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Contato com pênis e principalmente sêmen muda flora vaginal e pode causar vaginose

Publicado 20 Abr 2017 – 05:12 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:23 AM EDT
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A vagina tem muitas bactérias que vivem em equilíbrio e atuam protegendo a região íntima da mulher. Quando ela está saudável, a predominância é a da bactéria Lactobacilos (Lactobacillus crispatus), que é responsável por protegê-la da proliferação de outras bactérias.

Porém, uma queda na imunidade ou contato com outros micro-organismos pode bagunçar essa equação, gerando infecções e incômodos à mulher.

Infecção na vagina pode ser causada pelo sexo

Quando há desequilíbrio na flora vaginal, outras bactérias se desenvolvem e provocam uma infecção chamada vaginose bacteriana, doença comum em mulheres em idade fértil que costuma provocar coceira, odor forte e corrimento.

Até hoje, acreditava-se que esta infecção era sempre decorrente de alguns hábitos: má higiene íntima, realização de duchas vaginais, uso de cosméticos como lenço umedecido e desodorante íntimo e utilização prolongada de roupas muito justas ou calcinhas de tecido sintético.

Porém, um estudo conduzido por Lenka Vodstrcil, do Centro de Saúde Sexual de Melbourne, na Austrália, acaba de apontar que outro possível responsável pela doença é também o pênis do parceiro.

De acordo com a análise publicada no site do jornal científico Plos, as bactérias “inimigas” da vagina podem ser provenientes de uma relação sexual desprotegida, da mesma forma que ocorre com as bactérias patogênicas, que são as que provocam doenças sexualmente transmissíveis.

Como estudo foi feito?

No estudo, voluntárias colheram amostras de suas secreções vaginais a cada três meses por um ano e registraram como eram suas atividades sexuais. Elas tiveram que registrar se não mantinham relações sexuais, se mantinham relações com coito interrompido ou se o sexo era desprotegido, com ejaculação dentro da vagina.

A conclusão do estudo foi que as mulheres que tiveram relações sexuais sem o uso de preservativo apresentaram uma quantidade maior das bactérias Gardnerella Vaginalis e Lactobacillus iners, que são as mais associadas à vaginose bacteriana.

“O sexo com penetração aumentou a diversidade da Gardenrella Vaginalis em mulheres jovens com ou sem vaginose bacteriana, o que sugere uma transmissão sexual de um grupo de organismos comensais e potencialmente patológicos”, afirmam os pesquisadores na conclusão do estudo. 

Já as que tiveram contato com o sêmen do parceiro apresentaram uma concentração ainda maior dos micro-organismos, sugerindo que o risco de contrair vaginose bacteriana aumenta quando há ejaculação.

Tratamento da vaginose

Segundo afirmou a ginecologista e obstetra Heloisa Brudniewski em entrevista ao Vix, mais da metade das mulheres afetadas pela condição não apresenta sintomas. Entretanto, as que desenvolvem sinais costumam observar um corrimento acizentado e leitoso, dor durante a relação sexual, coceira e cheiro de peixe podre na vagina.

É comum que, uma vez restabelecido o pH vaginal, o organismo da mulher se encarregue de eliminar a infecção sozinho. Porém, caso a mulher procure um médico antes disso ou o quadro seja persistente, o tratamento deve ser iniciado.

De acordo com a também ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks, é necessário investigar o fator que está causando a vaginose. Isso porque, se a infecção for resolvida sem que a causa seja atacada, a doença provavelmente voltará a aparecer.

Ao mesmo tempo, é necessário reequilibrar as bactérias da vagina e, para isso, Flávia afirma que são utilizados antibióticos orais ou vaginais e também alimentos com probióticos, como iogurte e leite.

Doenças pós-relações sexuais

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