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"Atypical": comédia da Netflix retrata autismo com sensibilidade e merece sua atenção

Publicado 23 Ago 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 02:54 PM EDT
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Com humor, elenco afiado e muita (mas muita) sensibilidade, “Atypical”, produção original da Netflix, reúne elementos para conquistar qualquer tipo de público. Com enredo original e comovente, a série tem drama, comédia, personagens cativantes e, principalmente, conta uma boa história.

Crítica de "Atypical"

Tema

“Atypical” tem como protagonista Sam (Keir Gilchrist, de “Se Enlouquecer, Não se Apaixone”), um garoto de 18 anos com espectro autista que decide traçar um plano para encontrar uma namorada. Com roteiro de Robia Rashid, de “How I Met Your Mother”, a série explora a busca e amadurecimento de Sam de forma bem construída.

Na contramão de produções recentes como “13 Reasons Why” ou “O Mínimo Para Viver”, que abordam transtornos cercados de tabus, “Atypical” segue uma linha muito mais sutil e menos romântica ao falar sobre autismo. Os dramas das dificuldades são incluídos de forma que parecem mais realistas e conversam com problemas do cotidiano enfrentados por qualquer adolescente ou família.

Sem objetivo de ser didática, a série expõe diversos elementos quem giram em torno da vida de quem tem o espectro e das pessoas que estão por perto. As técnicas da terapia para tornar a convivência social de Sam o mais tranquila possível, bem como as características do transtorno – como a sinceridade ou a percepção literal de ironias, humor, figuras de linguagem – chamam atenção sem chocar e mais importante: despertam empatia.

Sam

O protagonista vai te fazer, muitas vezes, rir de nervoso. Brutalmente sincero nas falas e levando tudo ao pé da letra, Sam se esforça para compreender as regras da sociedade e racionalizar todas as suas relações – até mesmo as amorosas - de forma que façam sentido para ele.

Ao buscar uma namorada, ele percebe, mais do que nunca, que precisa prestar atenção ao sentimento de outra pessoa, filtrar emoções e descobrir o que ele mesmo quer, sente ou espera.

À medida em que os episódios avançam, mais conhecemos a personalidade de Sam e mais nos surpreendemos com a complexidade das técnicas que ele usa para criar regras que o ajudem a lidar com as outras pessoas.

Família e elenco

Sam requer bastante atenção de sua família e, assim, o dia a dia dos Gardner giram muito em torno dele, sem deixar de lado os problemas que toda família comum tem. Seus pais se dividem entre os momentos de cumplicidade e conflito ao lidar com o transtorno do filho e tomar decisões a respeito.

Enquanto Elsa, superprotetora e sobrecarregada pelos cuidados com os dois filhos e com a casa, busca mecanismos para não anular sua personalidade e se tornar apenas mãe, Doug se esforça para estreitar sua relação com a família e entender como funciona a mente de Sam.

Por outro lado, a irmã mais nova, Casey, se divide entre a necessidade de ter seu próprio espaço e a responsabilidade de também cuidar do irmão.

E o que amarra tudo isso: personagens que parecem muito reais. É impossível tomar partido ou, pelo menos, não compreender as motivações de cada um deles para agirem de determinada maneira diante de situações difíceis.

O britânico Keir Gilchrist consegue construir um personagem com transtorno do espectro autista de forma precisa, sem se exceder na caricatura e nem no romantismo. Além disso, a química entre o núcleo familiar torna toda a história ainda mais convincente.

A mãe é interpretada pela indicada ao Oscar Jennifer Jason Leigh (“Os Oito Odiados”) e o pai da família por Michael Rapaport (“Prison Break”). Mas destaca-se também a novata Brigette Lundy-Paine, que faz Casey, irmã em quem Sam tem um grande ponto de apoio e referência.

Bons personagens secundários

Por fim, os personagens secundários mostram como Sam enxerga a relação com o mundo. Durante toda sua saga em busca de uma namorada, o protagonista é acompanhado por sua terapeuta Julia (Amy Okuda), que tem sua própria história paralela e que desenvolve um papel fundamental na vida não só do paciente, mas na da família.

É ela quem reforça a autonomia de Sam e o incentiva a desenvolver suas percepções e seu sentimentos – embora ela mesma tenha uma série de conflitos internos.

Por fim, se destaca também a garota que se relaciona com Sam e com quem ele vai começar a aprender como é a dinâmica do namoro – entre os motivos para se apaixonar por alguém, como manter um relacionamento e até mesmo o que é um coração partido.

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