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Rei Artur, Zeus e outros: há várias referências aos mitos escondidas em "Game Of Thrones"

Publicado 22 Jun 2017 – 11:04 AM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 08:57 AM EDT
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É bem difícil especificar trechos e passagens exatas da mitologia em que “Game of Thrones” teria se inspirado. Não apenas pela originalidade do enredo, mas por conta da mente do autor George R. R. Martin e pela categoria em que a obra se insere: a alta fantasia.

Assim como a ficção científica, também chamada de “fantasia científica”, a “alta fantasia” é um subgênero de "fantasia" no qual estão inseridos os livros e a série de “Game of Thrones”. É bom especificar que “alta” ou “baixa” não têm nenhuma relação com o teor da qualidade das histórias, mas sim com a maneira como eles se conectam com a realidade.

Como “GoT” se conecta com a realidade 

Segundo Míriam Castro, jornalista cultural especializada na série, também conhecida como  youtuber Mikannn, as histórias que se passam no subgênero da alta fantasia têm suas próprias regras naquela realidade. “Alta fantasia é completamente dissociada da nossa realidade, baixa é quando se mescla com a vida real”, simplifica.

Ela também cita como exemplo a questão de que Westeros tem suas próprias regras de existência e funcionamento daquele mundo, como estações do ano, magia e animais. Para comparar, é diferente do que ocorre na saga “Harry Potter”. Nesses livros, o mundo dos bruxos interfere na vida das pessoas que não tem magia, os trouxas.

Um exemplo disso é que figuras como gigantes, trolls, centauro ou hipogrifo são considerados pelos trouxas como figuras lendárias ou mitológicas, mas existem de fato para os bruxos.

Europa medieval

A presença de reis, rainhas, castelos e cavaleiros logo nos remete à sociedade medieval e à Europa daqueles tempos. Mas se conseguimos encontrar conexões com nossa realidade ou histórias mitológica, isso ocorre por que “o universo de Martin apenas finge ser imaginário”, segundo Elizabeth Wawrzyniak.

A estudiosa do Instituto de Estudos Medievais da Universidade de Leeds, na Inglaterra, é autora de uma análise do pós-modernismo e medievalismo na obra de George R.R. Martin. “Na verdade, o trabalho dele atua como uma representação do mundo contemporâneo que toma como artifício o contexto da Idade Média”, diz em seu trabalho.

Segundo a autora, sob essa ilusão do tempo medieval, o mundo real/contemporâneo e a ficção de “Game of Thrones” “entram em colapso”. Ela defende que Martin está sempre falando do nosso mundo e usa figuras e cenários da idade média para isso. Mas tudo dentro da alta fantasia, já que “nunca foi explicitamente falado que Westeros é a Europa”, como atentou Mikannn.

Esparta e Atenas X Dorne e Jardim de Cima

Partindo disso, é possível interpretar algumas passagens da série enxergando nelas uma clara referência à algumas mitologias. Nos livros, as brigas entre as famílias Martell e Tyrell, por exemplo, é acentuada pela questão geográfica já que elas comandam regiões ao sul de Westeros, Dorne e Jardim de Cima, respectivamente. Isso remete bastante à rivalidade histórica entre Esparta e Atenas, cidades-estados da antiguidade que duelavam o comando (cultural, político ou bélico) da Grécia.

Zeus e Robert

Outro canal no Youtube que se dedicou a traçar paralelos entre “Game of Thrones” e mitologias foi o “Foca na História”. Segundo um dos vídeos, é possível enxergar traços de Zeus no personagem de Robert Baratheon.

Ambos lideraram rebeliões nas quais conseguiram chegar ao poder (Robert contra o Rei Louco e Zeus contra os Titãs), além de serem bons combatentes com uma forte queda para a luxúria: tanto o deus supremo da mitologia grega quanto o rei de Westeros tiveram inúmeros filhos bastardos.

Guerra de Troia

De acordo com o estudo de Wawrzyniak e com várias entrevistas de Martin, o autor transplanta uma interpretação de eventos históricos da Guerra das Rosas (disputas pelo trono da Inglaterra que ocorreram entre 1455 e 1485) para dentro de sua ficção.

Mesmo assim, há na Rebelião de Robert uma relação com a Guerra de Troia, pois os dois conflitos tiveram como motivação o amor por uma mulher – e nos dois casos isso era uma desculpa para conquista de territórios.

Filha sacrificada

Outra relação quase óbvia da série com a mitologia grega diz respeito ao episódio em que Stannis Baratheon sacrifica sua filha Shireen. Movido pela ambição e com a promessa de que se fizesse isso em nome do Senhor da Luz conquistaria o trono de ferro, Stannis se assemelha ao sacrifício do mito grego de Agamenon e Ifigênia. O rei da cidade de Micenas sacrificou sua filha para ter bons ventos durante a Guerra de Troia.

Rei Artur e Jon Snow

Talvez a influência da mitologia grega fique mais clara para nós por termos mais familiaridade com esses mitos. Porém, há ainda muitas relações da série com as chamadas Lendas Arturianas, que remetem ao Rei Artur.

Segundo um artigo do site Overthinking It, é possível perceber que a eleição de Jon Snow a Senhor Comandante da Patrulha da Noite faz uma alusão a quando Artur se torna rei: os dois são acompanhados de seus cavaleiros leais – a patrulha é como se fosse a Távola Redonda, segundo essa interpretação – e possuem uma espada lendária – Garra Longa de Snow representaria Excalibur.

Dragões europeus

Um dos traços da mitologia nórdica em “GoT” está presenta nos dragões. Fafnir e Nidhogg fazem parte das lendas do norte da Europa e são comumente representados de forma muito semelhante aos dragões de Daenerys: duas patas e asas. Essa representação também é chamada de Serpe ou Wyvern e, além de fazer parte do panteão nórdico, foi bastante difundida na Europa medieval.

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