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Coronavírus-Tasaudavel

Estudo amplo sobre remédios conclui: nenhuma droga ainda é eficaz contra COVID-19

Publicado 17 Abr 2020 – 10:04 AM EDT | Atualizado 17 Abr 2020 – 10:04 AM EDT
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Uma análise de mais de mil estudos sobre o novo coronavírus chegou à conclusão de que ainda não há remédios com eficácia comprovada contra o Sars-CoV-2. O levantamento foi publicado na revista científica The Journal of the American Medical Association (JAMA) no último dia 13 de abril.

Remédio para coronavírus ainda não existe

Segundo o relatório apresentado pelos autores do estudo, chamado “Pharmacologic Treatments for Coronavirus Disease 2019 (COVID-19) - A Review”, foram revisadas todas as publicações da literatura científica na língua inglesa até o dia 25 de março de 2020.

Para isso, eles utilizaram como método buscas por termos como “coronavirus”, “severe acute respiratory syndrome coronavirus 2”, “2019-nCoV”, “SARS-CoV-2”, “SARS-CoV”, “MERS-CoV’ e “COVID-19” combinados a “treatment” e “pharmacology”.

Ao todo, foram identificados 1.315 artigos para serem examinados. Da análise, os pesquisadores concluíram que, neste momento, a comunidade científica não encontrou nenhum medicamento com eficácia realmente comprovada que consiga combater o Sars-CoV-2 em pacientes com suspeita ou diagnóstico confirmado de COVID-19.

Segundo o estudo publicado no JAMA, atualmente há mais de 100 tipos de testes clínicos destinados ao tratamento da COVID-19, o que inclui alguns remédios.

A cloroquina e a hidroxicloroquina, usadas no tratamento de lúpus, malária, entre outras doenças, são duas das drogas citadas.

Embora tenham notado alguns estudos promissores na França e na China com o uso destes compostos, os pesquisadores ressaltam suas limitações, por se tratarem de grupos muito pequenos analisados, o que dificultaria uma conclusão mais assertiva.

A pesquisa francesa, por exemplo, analisou apenas 20 pessoas que fizeram uso de hidroxicloroquina de um total de 36 pacientes com COVID-19.

O estudo também analisou outras drogas, como o lopinavir/ritonavir (retrovirais usados no tratamento para o HIV) e o ribavirin (um inibidor da atividade do RNA), mas ambos mostraram resultados pouco conclusivos sobre sua efetividade contra o novo coronavírus.

O oseltamivir, princípio ativo do Tamiflu, remédio usado contra o H1N1, também entrou na análise. De acordo com o estudo publicado na JAMA, este medicamento não mostrou ação eficaz contra a COVID-19 e foi excluído da lista de drogas possíveis contra o coronavírus.

A contraindicação de corticoides em casos de COVID-19 também foi sinalizada. Na análise do compilado de estudos feita pelos pesquisadores, foram constatadas possíveis complicações ao organismo dos pacientes pelo uso de medicamentos do tipo e a falta de benefício comprovado no tratamento da COVID-19, o que alerta contra o uso rotineiro da droga - a menos que haja uma indicação convincente, como exacerbação da doença pulmonar obstrutiva crônica ou choque séptico refratário.

Medicamentos promissores contra o coronavírus

O umifenovir, também conhecido como Arbidol, está entre os que apresentam potencial para ser um antiviral contra o Sars-CoV-2. Estudos estão sendo realizados na China, país onde é permitido usá-lo contra gripes, e há grande interesse na sua utilização contra a COVID-19.

Segundo o estudo, o remdesivir mostrou uma potencial atividade in vitro contra o vírus, mas a Food and Drug Administration, órgão de controle sanitário dos Estados Unidos, não aprovou o uso da terapia contra o coronavírus e testes com ele ainda estão sendo feitos.

Há ainda o uso do plasma no tratamento para COVID-19. A ideia é usar anticorpos de pacientes recuperados para ajudar pacientes ainda infectados a se livrarem do vírus. A aplicação da metodologia ainda é recente no caso da COVID-19 e os primeiros experimentos foram feitos na China, mas experiências na epidemia de H1N1, em 2009, demonstraram uma queda em 20% nas taxas de mortalidade por meio do tratamento (20%).

Os pesquisadores reforçam a necessidade de uma vacina para o novo coronavírus - que seria, a longo prazo, a estratégia mais eficaz para a prevenção de futuros surtos do vírus. A estimativa, entretanto, é que seja necessário um período mínimo de 12 a 18 meses até a implantação generalizada da vacina.

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