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Jornalista espanhola luta contra câncer de ovário: silencioso, tumor é um dos mais letais

Publicado 24 Mai 2019 – 03:45 PM EDT | Atualizado 24 Mai 2019 – 03:45 PM EDT
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Recentemente, a jornalista espanhola Sara Carbonero usou o Instagram para dar uma notícia preocupante a todos. Apenas três semanas após o susto que levou quando marido, o goleiro Iker Casillas, sofreu um infarto, ela foi diagnosticada com um dos tipos mais devastadores de câncer ginecológico: o câncer de ovário.

Na rede social, ela desabafou sobre o quão difícil está sendo o momento, mas demonstrou estar esperançosa quanto à cura. “Os médicos encontraram um tumor maligno de ovário e eu fui operada. Tudo saiu muito bem, felizmente nós descobrimos bem cedo, mas ainda assim me faltam uns meses de luta”, afirmou.

Apesar de se ouvir falar menos deste câncer do que de outros femininos, o tumor de ovário é mais comum até que o câncer de mama, com cerca de 6,2 mil novos casos anuais no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer.

Além disso, é um dos tipos de cânceres ginecológicos que mais matam, aparecendo atrás apenas do câncer de mama e de colo do útero, de acordo com um levantamento divulgado também pelo Inca. Considerando também os tumores não ginecológicos, ele é o 9º mais letal entre as mulheres.

Câncer de ovário: como é?

Segundo Angélica Nogueira, ginecologista e presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos, o câncer de ovário consiste em um tumor que se aloja neste órgão e tem diversos tipos. Segundo ela, os mais comuns são o germinativo e o epitelial, que se diferenciam especialmente pela faixa etária que afetam.

“O câncer de ovário germinativo é mais comum nas jovens, enquanto o epitelial acomete mulheres com mais de 40 anos”, explica a médica, ressaltando também que o primeiro tipo, que costuma afetar mulheres mais novas, costuma ser menos severo do que o segundo.

Quando há demora em detectá-lo, porém, o câncer pode extrapolar o ovário e chegar a um estágio de metástase. “Os locais mais comuns de disseminação é na membrana serosa, no peritônio e na pleura”, diz a médica.

Sintomas

Conforme mostra um levantamento do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo), esse tipo de câncer, além de ser o terceiro mais comum entre mulheres, é descoberto por 70% delas já em estágio avançado. Isso, segundo Angélica, traz outra dura estatística: segundo ela, entre 70% e 80% das pacientes não vivem mais do que cinco anos após o diagnóstico.

Os grandes culpados por essa situação, por sua vez, são os sintomas: por serem silenciosos e inespecíficos, eles podem facilmente ser confundidos com indicadores de outras doenças mais simples, fazendo com que o diagnóstico do câncer em si fique em segundo plano.

“Quando uma paciente começa a sentir os sintomas do câncer de ovário, ela geralmente não procura um ginecologista porque acha que o problema é gastrointestinal. Assim, ela acaba passando muito tempo tratando o problema errado”, explica a médica.

De acordo com Angélica, alterações no funcionamento do intestino (tanto que o deixem preso quanto solto), vontade constante de fazer xixi, inchaço anormal do abdômen, dor na região pélvica, enjoo e até sensação de saciedade mesmo no início de uma refeição, por exemplo, podem estar relacionados a este câncer.

Causas, detecção e prevenção

Conforme explica a ginecologista, 15% dos casos estão ligados à herança genética, então uma forma de se precaver é avaliar o histórico familiar de doenças como esta. Além disso, ela também cita a necessidade de investigar qualquer um dos sintomas quando eles persistam por mais de uma semana.

Para Angélica, havendo casos de câncer de ovário em parentes bem próximos, como irmã, mãe ou tias, é indicado que a mulher se submeta a exames ginecológicos e de sangue a cada seis meses, além de fazer acompanhamento com um oncologista.

Na presença de alguma suspeita, a paciente é encaminhada para um exame que mapeia a região abdominal como um todo (como ultrassom, tomografia ou ressonância magnética), além de um exame de sangue específico para detectar a doença, o CA1245.

Tratamento

Quando a suspeita é levantada em exames, a paciente é encaminhada para uma biopsia que, através de um pequeno corte, retira o ovário ou uma parte dele para fazer a análise. Segundo a médica, caso se confirme a suspeita e o procedimento esteja sendo feito por um ginecologista oncológico, é possível já realizar a cirurgia para remoção do tumor neste mesmo momento.

O que é feito na cirurgia, porém, depende do caso. “Muitas vezes fazemos uma cirurgia total para retirar os dois ovários, o útero, as trompas e outras estruturas do abdômen”, aponta a ginecologista, reforçando que também é possível tratá-lo com quimioterapia, mas tudo vai de acordo com o estágio da doença.

“A opção da cirurgia ou da quimioterapia depende do estágio em que a doença foi descoberta. Quanto mais precoce o diagnóstico, menos complexo e mais curto é o tratamento”, explica a especialista.

Doenças silenciosas

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