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Autores já estão escrevendo sequência de "Bom Dia, Verônica": "Terá transformação"

Publicado 5 Nov 2020 – 09:50 AM EST | Atualizado 5 Nov 2020 – 09:50 AM EST
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Um dos grandes lançamentos brasileiros da Netflix, “Bom Dia, Verônica” fez muita gente maratonar um suspense tão assustador, quanto real: acompanhando a história da escrivã da polícia Verônica (Tainá Müller), a série traz para as telas um serial killer terrível e os dramas nem tão fictícios da violência doméstica. Não à toa, a continuação dessa história já é bem aguardada - não só pelo público, mas também pelos autores do livro que deu origem à produção.

“Bom Dia, Verônica” é baseada no livro de mesmo nome escrito por Ilana Casoy e Raphael Montes, responsáveis também pela adaptação para a Netflix. Enquanto o streaming não confirma a segunda temporada, a dupla já trabalha em “Boa Tarde, Verônica”, continuação da trama literária, e já adianta que a protagonista terá problemas ainda maiores para resolver.

Entrevista com autores de "Bom Dia, Verônica"

“Teremos um novo caso, uma nova história forte a ser solucionada. Os desafios que a Verônica vai enfrentar serão ainda maiores do que antes e a transformação vai ser mais profunda”, conta Raphael Montes ao VIX. Na primeira parte da história, vimos a protagonista forjar a própria morte para driblar a ineficácia da Justiça, o que vai colocá-la para agir na clandestinidade.

“Ela vai continuar com essa sede de modificar o sistema e amparar pessoas injustiçadas. No ‘Boa Tarde’, a gente vai ver como o percurso mudou a Veronica do primeiro livro”, ressalta Ilana Casoy.

Livro x série

Quem já acompanhava a história desde 2016, quando o livro original foi lançado, verá influências da série na sequência do livro. Na adaptação da Netflix, alguns elementos foram acrescentados pelos autores: Anita (Elisa Volpatto), por exemplo, é uma personagem que só existe nas telas - mas só por enquanto.

“A Anita vai para os livros com certeza porque se tornou uma personagem excelente. Ela representa bastante os pensamentos contrários que a Verônica enfrenta”, afirma Ilana. “Quando escrevemos a primeira temporada, já tínhamos começado o ‘Boa Tarde’, mas sem dúvida as reações causadas pela série influenciam no rumo da personagem”, completa o escritor.

O passo a passo da violência doméstica

Apesar de ser uma obra de ficção, boa parte da tensão de “Bom Dia, Verônica” é causada pela identificação com situações do mundo real. Com a violência doméstica no centro da trama, os autores se empenharam em mostrar como funciona esse ciclo e por que para muitas mulheres é tão difícil sair dele.

“Uma pergunta infeliz e muito comum é ‘por que a mulher não busca ajuda?’ e a resposta é que não é simples assim. Mas às vezes só essa resposta não é bastante, então precisamos mostrar para as pessoas esse ciclo, que não tem só a violência, tem os pedidos de desculpas, as promessas de mudança, etc.”, diz o autor.

Pesquisadora em criminologia há 20 anos, Ilana contou que um dos grandes objetivos da trama é expor como a violência se agrava. “Queríamos abordar essa trajetória, como o serial killer escala na violência e como é o passo a passo da violência doméstica para gerar identificação com quem sofre e, no caso dos crimes em série, fazer um alerta”, diz.

Um dos golpes de Brandão (Edu Moscovis) na história é sequestrar mulheres que chegam à cidade em busca de emprego, por exemplo. “Tudo o que conversei com vários criminosos reais me trouxe elementos para criar o Brandão, seu passado, seus símbolos. Estudamos muito sobre violência doméstica para traduzir cada etapa e mostrar por que que é tão difícil sair dessa dinâmica”, completa autora.

Denúncias

Além da questão das vítimas, a série chama o público para refletir sobre o sistema. Não há praticamente nenhum acolhimento, as denúncias são tratadas com descaso e as mulheres são, muitas vezes, humilhadas e tratadas com insensibilidade.

“Era muito necessário mostrar a importância de denunciar e de ter um sistema que abrace a vítima quando a denúncia é feita. A violência da história está lá para denunciar e, principalmente, para fazer refletir”, pontua Raphael.

Mulheres em situação de violência podem denunciar pelo telefone 180, da Central de Atendimento à Mulher, que também fornece informações sobre os direitos legais. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas. Testemunhas de violência também podem denunciar no lugar da vítima.

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