Homem morre e mulher é internada após automedicação para Covid-19: hospital faz alerta
Um homem de cerca de 60 anos do Arizona, Estados Unidos, morreu após ingerir uma forma de cloroquina para tentar se proteger contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A esposa da vítima, que está na mesma faixa de idade e também consumiu a substância, está recebendo tratamento intensivo, informa a rede de hospitais norte-americana Banner Health, que atendeu o casal.
Cloroquina, ou fosfato de cloroquina, é uma droga utilizada no tratamento da malária, lúpus e artrite reumatoide, e tem sido apontada por estudos preliminares e ainda inconclusivos como um possível tratamento eficaz contra o SARS-Cov-2 quando combinado a outro remédio.
Segundo o hospital, porém, o casal teria ingerido uma forma não medicamentosa da substância, e sim um aditivo usado para limpar aquários e tratar peixes.
Cloroquina e coronavírus
No último sábado (21), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou sobre os estudos feitos com a droga e pediu a aceleração do processo de testes para que o medicamento seja usado em pacientes de Covid-19.
Logo após seu anúncio, uma busca em massa pelo remédio – até então vendido sem receita médica – provocou seu desabastecimento em farmácias do Brasil e outros países, deixando pacientes que fazem uso contínuo da droga sem acesso ao tratamento.
O episódio levou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a enquadrar a hidroxicloroquina e a cloroquina como medicamentos de controle especial.
Casal ingeriu substância após pronunciamento de Trump
Em entrevista à rede de notícias norte-americana NBC News, a esposa da vítima afirmou que o casal decidiu ingerir a substância após ver o presidente dos Estados Unidos falar sobre ela.
“Eu tinha [a substância] em casa porque eu já tive uma carpa ornamental [tipo de peixe]”, declarou ela ao canal. “Eu a vi na prateleira e pensei: ‘Esta não é a substância sobre a qual estavam falando na TV?’”, disse, afirmando tê-la ingerido como tentativa de prevenção ao coronavírus.
Cerca de 20 minutos depois, ambos começaram a passar mal. O homem morreu logo após dar entrada no hospital.
Remédio não deve ser usado para prevenir Covid-19
Órgãos de saúde têm alertado contra a automedicação com hidroxicloroquina e cloroquina para conter o coronavírus. Além de não haver evidências robustas quanto à sua eficácia nestes casos, o uso da droga sem orientação médica pode causar efeitos colaterais sérios, como alteração da atividade elétrica do coração e do cérebro e danos na retina, podendo causar arritmias cardíacas e convulsões.
“Não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização [da droga] em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo coronavírus”, diz o órgão brasileiro.
A rede Banner Health também fez um alerta após o caso trágico do casal norte-americano: “Especialistas da Banner Health enfatizam que a cloroquina, um remédio para malária, não deve ser ingerido para tratar ou prevenir este vírus”, diz em um comunicado.
“A última coisa que queremos agora é inundar nossos setores de emergência com pacientes que acreditam ter encontrado uma vaga e arriscada solução que tem o potencial de prejudicar sua saúde”, diz o diretor médico do Centro de Informação sobre Drogas e Venenos da rede, Daniel Brooks.
O hospital ainda lembra que a maioria dos pacientes com Covid-19 necessitam apenas de tratamento sintomático e autoisolamento.