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Por que complicação de saúde que Bolsonaro teve é "esperada" em casos como o dele?

Publicado 4 Jan 2022 – 12:07 PM EST | Atualizado 4 Jan 2022 – 12:07 PM EST
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Após sentir-se mal no último domingo (2) durante as férias, o presidente Jair Bolsonaro foi levado a São Paulo e internado com um quadro de suboclusão intestinal. Apesar de a obstrução ter se desfeito após aspiração de líquido do abdômen e tratamento clínico, ele segue sem previsão de alta – e, segundo especialistas, quadros recorrentes como os de Bolsonaro são esperados em pacientes como ele.

Bolsonaro internado com suboclusão intestinal

Assim como em julho de 2021, quando deu entrada no hospital com dores abdominais e uma crise de soluços, o presidente Jair Bolsonaro está novamente internado com um diagnóstico de suboclusão intestinal. Conforme informou o próprio político nas redes sociais, o mal-estar teve início após um almoço no último domingo e, com isso, ele foi levado de Santa Catarina, onde passava férias, para São Paulo, no Hospital Vila Nova Star.

Em uma foto publicada no Twitter, Bolsonaro apareceu com uma sonda nasogástrica (mecanismo utilizado para aspirar conteúdo do intestino e do estômago quando há alguma obstrução impedindo a passagem normal deste conteúdo) e disse ter apresentado os mesmos sintomas da última crise. Em nota enviada ao VIX, o hospital afirma que, agora, o presidente passa bem e não precisará de cirurgia porque a suboclusão se desfez com o tratamento administrado pelos médicos.

“O Hospital Vila Nova Star informa que o quadro de suboclusão intestinal do Senhor Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se desfez, não havendo indicação cirúrgica. A evolução do paciente clínica e laboratorialmente segue satisfatória e será iniciada hoje uma dieta líquida. Ainda não há previsão de alta”, pontua a nota mais recente emitida pela instituição. Nas redes sociais, Bolsonaro atribui o quadro ao golpe de faca sofrido por ele durante a campanha presidencial de 2018.

Obstrução intestinal: quadro é comum em pacientes como Bolsonaro

Para explicar o quadro, Luiz Castro, cirurgiáo do aparelho digestivo e diretor do Hospital San Gennaro, afirma que o funcionamento do intestino pode ser comparado de forma simplificada ao de uma mangueira de jardim. "Se a mangueira estiver perfeitamente enrolada, a água passa dentro dela. Agora, se ela sofre algum tipo de curva – menos acentuada, mais acentuada, ou um estrangulamento total –, isso leva a uma suboclusão parcial, maior ou uma obstrução total", comenta.

Enquanto a suboclusão (caso apresentado por Bolsonaro recentemente) geralmente requer tratamento medicamentoso e aspiração do conteúdo do intestino por sonda, a obstrução total do órgão (situação vivida por ele em 2021) faz necessária uma cirurgia para corrigir o problema – e todas estas situações são, segundo o médico, comuns para pacientes como ele. Isso porque, nos últimos anos, Bolsonaro foi submetido a uma série de cirurgias abdominais, e a forma como operações do tipo modificamo o intestino traz consequências.

"Todo paciente que é submetido a uma cirurgia abdominal, pode ter aderências no intestino, e os que mais têm são aqueles submetidos a cirurgias longas, onde a incisão, o corte que você faz no abdômen, é muito grande. São cortes de, normalmente, quinze, vinte centímetros para que o cirurgião intervenha na situação que está encontrando naquele momento", pontua o médico, se referindo à formação de tecidos fibrosos que podem acabar conectando partes das paredes intestinais que originalmente não se uniriam.

Conforme relembra o cirurgião, após à facada de 2018, Bolsonaro passou por uma série de cirurgias que serviram não apenas para suturar os danos gerados no intestino, mas também para corrigir suturas que se abriram e, posteriormente, fechar a colostomia (ligação do intestino com a parede abdominal para que o conteúdo intestinal seja liberado em uma bolsa em vez de percorrer seu caminho normal). Tudo isso, segundo o médico, torna propícia e esperada a ocorrência de quadros como o atual.

Em situações como esta, Castro explica que é possível se estudar a realização de uma cirurgia para corrigir a aderência e reduzir as chances do quadro se repetir. Além disso, pessoas com propensão a suboclusões ou obstruções intestinais devem consumir alimentos de fácil digestão, evitar a ingestão de bebidas gaseificadas e alcoólicas, praticar exercícios físicos e regular o peso (já que o aumento de gordura na região abdominal também é um fator de risco para o surgimento do problema).

Embora suboclusões possam se tornar obstruções, o médico afirma que, em geral, o tratamento ao qual pacientes com o quadro são submetidos é clínico, assim como ocorreu com o presidente. Com o uso da sonda nasogástrica e medicamentos, a situação tende a melhorar sozinha e o paciente pode então retomar a vida normal. Caso ela evolua para uma obstrução, porém, a única saída para o problema é cirúrgica.

Saúde

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