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Coronavírus-Tasaudavel

Médicos revelam dois "novos" sintomas do coronavírus que podem surgir sem febre ou tosse

Publicado 24 Mar 2020 – 05:53 PM EDT | Atualizado 24 Mar 2020 – 05:53 PM EDT
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Ainda que os sintomas mais comuns de COVID-19 sejam tosse seca, febre e, em quadros mais graves, falta de ar, associações médicas britânicas publicaram recentemente uma nota afirmando que a perda de olfato e paladar também tem sido observada com certa frequência em pacientes com a doença – e especialistas explicam por que isso ocorre.

“Novos” sintomas de COVID-19

Em nota publicada recentemente, Clare Hopkins e Nirmal Kumar (presidente da Sociedade Britânica de Rinologia e presidente da Associação Britânica de Otorrinolaringologia, respectivamente) discutiram a descoberta, afirmando que boa parte dos pacientes que contraíram o novo coronavírus nos países em que a epidemia chegou antes apresentaram a anosmia, ou seja, perda do olfato.

“Há evidências da Coreia do Sul, China e Itália de que um número significativo de pacientes diagnosticados com infecção por COVID-19 desenvolveram anosmia. Na Alemanha, foi reportado que mais de dois a cada três casos apresenta anosmia. Na Coreia do Sul, onde os testes foram realizados em massa, 30% dos pacientes com diagnóstico da doença tiveram anosmia”, afirma a nota.

Além disso, o texto enfatiza que o sintoma é bem comum em casos brandos da doença – que, por normalmente não necessitarem de atendimento emergencial, não são nem documentados. “Houve um crescimento das notificações de pacientes apresentando anosmia sem qualquer outro sintoma”, diz o comunicado, citando relatos no Irã, nos Estados Unidos, na França e na Itália.

Por que isso acontece?

Além do apontamento das duas entidades, o otorrinolaringologista Alexandre Colombini também confirmou ao VIX que quadros de COVID-19 com perda de olfato (e, consequentemente, de paladar) têm sido observados aqui. “Ainda não atendi ninguém, mas tive relatos de amigos próximos que atenderam pacientes positivados [para COVID-19] com anosmia e alteração no paladar”, afirma.

Segundo ele, o novo coronavírus – assim como outros vírus – parece ter uma afinidade com o nervo do olfato. “Quando a gente tem uma gripe, um resfriado, a gente tem uma congestão nasal, uma inflamação da mucosa e uma inflamação dos nervos. Essa inflamação faz com que os nervos do olfato não funcionem de uma maneira adequada, podendo levar à diminuição ou perda do olfato”, diz.

Quanto ao paladar, o médico explica que este sentido está diretamente relacionado ao olfato. “Nosso paladar depende muito do nosso olfato. Quando a gente está gripado, a comida fica meio insossa, meio sem gosto, porque a gente depende do olfato para ter um paladar adequado”, esclarece o otorrinolaringologista.

Sintomas ainda não são critério para diagnóstico

Apesar de serem sintomas comuns de outras gripes, o médico afirma que, em meio à pandemia, eles podem, sim, sugerir uma infecção por COVID-19 – mas isso não significa que é preciso entrar em pânico ou assumir qualquer diagnóstico ao notar estes sinais, já que eles ainda não estão sendo usados como critério e os estudos sobre isso ainda são preliminares.

Esta observação, porém, sugere algo importante para o estudo do contágio. “Os relatos aumentados de perda de olfato associada à pandemia sugerem que estas pessoas sejam transmissores ‘saudáveis’ do vírus, o que ajuda a entender a rápida disseminação: temos muitos contaminados com poucos ou nenhum sintoma”, explica Maura Neves, médica da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.

No comunicado, inclusive, as associações que levantaram a ligação destes sintomas ao novo coronavírus também citam isso; segundo elas, é possível que, com mais estudos, esta perda olfativa ajude a identificar casos que, atualmente, não estão sendo amplamente documentados. Assim, também seria mais fácil conter a propagação da doença.

Como estes sintomas não são critério para diagnóstico e não estão associados a quadros graves, a indicação dos médicos para quem os apresenta é a mesma dada a quem tem outros sinais brandos da doença (como tosse): ficar em casa. “O paciente que teve perda do olfato, mas clinicamente está bem, sem febre, sem tosse, sem falta de ar, não deve procurar de imediato o serviço médico”, diz Colombini.

Tanto Colombini quanto Maura afirmam que o paciente só deve buscar um hospital caso perceba um quadro que fuja da tosse, das alterações de olfato e paladar e da febre passageira – ou seja, ao apresentar febre persistente associada a dificuldade respiratória.

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