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Em estudo com mães com Covid-19, nenhum bebê foi contagiado na gravidez ou parto

Publicado 26 Mar 2020 – 04:40 PM EDT | Atualizado 26 Mar 2020 – 04:40 PM EDT
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Como o novo coronavírus ainda não é amplamente conhecido, seus efeitos sobre mulheres gestantes ainda estão sendo avaliados – mas alguns estudos recentes já tiraram dúvidas importantes. Dois deles, por exemplo, indicam que, até agora, não foi observada a chamada transmissão vertical do vírus, ou seja, não há indícios de que bebês podem ser infectados ainda na barriga da mãe ou no parto.

COVID-19 não é transmitido na barria ou parto: estudo

Publicado no periódico científico “Frontiers in Pediatric”, o estudo mais recente sobre o assunto foi realizado por pesquisadores chineses e baseado no acompanhamento de quatro mães infectadas por COVID-19 que deram à luz durante a fase aguda da doença. Após o parto, alguns bebês foram testados e todos ficaram em observação, nenhum deles manifestando a infecção.

De acordo com a pesquisa, das quatro pacientes, três tiveram os filhos por cesárea e apenas uma por parto natural. Após o nascimento, os bebês foram prontamente isolados das mães, que se recuperaram (algumas mais rapidamente que outras), e três casais autorizaram a realização de testes para coronavírus nos filhos – que retornaram negativos.

Durante a observação dos bebês no período pós-parto, alguns deles apresentaram pequenos problemas de saúde que, ou não se enquadram nos sintomas já observados de COVID-19, ou estão ligados a outras questões (como placenta prévia na gravidez, por exemplo). Após poucos dias, tanto as mães quanto seus filhos foram liberados dos cuidados hospitalares.

Estudos têm limitações

O estudo em questão – junto de outra pesquisa realizada com nove mães – aponta para a não existência de transmissão vertical do novo coronavírus (algo que ocorre, por exemplo, com o vírus HIV, que é transmitido de mãe para filho tanto durante a gestação quanto no momento do parto). Ambos, no entanto, possuem limitações.

Além da amostragem pequena, o estudo mais recente deixa claro que, apesar de até agora os resultados não terem demonstrado transmissão entre mãe e feto, ainda é necessário observar melhor, por exemplo, o líquido amniótico e a placenta para tirar conclusões mais completas. Além disso, a ginecologista e obstetra Jéssica Trafani também chama atenção para a questão do tipo de parto.

Apesar de os bebês nascidos por parto natural também não terem apresentado COVID-19, a situação é algo que requer mais observação. “Há a opinião dos cientistas falando que muito provavelmente é melhor a cesariana [para evitar a transmissão], mas tanto neste estudo como no que apresentou nove casos, a maioria foi por cesariana, então fica difícil essa comparação”, diz a médica.

E a amamentação?

No estudo mais recente, todos os bebês foram alimentados com fórmula desde o nascimento e, como o foco da pesquisa era analisar a transmissão na gravidez e no parto, ela não esclarece a transmissão pelo leite materno – mas tanto outros estudos quanto especialistas e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmam que isso não acontece.

Em seu site, a OMS afirma que é seguro para mães com COVID-19 amamentarem seus bebês pois, até agora, não há evidências de o vírus sendo transmitido pelo leite materno. Além disso, a organização também não aconselha que mães se privem do contato próximo com o bebê e apenas façam isso tomando os cuidados necessários – algo que especialistas explicam.

“A transmissão, quando ocorrer, vai ser provavelmente da mãe infectada em contato com seu filho sem as precauções, como lavar bastante as mãos e o uso de máscara durante a amamentação. A amamentação não deve ser suspensa, é só redobrar os cuidados, porque o benefício tanto para a mãe quanto para o bebê é muito grande”, afirma Monique Novacek, também ginecologista e obstetra.

Para mães que se sentirem inseguras quanto a isso, a pediatra e consultora de aleitamento materno Loretta Campos tem alguns conselhos. “Se a mãe ficar muito angustiada, com medo de transmitir o vírus, ela pode ordenhar e oferecer esse leite por outra via, e também ter uma rede de apoio para que outras pessoas tenham um contato maior [com o bebê] até ela melhorar”, explica.

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