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Aos 24 anos, atriz teve condição gravíssima de saúde enquanto estava na academia

Publicado 22 Mar 2019 – 06:00 PM EDT | Atualizado 22 Mar 2019 – 06:05 PM EDT
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Emilia Clarke, atriz de “Game of Thrones”, passou por dois sustos durante as gravações da série da HBO. Em relato concedido à revista norte-americana “New Yorker”, a atriz contou que teve dois aneurismas, sendo que um deles acabou se rompendo enquanto a artista treinava na academia.

Aneurismas de Emilia Clarke

Segundo Emilia, o primeiro aneurisma aconteceu em 2011, no final das gravações da primeira temporada de “Game of Thrones”.

A atriz treinava quando passou a sentir uma forte dor de cabeça. A princípio, ela tentou manter seu ritmo de exercício, mas não consegui por conta das dores e outros incômodos provocados pelo rompimento do aneurisma.

“De alguma forma, quase engatinhando, cheguei até o vestiário [da academia]. Alcancei a privada, ajoelhei e vomitei violenta e volumosamente”, contou Emilia.

Levada para ao hospital, o exame de imagem detectou em Emilia uma hemorragia subaracnoidea cerebral.

Depois de receber o diagnóstico, Emilia passou por uma cirurgia de emergência de três horas de duração e ainda enfrentou complicações no processo de recuperação, como dificuldade de memória e na formação de frases, em decorrência do trauma cerebral.

Recuperada do rompimento de seu primeiro aneurisma, Emilia viu-se diante de novo susto: em 2013, no final das gravações da terceira temporada de GoT, veio o segundo aneurisma.

O vaso que ainda não havia apresentado riscos à atriz a levou a cirurgia para que os médicos contivessem seu tamanho e, assim, evitassem seu rompimento. Hoje em dia, Emilia está totalmente recuperada dos dois aneurismas.

Aneurisma: o que é

O aneurisma é uma dilatação na parede de uma vaso sanguíneo – veia, artéria ou pequenos vasos.

“A pressão do sangue dentro da artéria desencadeia um inchaço que pode crescer lentamente. O aneurisma pode ser congênito - quando ele encontra-se na região desde o nascimento - ou devido à lesão de um vaso, surgindo mais tardiamente”, explica o neurocirurgião Paulo Porte de Melo, pioneiro na neurocirurgia robótica no Brasil e colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos.

É possível que essa dilatação permaneça quieta por anos no organismo, sem nunca se romper. O problema está quando o aneurisma se rompe, levando ao acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico causado por um aneurisma.

É comum aneurisma em jovens?

Hoje com 32 anos, Emilia tinha apenas 24 na época de seu primeiro aneurisma e 26 quando foi diagnosticada com a segunda dilatação de vaso sanguíneo.

Segundo informações da Academia Brasileira de Neurologia, o aneurisma é mais comum entre adultos jovens na casa dos 20 e 50 anos.

Entretanto, isso não significa que pessoas de outras faixas etárias não possam sofrer com a condição, já que ela pode ocorrer em qualquer idade.

Aneurisma durante atividade física: alerta

Os principais fatores que podem fazer um aneurisma se romper, causando o AVC, são a hipertensão arterial - que exerce uma força muito grande contra a parede da artéria - e o tabagismo, que causa mudanças estruturais nos vasos sanguíneos.

Porém, não são os únicos fatores de risco. Na verdade, qualquer atividade que exija um esforço maior pode favorecer a condição. Recentemente, uma mulher teve um aneurisma durante o orgasmo. A atividade física também pode ser um gatilho se feita em excesso ou sem os cuidados devidos, e até mesmo o ato de evacuar pode gerar o problema.

“Quando você faz um movimento muito pesado, que usa uma força gigantesca e não está acostumado a fazer, é melhor sempre ter atenção”, conta o neurologista Tiago Sowny, do Hospital Edmundo Vasconcelos. “Sua respiração muda e seu esforço muda. Se você já tem qualquer fragilidade no sistema do seu corpo, a melhor opção é calcular o quanto você pode ir além ou não.”

Esse tipo de movimento aumenta a pressão dentro do abdômen e do tórax (como acontece ao fazer força para defecar), o que pode alterar a circulação sanguínea, aumentar a pressão arterial e favorecer o deslocamento de trombos. Dentro desse cenário, pode ocorrer também um processo de arritmia.

Sintomas do aneurisma

A principal característica de um aneurisma é a dor de cabeça que aparece subitamente e aumenta de forma rápida. Além dela, outros dez sintomas também ajudam a identificar a condição:

  • Visão dupla
  • Perda da visão
  • Dores de cabeça acompanhadas de náuseas e vômitos
  • Dores nos olhos
  • Dores na região do pescoço
  • Rigidez e dificuldade para movimentar o pescoço
  • Confusão, sonolência ou estupor
  • Fraqueza muscular
  • Dificuldade de mobilidade em partes do corpo
  • Dormência ou redução da sensibilidade de qualquer parte do corpo.

O diagnóstico é realizado por meio de uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada.

Importância do rápido atendimento

Muitas vezes, o atendimento ao aneurisma acaba sendo demorado por muitas pessoas acabarem confundindo o quadro com uma dor de cabeça muito intensa.

Entretanto, esse tipo de confusão deve ser evitada ao máximo e a dor, não ignorada. Segundo o neurologista Renato Anghinah, do Hospital Samaritano, é preciso observar o padrão, frequência e evolução da dor.

Por exemplo, caso a dor não melhore ou apareça frequentemente, o ideal é procurar um médico para tratar o problema. Vale atenção, ainda, se a dor de cabeça que surge de repente e em poucos segundos se torna muito intensa. Isso porque, caso o incômodo tenha essas características, é possível que a pessoa esteja apresentando um quadro de distensão ou ruptura de um aneurisma, o que gera um AVC por aneurisma.

AVC hemorrágico por aneurisma

No chamado AVC hemorrágico por aneurisma, acontece a ruptura de um aneurisma, e o sangramento se acumula no espaço subaracnóideo, que fica entre duas das camadas da meninge: a pia-máter (a mais próxima do cérebro) e a aracnoide. Em seu relato à “New Yorker”, Emilia descreveu a hemorragia cerebral que teve com o rompimento do primeiro aneurisma como um “tipo de derrame”.

O acúmulo de sangue no espaço subaracnóideo tem como consequência a hipertensão intracraniana que, se não controlada, dificulta a chegada de sangue, e, portanto, nutrientes ao tecido cerebral. Em casos mais graves, pode causar até mesmo a morte cerebral.

O AVC hemorrágico causado por aneurisma também é perigoso pelo risco de novos rompimentos e, consequentemente, extravasamentos de sangue.

Caso isso venha a acontecer, o risco de mortalidade gira em torno de 70%. Por isso, é necessário cirurgia para fechar o aneurisma e diminuir as chances de complicações.

Tratamento

Em situações em que o aneurisma é muito grave e corre o risco de estourar, uma cirurgia pode ser realizada para para fechar sua porção mais estreita, utilizando equipamentos para impedir a formação de coágulos. São elas:

  • Cirurgia aberta: o vaso é exposto e é colocado um clipe, espécie de grampo para isolar o aneurisma;
  • Cateterismo cerebral: nesse caso, a cirurgia é menos invasiva, e um cateter é colocado por dentro do vaso até chegar ao aneurisma, onde ele, com uso de molas, preenche e oclui o aneurisma.

Aneurisma e AVC

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