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Médico acha real causa da acne adulta: pode ser por isso que tantos tratamentos falham

Publicado 5 Abr 2019 – 05:24 PM EDT | Atualizado 5 Abr 2019 – 05:24 PM EDT
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Se você tem 25, 30, 50 anos e ainda sofre com espinhas, não estranhe. A acne na mulher adulta é mais comum do que se imagina e um estudo recente desenvolvido por um médico brasileiro pode ter desvendado o que está por trás desta condição dermatológica.

Acne adulta

A acne consiste em um quadro inflamatório dos poros da pele. Diferente do que se pensa, não é uma condição típica da adolescência.

Isso porque não é raro que mulheres acima de 25 anos, idade que dermatologistas estabelecem para delimitar a chamada acne na mulher adulta, apresentem espinhas.

Acne na adolescência e na fase adulta: diferenças

A diferença entre a acne da fase adulta e a da adolescência está principalmente na forma como ela se manifesta.

“Nas adultas, a acne é de leve a moderada, não é comum ser grave como nos adolescentes”, explica a dermatologista Edileia Bagatin. Segundo a médica, outra característica muito peculiar da acne da mulher adulta é que as espinhas aparecem na zona U (queixo, mandíbula e pescoço) não na T (nariz, testa e queixo). Além disso, a acne na mulher adulta também tende a ser vermelha e inflamada, com tamanho variado e dolorida.

No Brasil, de acordo com Edileia, a idade média de mulheres que apresentam a acne é de 34 anos. “São 16 milhões de mulheres no Brasil com acne na fase adulta”, afirma o dermatologia Marco Rocha sobre a manifestação da condição nas brasileiras.

Na maioria destes casos, afirmam os especialistas, o problema começa na adolescência e persiste até a idade adulta, sendo necessário tratamento a longo prazo para atacar a questão. Além disso, cerca de 50% destas mulheres possuem parentes de 1º grau com acne. Para muitas, a acne impacta diretamente a qualidade de vida.

Genética é a grande causa (e não os hormônios)

O que o estudo “Modulação do Receptor Toll-Like 2 na glândula sebácea pelo tratamento da acne da mulher adulta”, encabeçado pelo dermatologista Marco Rocha, conseguiu descobrir é que, diferente do que se pensava, os fatores hormonais não são os principais causadores deste problema em pessoas com mais de 25 anos. Na realidade, ele está mais relacionado à genética.

“A minoria dos casos de acne está relacionado a fatores endocrinológicos [como os hormônios]. São 30% do casos. Então, não adianta pedir exame de sangue para descobrir a causa da acne”, afirma Rocha sobre uma nova tendência no diagnóstico e tratamento da condição.

Para entender a descoberta do pesquisador, primeiro é preciso saber que uma bactéria chamada Proponibacterium acnes está ligada ao processo inflamatório da acne na pele de cada pessoa. Em sua pesquisa, Rocha investigou a atividade de alguns receptores celulares, chamados TOLL LIKE-2 ou TLR-2, presentes na pele de mulheres com e sem acne e sua interação com a bactéria P. acnes.

“A quantidade dessa bactéria na pele é igual em todos. O que difere é a interação de algumas pessoas com essa bactéria. Em pessoas com acne, há uma quantidade enorme de receptores na lesão. Em quem não tem acne, a quantidade de receptores é normal”, pontua o dermatologista.

Essa diferença na reação de cada organismo à bactéria está diretamente ligada ao modo como o sistema imunológico de cada um foi estruturado para se defender.

“A defesa do nosso corpo só depende da nossa genética, que está alterada nas mulheres com acne. Essa maneira exacerbada de interagir com a bactéria, logo, não é prioritariamente hormonal”, conclui Rocha.

Tratamento para acne em adultos está mudando

A descoberta do estudo de Rocha reforça uma tendência recente que vem modificando a forma como a acne é tratada.

Hoje, o uso de antibióticos nos casos de espinhas em pessoas adultas vem sendo reduzida, o que, para o dermatologista, faz todo o sentido, uma vez que a origem do problema não seria a presença da bactéria em si, mas a forma como os organismos predispostos geneticamente reagem a ela.

“Acabamos de voltar de um congresso em Washington [Estados Unidos] e vimos que a tendência é diminuir o uso desse tipo de remédio. A chance de melhora com antibióticos é de apenas 15%, porque a acne não se trata de um quadro infeccioso. Eu estou feliz que a redução dos antibióticos é uma tendência.”

A redução do uso de antibióticos observada pelo médico no congresso dos EUA vai de encontro com a recente descoberta realizada por ele em seu estudo. Afinal, como apresentou a pesquisa de Rocha.

“Em um aparecimento eventual, pode-se usar um secativo. Há substâncias no mercado que ajudam a reduzir o processo inflamatório. Porém, quando há a doença crônica, não adianta tratar a espinha individual, porque seca-se a lesão, mas surgem três; seca-se três, surgem nove. Você não cuida da pele”, explica Rocha.

Como combater a acne adulta

Apesar da nova perspectiva sobre o uso de antibióticos, os produtos e medicamentos de uso tópico ou oral continuam sendo uma alternativa para atacar a acne, tanto em adolescentes quanto em adultos. É o caso de substâncias como ácido azeláico, peróxido de benzoila, tretinoina, adapaleno e anticoncepcionais. Apenas dois compostos, isotretinoina e espironolactotona, são restritos caso a mulher esteja gestante.

Fora o uso de produtos medicamentosos, dermatologistas também recomendam:

  • evitar o toque excessivo no rosto para não levar sujeira e aumentar a oleosidade da face;
  • lavar o rosto, preferencialmente, duas vezes ao dia e após a prática de atividades físicas para não acumular impurezas no rosto;
  • não cutucar ou espremer espinhas e cravos;
  • beber água e manter uma alimentação rica em cereais, frutas, verduras, legumes integrais, castanhas e peixes;
  • manter a pele hidratada com cremes sem óleo;
  • evitar excessos de bebida alcoólica e cafeína - que desidratam a pele e aumentam os níveis de cortisol ;
  • manter uma boa rotina de sono;
  • praticar exercícios físicos regularmente para diminuir o estresse.

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