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Por que forma como "O Sétimo Guardião" está abordando sexo é MUITO problemática?

Publicado 18 Dez 2018 – 09:40 AM EST | Atualizado 18 Dez 2018 – 09:40 AM EST
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Cansada de atender aos caprichos do marido Nicolau (Marcelo Serrado), Afrodite (Carolina Dieckmann) está tentando tomar as rédeas do relacionamento em “ O Sétimo Guardião”, novela das 21h da Rede Globo.

Durante as últimas semanas, o homem proibiu a filha do casal, Diana (Laryssa Ayres), de praticar caratê por considerar o esporte “coisa de lésbica”, e, diante do desânimo da menina com a situação, Afrodite decidiu “castigar” o marido.

Em um episódio recente, a personagem disse a Nicolau que os dois só voltariam a fazer sexo quando Diana melhorasse – atitude que enfurece o já agressivo homem e o faz culpar a filha.

Apesar de Afrodite afirmar que com sua atitude “os tempos mudaram”, essa “técnica” – especialmente em um momento problemático do casamento – demonstra uma relação questionável (e comum) com a sexualidade.

“Greve de sexo” transforma ato em moeda de troca

Fazer “greve de sexo” não é uma prática rara em relacionamentos e, conforme explica a terapeuta sexual Thais Plaza, há um motivo pelo qual essa atitude costuma partir das mulheres: apesar de não ser algo generalizado, muitas mulheres ainda são ensinadas a agir como se tivessem obrigações com o marido e homens da família em geral.

“Ela entende que o sexo é importante para o homem e não consegue ver a relação sexual como algo importante também para ela. A mulher, de certa forma, foi muito educada para servir, e não tanto para sentir. Muitas vezes, ela não consegue ver o sexo como um prazer para ela, então percebe isso como um prêmio, algo para o homem”, afirma a terapeuta.

Fazer esse tipo de coisa, segundo ela, transforma o sexo em uma moeda de troca, algo que não é positivo. Carla Geane, pós-graduanda em terapia sexual e palestrante da Intt Cosméticos, concorda e não acha que isso não faz parte de uma relação saudável.

“É muito negativo ela usar o corpo para negociar uma conduta com o parceiro. De maneira nenhuma dentro da sexualidade a gente pode usar nosso corpo ou o sexo como algo a ser comercializado, trocado ou negociado”, defende.

Ambas as especialistas enfatizam que tanto a mulher quanto o homem devem fazer sexo por desejo e por prazer, jamais relacionando a punição ou bonificação – já que fazer isso frequentemente leva mulheres a fazerem sexo sem vontade.

“Nós não tivemos uma educação sexual em que a mulher entendesse o sexo como algo que também é para ela, que também deve ser prazeroso e que, quando ela não tem vontade ou desejo, não deve fazer”, afirma Thais, ressaltando que isso pode, muitas vezes, tornar a relação dolorosa e criar traumas.

Suspender o sexo: quando pode ser positivo?

Conforme explica Carla, para casais que enfrentam algum problema em relação ao sexo e buscam a terapia sexual para resolvê-lo, há casos em que a abstinência é recomendada pelo profissional.

Durante o período em que o casal “não pode” fazer sexo, devem trabalhar para conciliar a questão que incomoda, e tanto a abstinência quanto essa resolução podem ser positivos para o desejo sexual.

Para Thais, mesmo em uma relação que está saudável, é possível adaptar essa prática para sair da rotina (mas nunca como na “greve de sexo”, em que há um fundo de punição ou premiação).

“O que pode ser algo positivo para instigar desejo é fazer essa relação sexual e essas brincadeiras sem colocar a penetração na relação. Um pode instigar o outro, despertar esse desejo, provocar com sexo oral, beijinhos e carícias, deixando a pessoa com vontade de subir pelas paredes, mas não terminando daquela mesma forma, criando um roteiro diferente para esquentar a relação”, diz Thais.

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