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Morte de Rafael Henzel levanta questão: há relação entre atividade física e infarto?

Publicado 27 Mar 2019 – 12:08 PM EDT | Atualizado 27 Mar 2019 – 12:08 PM EDT
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Em novembro de 2016, o jornalista Rafael Henzel se tornou um dos seis sobreviventes da tragédia da Chapecoense, acidente aéreo que vitimou 71 pessoas entre jogadores, membros da comissão técnica do time, convidados e tripulantes que estavam no voo com destino à Colômbia.

Na última terça-feira (26), porém, quem o acompanhava recebeu a triste notícia de que, pouco mais de dois anos após o acidente, Henzel teve um infarto enquanto jogava uma partida de futebol com amigos em Chapecó (SC). Conforme informou Marcinho San, colega de Henzel na rádio Oeste Capital, ele chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu e acabou morrendo aos 45 anos.

Símbolo da reconstrução do time após a tragédia, Henzel tinha o futebol como protagonista em sua vida, tanto por trabalhar cobrindo o esporte quanto por não dispensar uma partida ocasional. Apesar de não haver confirmação de que a prática causou seu infarto, porém, a questão foi levantada e, ao VIX, o cardiologista Guilherme Renke explica a possível relação entre casos de mal súbito e o exercício físico.

Exercícios físicos podem causar infarto?

Conforme explica o especialista, que também é médico do esporte, a prática regular de atividades físicas é algo positivo para o coração e, em geral, diminui os riscos de doenças cardiovasculares. Segundo ele, isso acontece porque se exercitar promove a vasodilatação, a produção de glicoproteínas que diminuem inflamações crônicas e o aumento do colesterol bom (HDL).

Apesar de fortalecer o coração, porém, a prática de exercícios físicos pode ter o efeito contrário dependendo da condição cardíaca do praticante. “O risco de um mal súbito só ocorre em quem tem uma alteração de base que pode desencadear arritmias, ou seja, a pessoa já tem um problema estrutural ou na condução elétrica do coração e ela é potencializada com o exercício máximo”, explica Renke.

Caso o praticante já tenha alguma condição cardíaca como as citadas pelo médico, o risco é o mesmo tanto para exercícios regulares quanto esporádicos, mas a situação muda no caso de atletas, já que, segundo ele, a alta exigência metabólica pode gerar problemas. “Atletas profissionais podem ter alterações específicas na condução elétrica por hipertrofia do ventrículo esquerdo”, esclarece.

Como se proteger

Ao mesmo tempo em que a prática de atividades físicas pode ser perigosa para quem já tem algum problema cardíaco, o sedentarismo é igualmente ameaçador (e para qualquer pessoa). Sendo assim, é importante que as pessoas se exercitem, mas sempre buscando descartar possíveis riscos antes de começar - daí a importância da avaliação médica.

Além de manter uma alimentação rica em gorduras boas – como as presentes no azeite, no abacate, no salmão, nas castanhas e nas nozes –, legumes e verduras e evitar frituras, alimentos industrializados, açúcar e bebidas alcoólicas, Renke aconselha também um acompanhamento médico preventivo.

“O exercício não sobrecarrega o coração, mas algumas pessoas devem fazer avaliações médicas antes de se exercitar”, afirma o médico, ressaltando que isso é essencial para pessoas com histórico familiar de arritmias ou morte súbita, com doenças já conhecidas e fumantes. Segundo ele, isso se faz ainda mais necessário para quem, além de se enquadrar em algum desses fatores, tiver mais de 35 anos.

Cuidados com o coração

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