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Vacina oferecida há décadas pelo SUS está sendo testada contra o novo coronavírus

Publicado 14 Ago 2020 – 10:05 AM EDT | Atualizado 14 Ago 2020 – 10:05 AM EDT
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Em meio à corrida por uma vacina contra COVID-19 que seja eficaz na prevenção do novo coronavírus, uma vacina já amplamente usada no mundo todo e oferecida gratuitamente há décadas pelo SUS (Sistema Único de Saúde do Brasil) está sendo testada para avaliar uma possível proteção contra quadros graves da doença. A vacina em questão é a BCG, que é administrada em recém-nascidos para proteger da tuberculose e, segundo cientistas, pode ajudar também em outros quadros respiratórios.

BCG pode prevenir quadro grave de COVID-19

Conforme explica Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a iniciativa partiu da Universidade de Melbourne, na Austrália, e se baseia em estudos anteriores que mostram efeitos positivos da BCG (Bacilo Calmette-Guérin) após a aplicação de uma segunda dose da vacina em crianças. “Ela gera uma resposta imune muito robusta, o que protege não só da tuberculose, mas de outras doenças respiratórias”, afirma ele.

Segundo o especialista, outros estudos apontam também que áreas com maior cobertura de vacinação pela BCG têm menos mortes por COVID-19 a cada 100 mil habitantes – e todos estes fatores motivaram testes específicos com a vacina para entender se ela é capaz de, quando reaplicada, minimizar as chances de as pessoas desenvolverem quadros graves de infecção pelo SARS-CoV-2.

“O objetivo é que a gente tenha uma proteção em relação à COVID-19, principalmente quanto aos desfechos mais severos, que são a internação em UTI [Unidades de Terapia Intensiva] e óbito. A gente busca entender se a BCG pode evitar esses desfechos severos”, diz o pesquisador. Atualmente, a proposta é a de realizar testes com 10 mil pessoas em diversas partes do mundo nos próximos meses e, no Brasil, a Fiocruz está à frente deles.

Assim como algumas outras iniciativas que estão desenvolvendo vacinas específicas contra COVID-19 – como a Universidade de Oxford e a biofarmacêutica chinesa Sinovac, ambas criadoras de compostos testados no Brasil –, a BCG, neste contexto, está na terceira fase de testes. Isso porque, como já é uma vacina conhecida e aplicada em larga escala, não é preciso refazer as fases 1 e 2.

Na fase 3, a ideia é aplicá-la em milhares de pessoas para avaliar, na prática, quantas contraem COVID-19 e como é o desenvolvimento da doença nelas. Se os resultados obtidos na testagem forem positivos, Croda afirma que será possível propor a revacinação da população com a BCG, começando por pessoas que estão na linha de frente do combate à pandemia, ou seja, profissionais de saúde.

“Se os efeitos forem positivos, inicialmente nós poderemos estender essa vacina para os profissionais de saúde, que apresentam maior risco, e também para toda a população”, afirma Croda, lembrando também que há a possibilidade de vacinas específicas contra o SARS-CoV-2 ficarem disponíveis para uso da população antes dos testes com a BCG serem finalizados – mas que ainda assim o composto já conhecido pode ser útil.

“Também pode ser que, durante a avaliação e após a finalização desse estudo, já tenham vacinas específicas de COVID-19 e, portanto, o Governo Federal pode fazer a opção de utilizar essa vacina em algum grupo específico enquanto a de COVID não está disponível, ou fazer uma combinação em termos de estratégia se não tiver doses suficientes da vacina de COVID para toda a população”, esclarece o infectologista.

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