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Ex-participante do Power Couple BR tem vértebras "corroídas" por bactéria: entenda

Publicado 13 Mar 2020 – 12:01 PM EDT | Atualizado 13 Mar 2020 – 12:01 PM EDT
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O ex-participante do Power Couple Brasil André Coelho revelou ter sofrido uma lesão em duas de suas vértebras após uma infecção bacteriana.

Segundo o lutador de Jiu Jitsu, um buraco foi formado em sua coluna vertebral após os microorganismos “corroeram” parte suas vértebras. O quadro infeccioso ainda está sob investigação dos médicos, já que sua origem ainda não foi desvendada. Entenda:

André Coelho tem infecção na coluna vertebral

Em vídeo gravado para o Instagram, André deu mais detalhes sobre a infecção que atingiu os ossos da coluna.

O diagnóstico para o quadro infeccioso, segundo o lutador, não foi fácil. Isso porque, no começo, houve uma pequena desconfiança de que André ainda estivesse com pneumonia - quadro respiratório que o atleta apresentou seis meses antes.

“Toda vez que eu fazia radiografia, parecia que era resquício dessa pneumonia. Toda vez que eu espirrava, sentia uma dor muito forte no peito. Continuava fazendo tratamento [para a pneumonia], fisioterapia. Nas última semanas, comecei a sentir uma dor muito intensa na parte frontal do peito”, disse André.

A partir dos sintomas, o ex-Power Couple realizou alguns exames. Um deles foi uma tomografia, que a princípio não sinalizava nenhum quadro de saúde anormal.

“Mas, por sorte, tinha um especialista na área e ele viu que eu estava com uma lesão na coluna - bem nas vértebras T4 e T5. Fiz uma ressonância para ver a fundo o que era. No dia, me falaram que poderia ser um tumor.”

A notícia de que poderia ser um tumor abalou o lutador. Porém, ao realizar novos exames, a possibilidade foi descartada e veio o diagnóstico de infecção nos ossos.

“Nesse exame, deu que eu tinha perdido parte das vértebras por conta de uma bactéria. Fiz um procedimento que capturou essas bactérias, essa colônia. Essa bactéria 'comeu' parte do osso, que não regenerou. Fiquei com parte da vértebra menor.”

André ainda não sabe a origem da infecção. Segundo ele, o quadro segue sob investigação e a suspeita é que os micro-organismos possam ter migrado dos pulmões pela corrente sanguínea após o quadro de tuberculose ou de seus intestinos, já que o atleta apresenta quadro crônico de retocolite ulcerativa.

Recuperando-se do procedimento de limpeza da coluna, André diz estar bem, prestes a ter alta do hospital, e falou sobre o longo processo que deve enfrentar daqui para frente.

“Estou feliz e contente porque a gente dá valor para a vida nesses momentos. Serão [entre] seis meses [a] nove de tratamento, mas que podem chegar a um ano de recuperação.”

Osteomielite: o que é a infecção nos ossos

Toda infecção que ataca dos ossos é chamada osteomielite, segundo João Prats, infectologista da BP- A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Causada essencialmente por fungos e bactérias, como a Staphylococcus aureus, a Streptococcus agalactiae, a Escherichia coli, a Streptococcus pyogenes e a Haemophilus influen­zae, a osteomielite acontece em duas situações.

Uma forma de contrair uma infecção nos ossos é por meio de traumas no local. Acidentes que levam a fraturas expostas, por exemplo, e que deixam o osso vulnerável à entrada de micro-organismos é a chamada osteomielite pós-traumática.

Existe também a osteomielite hematogênica. Ela acontece quando bactérias que estavam dentro do organismo percorrem a corrente sanguínea e se alojam dentro do osso do paciente.

Sintomas da osteomielite e ossos mais atingidos

Os ossos mais atingidos por uma osteomielite são os chamados longos, como os da perna e dos braços, já que essas estruturas estão mais suscetíveis a traumas.

Quando falamos de osteomielites hematogênica, porém, os ossos da coluna são os que costumam sofrer mais com o quadro. A explicação para isso, segundo Prats, é o fato de a coluna ter muitos vasos sanguíneos - que podem carregar bactérias.

Quando um paciente apresenta osteomielite, os sintomas mais clássicos são dor e edema locais, febre alta e prostração.

Diagnóstico de osteomielite não é fácil

Contudo, nem sempre é fácil identificar que uma pessoa está com osteomielite, especialmente quando a infecção atinge a coluna.

Por mais que a doença tenha outros sintomas, a principal reclamação dos paciente é a dor - sintoma que pode levar à confusão com casos de pneumonia.

Além disso, os exames de imagem, como ressonância ou tomografia, podem mostrar resultados significativos para infecção ou não. “Tem tumores, como o mieloma múltiplo, que simula a osteomielite. Pode parecer tumor, tuberculose”, explica Prats.

Soma-se ainda a dificuldade para a realização da biópsia do local infectado, o osso, em comparação a outras partes do corpo, como o sangue.

Riscos da osteomielite

Um dos grandes perigos de uma osteomielite é a sequela que a infecção pode acarretar ao corpo. Quando um osso é infectado, Prats explica que instala-se uma grande briga entre o nosso sistema imunológico e os agentes infecciosos dentro da estrutura óssea.

A consequência do bombardeio enviado pelo corpo contra as bactérias ou fungos que infeccionam os ossos é que ele se torna mais liquefeito.

“Existe um processo do corpo para tentar arrumar esse osso como se ele tivesse passado por uma fratura. E aí se formam buracos que são mais líquidos de pus e os ossos podem apresentar algumas deformações.”

Quando a infecção atinge os ossos da coluna, essa liquefação pode levar à perda de movimentos da perna - ou mesmo do corpo.

“A gente tem uma linha [na coluna] que deve ser mantida e que tem a ver com o centro de gravidade do corpo. É a estabilidade da nossa coluna. Se em algum momento houver liquefação de um canto da nossa vértebra, pode sim encostar no nervo que se liga às nossas pernas e levar à paraplegia”, diz o médico, que ainda fala sobre riscos de tetraplegia.

Lesões em outros ossos, como os da perna e do braço, também estão suscetíveis a sequelas graves. As principais são a pseudoartrose (quando o osso fica torto após uma fratura) e as infecções crônicas, que pedem tratamentos constantes.

Tratamento para osteomielite

Como qualquer infecção, a osteomielite é tratada com antibióticos. Porém, dependendo do quadro e do local, o tempo de uso do medicamento varia, assim com os procedimentos complementares.

Lesões em membros longos, como pernas e braços, podem usar tratamentos mais agressivos, com cirurgias que removem pedaços maiores dos ossos infectados. Consequentemente, o uso de antibióticos acaba sendo por um tempo menor.

Quando a infecção atinge a coluna, a remoção do osso infectado é mais difícil. “A coluna é muito instável. Se tirar um osso de lá, posso trazer mais problema do que ajudar.” Desse modo, o uso de antibióticos é maior em quadros de osteomielite no local do que em infecção em ossos maiores.

Infecções no corpo

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