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Novo coronavírus pode estar circulando silenciosamente há 70 anos, diz estudo

Publicado 31 Jul 2020 – 11:46 AM EDT | Atualizado 31 Jul 2020 – 12:21 PM EDT
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Desde o início da pandemia de COVID-19, muito tem se especulado sobre as possíveis origens do novo coronavírus, causador da doença – e, recentemente, um estudo que analisou em detalhe o material genético do vírus levantou a hipótese de que, provavelmente, a linhagem a que ele pertence se “desprendeu” de vírus originários de morcegos de 40 a 70 anos atrás.

Novo coronavírus pode estar circulando há décadas

Publicado em 28 de julho de 2020 na sessão “Nature Microbiology” do periódico “Nature”, o estudo foi elaborado por um time de cientistas chineses, europeus e norte-americanos e utilizou três métodos diferentes para identificar, isolar e estudar determinadas regiões do material genético do vírus, fazendo comparações para detalhar a história evolutiva do causador da COVID-19.

Conforme já apontado em outros estudos, o “parente” mais próximo do SARS-CoV-2 é um vírus chamado RaTG13, que afeta morcegos e pangolins (animal semelhante ao tatu), mas o estudo recente apontou que a divisão do ancestral comum nestas duas linhagens ocorreu há muito mais tempo do que se imaginava. Segundo os pesquisadores, é possível que a linhagem do vírus causador da mais recente pandemia já circulasse há 40 a 70 anos em morcegos.

Conforme aponta o estudo, uma das características que o SARS-CoV-2 compartilha há mais tempo com seus “parentes” é o domínio de ligação ao receptor, mecanismo que o vírus utiliza para reconhecer e se ligar a receptores das células humanas. Isso, segundo David L. Robertson, um dos responsáveis pelo estudo, significa que há mais vírus circulando em morcegos atualmente que têm a capacidade de infectar humanos.

Nos últimos tempos, tem sido especulado que, para afetar humanos, o vírus “original” dos morcegos foi transmitido a pangolins e, neles, sofreu mutações que o permitiu infectar pessoas. Isso, de acordo com Robertson (que é professor de virologia computacional na Universidade de Glasgow, no Reino Unido), é algo que o estudo recente mostrou como improvável.

“Apesar de ser possível que pangolins tenham atuado como hospedeiros intermediários, facilitando a transmissão do SARS-CoV-2 para humanos, não há evidências de que a infecção em um pangolim seja necessária para que viroses de morcegos passem para humanos”, disse ele em uma nota no site da universidade, explicando que, ao que tudo indica, o vírus adquiriu ainda nos morcegos a capacidade de infectar o trato respiratório tanto dos pangolins quanto de humanos.

Além de revogar ainda mais as hipóteses de que o novo coronavírus teria sido criado em laboratórios e “escapado” em um acidente, o estudo também indica que é extremamente necessário monitorar outras linhagens de vírus para prevenir futuras pandemias. “A chave do sucesso é monitoramento. É saber quais vírus procurar e priorizar aqueles que estão prontos para infectar humanos”, afirma Robertson.

Saúde

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