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O que é a síndrome que algumas pessoas estão tendo semanas após a COVID-19

Publicado 26 Jun 2020 – 01:30 PM EDT | Atualizado 26 Jun 2020 – 01:30 PM EDT
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Entre as diferentes sequelas possivelmente causadas pela COVID-19, alguns pacientes parecem estar desenvolvendo a chamada Síndrome da Fadiga Crônica. Embora não seja um quadro irreversível, a doença pede um tratamento prolongado, que pode levar até cinco anos para a recuperação.

O VIX conversou com Eli Evaristo, neurologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, para entender melhor o que é a e qual sua relação com a COVID-19.

Síndrome da Fadiga Crônica: o que é

Também chamada de encefalomielite miálgica, a Síndrome da Fadiga Crônica é considerada uma doença neurológica, segundo a Organização Mundial de Saúde, por causar uma fadiga debilitante por um período razoável de tempo.

Aliás, o tempo é um critério essencial para o diagnóstico da fadiga crônica, segundo Evaristo. “A Síndrome da Fadiga Crônica, por definição, tem que ser uma fadiga prolongada, um quadro que perdura por seis meses. Para que seja possível dizer isso, é necessário investigar exaustivamente o paciente”, diz o médico.

De acordo com o especialista, as causas ainda são incertas para a comunidade médica, que ainda busca entender se o problema está ligado a questões neurológicas ou mesmo imunológicas.

O que se sabe é que pacientes com doenças virais costumam desenvolver o quadro, mas como nem sempre há este fator causador, os outros possíveis desencadeantes seguem sendo um mistério.

Diagnóstico e sintomas

Evaristo também destaca o fato de que a fadiga crônica é uma doença por si só. Por isso, quando o paciente se apresenta no consultório, a investigação é complexa, já que o diagnóstico envolve o descarte de outras doenças - como depressão, anemia, entre outras - que apresentam sintomas parecidos. Só então é possível ter a compreensão de que o caso se trata de uma encefalomielite miálgica.

“Um quadro depressivo que deixa o paciente sem energia não é a causa da Síndrome da Fadiga Crônica, mas pode ser um agravante”, exemplifica o neurologista.

Sobre os sintomas da doença, o médico descreve-a como “uma doença que gera uma completa incapacidade e a sensação de uma fadiga extrema, cansaço grande, tolerância baixa a dor e luminosidade, dores musculares, problemas de memória. É como se a pessoa ficasse sem energia.”

Fadiga crônica após COVID-19: o que se sabe?

Como é sabido, a fadiga crônica pode se desenvolver após infecções virais. De acordo com Evaristo, este é um dos possíveis fatores que podem explicar o que levou pacientes com COVID-19 a desenvolverem a síndrome algumas semanas após a doença respiratória.

“Essa situação costuma acontecer. Uma das principais doenças que antecedem a fadiga crônica são as infecções virais, inclusive a COVID-19, mononucleose, gripe, um quadro mais denso”, diz o médico.

De acordo com ele, além da relação da COVID-19 com a fadiga crônica pela ordem viral, as sequelas neurológicas que a doença do coronavírus pode acarretar em alguns pacientes é outra possível causa da síndrome.

O único cuidado levantado por Evaristo ao fazer a relação entre a fadiga crônica e COVID-19 tem a ver com o tempo — que, conforme enfatiza, é fundamental para o diagnóstico da encefalomielite miálgica. Isso porque, segundo o médico, pela definição da Síndrome da Fadiga Crônica, é necessário que o paciente apresente os sintomas de forma contínua por pelo menos seis meses.

Ele chama atenção para o fato de que a COVID-19 é uma doença recentemente descoberta (identificado em dezembro na China e em fevereiro no Brasil, ou seja, há cerca de cinco meses). Desse modo, é preciso que a investigação seja feita de forma minuciosa para que diagnósticos incorretos não sejam cometidos.

“Só temos que ter um pouco de cuidado, porque a COVID-19 é recente e há muito a se entender sobre o que ela, de fato, acarreta.”

Tratamento

O tratamento da Síndrome da Fadiga Crônica é lento. De acordo com Evaristo, uma pessoa pode levar desde alguns meses até cinco anos para se recuperar do quadro.

Os cuidados envolvem tratar as comorbidades existentes, pratica de atividades físicas, psicoterapia (já que muitas vezes os pacientes apresentam a depressão como comorbidade), além do uso de remédios.

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