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Por que câncer de ovário, como o que acometeu Eva Wilma, pode ser tão letal?

Publicado 17 Mai 2021 – 12:06 PM EDT | Atualizado 17 Mai 2021 – 12:06 PM EDT
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A atriz Eva Wilma, morreu no último sábado (15), aos 87 anos, de câncer de ovário. O diagnóstico foi descoberto uma semana antes e a artista se tornou vítima da doença que, segundo a Sociedade Brasileira de Patologia, é um dos tumores ginecológicos mais letais.

Eva Wilma morreu 7 dias após descobrir câncer

Eva Wilma foi diagnosticada com câncer de ovário no dia 7 de maio. Inicialmente, a atriz foi internada no dia 15 de abril, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, para tratar problemas cardíacos e renais.

Desde então, Eva Wilma estava na UTI, mas segundo boletins médicos divulgados pelo hospital, seu estado de saúde era estável e ela estava evoluindo bem.

Entretanto, no dia 7 de maio, após passar por vários exames, os médicos descobriram um tumor no ovário da atriz e um novo boletim médico, divulgado no dia 8, informou que ela iniciou o tratamento oncológico no dia seguinte. Eva Wilma não resistiu e acabou falecendo pouco mais de uma semana depois.

"Eva Wilma encontrava-se internada desde o dia 15 de abril para tratamento de problemas cardíacos e renais provenientes de um câncer de ovário", diz a nota emitida pelo hospital.

Câncer no ovário: tumor ginecológico é um dos mais letais

De acordo com o levantamento do Observatório Global de Câncer (Globocan, sigla em inglês), da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, sigla em inglês), braço de pesquisa do câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), esse tipo de câncer é a segunda maior causa de mortalidade entre os tumores ginecológicos no mundo.

Em 2020, foram registradas 207 mil mortes por câncer de ovário em todo o mundo, sendo que 4 mil delas ocorreram no Brasil.

Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), o motivo de o tumor ser tão letal é que não há um método eficaz de rastreamento e quando descoberto, o câncer já está muito avançado e, geralmente, se espalhou para outras partes do corpo.

"Em 80% dos casos, este tipo de câncer é diagnosticado quando não está mais restrita ao ovário, tendo disseminado para linfonodos, outros órgãos da região pélvica e abdominal ou até mesmo, para órgãos à distância, como pulmão, osso e sistema nervoso central, mais raramente", informou a SBP.

O diagnóstico tardio também impacta no tratamento da doença, uma vez que 48,6%, ou seja, menos da metade das pacientes, vivem por mais de cinco anos após o diagnóstico. Mas quando o tumor é descoberto precocemente e está restrito ao ovário, a chance de a pessoa sobreviver por mais de cinco anos sobe para 92,6%.

“Quando a doença é descoberta mais precocemente, pode-se oferecer um tratamento curativo, com melhores resultados, que será guiado com base na classificação realizada pelo médico patologista quanto ao tipo e agressividade do tumor", explica o médico patologista da Sociedade Brasileira de Patologia, Leonardo Lordello.

Por que é difícil obter um diagnóstico precoce?

Alguns exames ginecológicos como o papanicolau e a mamografia, que são usados como métodos de rastreamento para identificar câncer de colo de útero e câncer de mama, mas não existe uma metodologia eficaz para diagnosticar o câncer de ovário.

De acordo com Leonardo, houveram tentativas de rastrear o câncer através do marcador CA125, através de hemogramas, ou exames de imagem, mas os estudos mostraram que oferecer essas avaliações para população assintomática (sem sintomas) não resultou em redução de mortalidade.

Outro fator que dificulta o diagnóstico da doença é que os principais sintomas, como aumento do abdômen, dificuldade para se alimentar, dor na região pélvica e/ou abdominal, sangramento vaginal anormal (principalmente pós-menopausa), mudança no hábito intestinal, fadiga extrema e perda de peso, estão associados a outras doenças.

Fatores de risco para o câncer de ovário

O câncer de ovário é mais comum a partir dos 60 anos, quando a mulher não se encontra mais na fase reprodutiva, mas o tumor pode surgir em mulheres mas jovens, que apresentam predisposição hereditária.

Mas, de acordo com a Sociedade Brasileira de Patologia, os tumores malignos de ovário surgem, em 80% dos casos, por influência direta de hormônios.

De acordo com o órgão, a incidência da doença está relacionada a um maior número de ciclos menstruais mensais, que ocorre em casos em que a primeira menstruação é precoce, há menopausa tardia ou nuliparidade (nunca ter tido filhos), por exemplo. Obesidade e tabagismo, no entanto, são os principais fatores de risco, ressaltou o órgão.

Câncer de ovário: o que você precisa saber

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