os outros irmãos. Enquanto Gael é um fantoche nas mãos da vilã, Lívia se torna a maior parceira dela nos crimes contra Clara (Bianca Bin).

E para Juliana Caldas, dá para perdoar a personagem de Grazi. "Não acho a Lívia vilã. Ali o que acontece é a influência da mãe sobre os filhos. Como a Estela passou anos no exterior, não é tão fácil influência-lá", adianta. 

"Com a volta dela [ao Brasil], tudo pode acontecer. A trajetória dela vai ficar nas mãos do autor", explica Juliana. Para o futuro da personagem, a grande novidade será a chegada de Amaro (Pedro Carvalho), um misterioso comerciante, por quem ela irá se apaixonar.

Relação com o elenco nos bastidores

Se as cenas da família de Estela são tensas e cheias de discussões, nos bastidores, o clima é bem diferente. Juliana destaca que está sendo maravilhoso trabalhar com Marieta Severo, com quem aprende conselhos valiosos. "Marieta é muito generosa, sempre conversamos sobre as cenas e trocamos dicas. Posso dizer que toda a minha família da novela é generosa".

Quem também ficou próxima da atriz é Grazi Massafera, que interpreta a irmã de Estela. Assim como nos bastidores, as personagens são bem amigas na trama, e uma protege a outra das críticas da mãe. "A Estela é próxima dos dois irmãos. Como toda família, sempre tem aquela implicância, mas muito amor também", explica Juliana.

Representatividade e respeito na telinha

A rejeição de pessoas com nanismo na sociedade pode ser vista na falta de acessibilidade, por exemplo. Em "O Outro Lado do Paraíso", Estela enfrenta várias dificuldades motoras causadas pela falta de adaptação dos espaços por onde passa. Um exemplo é a cena em que ela não consegue fechar o chuveiro, já que a mãe se recusa a reformar a casa desde que ela voltou ao Brasil.

Por já ter passado por situações semelhantes, Juliana leva tanto suas experiências pessoais, quanto histórias de outras pessoas como bagagem para a personagem. "Levo minha força particular. Antes de começar a gravar ouvi alguns casos sobre rejeição, então empresto para a Estela tudo que ouvi dessas pessoas que sofreram de alguma forma", aponta a atriz.

Embora não tenha sofrido rejeição dentro da família, como Estela, Juliana destaca que não dá para escapar do preconceito na sociedade, e espera levar um pouco de aprendizado ao público com sua personagem.

"Rejeição da sociedade sempre tem, principalmente pela falta acessibilidade em lugares públicos. Preconceito sempre tem. Uma vez fui comprar um ingresso para um show, pedi a área de deficiente e a atendente não quis me vender porque disse que essa área era só pra cadeirante. Foi um pouco constrangedor ter que explicar meus direitos".

No geral, a intenção de colocar uma personagem como Estela na novela é levantar a bandeira do respeito, em qualquer condição para o ser humano. Ciente dessa responsabilidade, Juliana aponta que o preconceito ainda existe, e que mostrar as dificuldades de quem tem nanismo é uma forma de reverter isso.

"A importância é trazer o assunto com respeito, esperar que o público entenda e que aprenda a respeitar, não só as pessoas com nanismo, mas qualquer um com algum tipo de deficiência. Na verdade, espero que o ser humano seja respeitado, com ou sem deficiência", conclui a atriz.

Atores da Globo

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