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Roberto Leal teve o câncer de pele mais perigoso: saiba regra para detectar sintoma

Publicado 16 Set 2019 – 05:53 PM EDT | Atualizado 16 Set 2019 – 05:53 PM EDT
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A variação do câncer de pele que matou o cantor português Roberto Leal é considerada o tipo mais perigoso da doença. É o que dizem os especialistas entrevistados pelo VIX.

Leal morreu no último domingo (15), em São Paulo, após lutar por dois anos contra o câncer, conforme divulgou a assessoria de imprensa do cantor.

Roberto Leal: câncer de pele mata músico português

Nascido em Macedo de Cavaleiros, cidade do interior de Portugal, Leal veio para o Brasil ainda criança, aos 11 anos.

Nos anos 1980, retornou ao país-natal para se dedicar à vida artística. Na década seguinte, porém, o músico ganhou notoriedade por aqui devido a uma sátira dos “Mamonas Assassinas”. O hit “Vira-Vira”, lançado em 1995, brincava com as músicas de Leal, algo que o cantor levou com muito bom humor.

Desde 1998, Leal voltou a viver no Brasil e na última terça-feira (10) foi internado no Hospital Samaritano, na capital paulista.

Foi na unidade de saúde que o cantor veio a óbito devido a um melanoma maligno que evoluiu, atingindo o fígado e causando síndrome de insuficiência hepato-renal, segundo a assessoria de imprensa do cantor.

Câncer de Roberto Leal é o mais raro e mais perigoso

Existem diversas variações de câncer de pele. A doença, que é bastante comum no Brasil (representa 30% de todos os tumores malignos, segundo o INCA), apresenta diferentes formas de se desenvolver nos pacientes.

A variação da doença que acometeu Leal, o melanoma maligno, é considerado o mais raro dentre os tipos. Segundo o INCA, ele representa apenas 3% do tumores malignos.

Apesar de ser o mais raro tipo de câncer, o melanoma maligno é considerado o mais perigoso.

Isso porque é o tipo de câncer que possui maior chance de infiltrar a derme (crescimento vertical), o que aumenta os riscos de metástases e de resistência a tratamentos convencionais, de acordo com Eduarda Porello, dermatologista do DUO +.

“O melanoma é o tipo de câncer de pele que apresenta maior risco de metástase, ou seja: espalha para outros órgãos. Isso ocorre porque esse câncer possui maior poder de infiltração e, dessa forma, é mais fácil as células alteradas chegarem ao sistema linfático, que é o primeiro local que deve ser investigado após o diagnóstico. Quando essas células atingem esse sistema, é mais fácil elas se disseminarem para outras regiões do corpo, como fígado, cérebro, pulmões e ossos”, explica Eduarda.

Sintomas de melanoma maligno

Quando o melanoma aparece, o tumor se apresenta como uma pinta, um sinal ou como uma mancha na pele.

Esse sintoma vem sinalizado em uma cor mais escura, geralmente mais acastanhada, que também pode ser avermelhada. “Pode, inclusive, ser um sinal com a cor menor do que a cor da pele do paciente – que é o caso do melanoma amelanótico” adiciona Fernanda Bortolozo, dermatologista da Clínica Leger.

O melanoma pode surgir em qualquer localização na pele normal com o aparecimento de uma lesão pigmentada. “A ‘pinta’ ou o ‘sinal’, em geral, muda de cor, de formato ou de tamanho, e pode causar sangramento”, diz Eduarda.

A dermatologista do DUO + ainda recomenda usar a regra do ABCDE, um modelo indicado pelo INCA, ao fazer o autoexame da pele:

  • Assimetria: se uma metade do sinal for diferente da outra, indica tumor maligno; se for simétrico, benigno;
  • Bordas irregulares: contorno mal definido indica tumor maligno;
  • Cor variável: dois tons ou mais indicam tumor maligno; tom único indica benigno;
  • Diâmetro maior que 6 milímetros indica malignidade; se for menor, provavelmente é um tumor benigno;
  • Evolução: se a mancha cresce e muda de cor, indica malignidade

Fatores de risco

O melanoma não faz diferenciação: pode aparecer em crianças, homens e mulheres adultos e idosos. “Porém, existem melanomas que são mais específicos de cada idade”, diz Fernanda.

O tumor não diferencia cor de pele, em um primeiro momento. “Pessoas de pele muito clara têm um risco aumentado de desenvolver a doença, mas essa doença também pode aparecer em negros”, explica Fernanda.

Eduarda, porém, chama atenção para o fato de, nos homens, a incidência do melanoma ser mais comum no tronco e, em mulheres, nos membros inferiores.

Apesar de atingir todos os grupos populacionais, alguns fatores contribuem para o aparecimento do melanoma em algumas pessoas.

Segundo Fernanda, como todos os tipos de câncer de pele, pacientes que recebem queimaduras solares, especialmente na infância, têm mais propensão a desenvolver melanoma na fase adulta.

Pessoas com muitas pintas no corpo e idosos também têm mais chances de desenvolver um tipo específico de melanoma - sendo o último grupo devido à redução da imunidade.

A falta de pelos pode favorecer o aparecimento das lesões, fazendo com que o melanoma ocorra em dedos, na palma da mão, nos pés e em regiões demais regiões sem pelos no corpo.

“Há um componente genético também muito importante envolvido no estudo do melanoma: pacientes com histórico familiar de melanoma têm mais chances de desenvolver a doença”, adiciona Fernanda.

Evolução do melanoma

Para determinar a rapidez com que o tumor pode levar à mortalidade o paciente, Fernanda explica que o melanoma recebe uma nota.

Tal nota é dada a partir de uma avaliação baseada nos seguintes critérios: tamanho da lesão, profundidade, ela ter se espalhado ou ter ido para linfonodos ou ter ido para outros órgãos do corpo.

Tratamento do melanoma

O melanoma é o tipo de câncer de pele menos frequente de todos, mas tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade dentre todos os cânceres de pele. “Quando é feito um diagnóstico precoce, o paciente tem 90% de chances de cura”, reforça Fernanda.

De acordo com Auro Del Giglio, oncologista do HCor, o tratamento para o melanoma é cirúrgico. “Quando a doença é avançada, utiliza-se remédios e a imunoterapia”, explica o médico.

Nos estágios mais avançados, a lesão é mais profunda e espessa, o que aumenta a chance de se espalhar para outros órgãos e diminui as possibilidades de cura. “Nesses casos, pode ser necessária a retirada da cadeia linfonodal acometida e de tumores metastáticos. O tratamento, neste caso, deixa de ser curativo, e passa a ser paliativo”, adiciona Eduarda.

Prevenção ao melanoma

O melanoma é um tumor que, embora perigoso, pode ser prevenido.

Para isso, a indicação dos especialistas sempre envolve a não exposição solar, o uso de bloqueadores solares, o acompanhamento das pintas e manchas com um dermatologista e a não exposição a luzes ultravioletas, como o bronzeamento artificial.

“Além disso, pacientes que já possuem muitos nevos (pintas) desde a infância devem fazer visitas frequentes ao médico dermatologista, para acompanhamento e seguimento das lesões. Dessa forma, caso alguma das pintas sofra mutações malignas, serão identificadas precocemente, o que aumenta o índice de cura. Outro fator importante é a investigação e acompanhamento de pacientes que possuam antecedentes familiares de melanoma”, complementa Eduarda.

Câncer: prevenção e tratamento

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