Aos 24 anos, atriz teve condição gravíssima de saúde enquanto estava na academia
Emilia Clarke, atriz de “Game of Thrones”, passou por dois sustos durante as gravações da série da HBO. Em relato concedido à revista norte-americana “New Yorker”, a atriz contou que teve dois aneurismas, sendo que um deles acabou se rompendo enquanto a artista treinava na academia.
Aneurismas de Emilia Clarke
Segundo Emilia, o primeiro aneurisma aconteceu em 2011, no final das gravações da primeira temporada de “Game of Thrones”.
A atriz treinava quando passou a sentir uma forte dor de cabeça. A princípio, ela tentou manter seu ritmo de exercício, mas não consegui por conta das dores e outros incômodos provocados pelo rompimento do aneurisma.
“De alguma forma, quase engatinhando, cheguei até o vestiário [da academia]. Alcancei a privada, ajoelhei e vomitei violenta e volumosamente”, contou Emilia.
Levada para ao hospital, o exame de imagem detectou em Emilia uma hemorragia subaracnoidea cerebral.
Depois de receber o diagnóstico, Emilia passou por uma cirurgia de emergência de três horas de duração e ainda enfrentou complicações no processo de recuperação, como dificuldade de memória e na formação de frases, em decorrência do trauma cerebral.
Recuperada do rompimento de seu primeiro aneurisma, Emilia viu-se diante de novo susto: em 2013, no final das gravações da terceira temporada de GoT, veio o segundo aneurisma.
O vaso que ainda não havia apresentado riscos à atriz a levou a cirurgia para que os médicos contivessem seu tamanho e, assim, evitassem seu rompimento. Hoje em dia, Emilia está totalmente recuperada dos dois aneurismas.
Aneurisma: o que é
O aneurisma é uma dilatação na parede de uma vaso sanguíneo – veia, artéria ou pequenos vasos.
“A pressão do sangue dentro da artéria desencadeia um inchaço que pode crescer lentamente. O aneurisma pode ser congênito - quando ele encontra-se na região desde o nascimento - ou devido à lesão de um vaso, surgindo mais tardiamente”, explica o neurocirurgião Paulo Porte de Melo, pioneiro na neurocirurgia robótica no Brasil e colaborador do Departamento de Neurocirurgia da Universidade de Saint Louis, nos Estados Unidos.
É possível que essa dilatação permaneça quieta por anos no organismo, sem nunca se romper. O problema está quando o aneurisma se rompe, levando ao acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico causado por um aneurisma.
É comum aneurisma em jovens?
Hoje com 32 anos, Emilia tinha apenas 24 na época de seu primeiro aneurisma e 26 quando foi diagnosticada com a segunda dilatação de vaso sanguíneo.
Segundo informações da Academia Brasileira de Neurologia, o aneurisma é mais comum entre adultos jovens na casa dos 20 e 50 anos.
Entretanto, isso não significa que pessoas de outras faixas etárias não possam sofrer com a condição, já que ela pode ocorrer em qualquer idade.
Aneurisma durante atividade física: alerta
Os principais fatores que podem fazer um aneurisma se romper, causando o AVC, são a hipertensão arterial - que exerce uma força muito grande contra a parede da artéria - e o tabagismo, que causa mudanças estruturais nos vasos sanguíneos.
Porém, não são os únicos fatores de risco. Na verdade, qualquer atividade que exija um esforço maior pode favorecer a condição. Recentemente, uma mulher teve um aneurisma durante o orgasmo. A atividade física também pode ser um gatilho se feita em excesso ou sem os cuidados devidos, e até mesmo o ato de evacuar pode gerar o problema.
“Quando você faz um movimento muito pesado, que usa uma força gigantesca e não está acostumado a fazer, é melhor sempre ter atenção”, conta o neurologista Tiago Sowny, do Hospital Edmundo Vasconcelos. “Sua respiração muda e seu esforço muda. Se você já tem qualquer fragilidade no sistema do seu corpo, a melhor opção é calcular o quanto você pode ir além ou não.”
Esse tipo de movimento aumenta a pressão dentro do abdômen e do tórax (como acontece ao fazer força para defecar), o que pode alterar a circulação sanguínea, aumentar a pressão arterial e favorecer o deslocamento de trombos. Dentro desse cenário, pode ocorrer também um processo de arritmia.
Sintomas do aneurisma
A principal característica de um aneurisma é a dor de cabeça que aparece subitamente e aumenta de forma rápida. Além dela, outros dez sintomas também ajudam a identificar a condição:
- Visão dupla
- Perda da visão
- Dores de cabeça acompanhadas de náuseas e vômitos
- Dores nos olhos
- Dores na região do pescoço
- Rigidez e dificuldade para movimentar o pescoço
- Confusão, sonolência ou estupor
- Fraqueza muscular
- Dificuldade de mobilidade em partes do corpo
- Dormência ou redução da sensibilidade de qualquer parte do corpo.
O diagnóstico é realizado por meio de uma ressonância magnética ou tomografia computadorizada.
Importância do rápido atendimento
Muitas vezes, o atendimento ao aneurisma acaba sendo demorado por muitas pessoas acabarem confundindo o quadro com uma dor de cabeça muito intensa.
Entretanto, esse tipo de confusão deve ser evitada ao máximo e a dor, não ignorada. Segundo o neurologista Renato Anghinah, do Hospital Samaritano, é preciso observar o padrão, frequência e evolução da dor.
Por exemplo, caso a dor não melhore ou apareça frequentemente, o ideal é procurar um médico para tratar o problema. Vale atenção, ainda, se a dor de cabeça que surge de repente e em poucos segundos se torna muito intensa. Isso porque, caso o incômodo tenha essas características, é possível que a pessoa esteja apresentando um quadro de distensão ou ruptura de um aneurisma, o que gera um AVC por aneurisma.
AVC hemorrágico por aneurisma
No chamado AVC hemorrágico por aneurisma, acontece a ruptura de um aneurisma, e o sangramento se acumula no espaço subaracnóideo, que fica entre duas das camadas da meninge: a pia-máter (a mais próxima do cérebro) e a aracnoide. Em seu relato à “New Yorker”, Emilia descreveu a hemorragia cerebral que teve com o rompimento do primeiro aneurisma como um “tipo de derrame”.
O acúmulo de sangue no espaço subaracnóideo tem como consequência a hipertensão intracraniana que, se não controlada, dificulta a chegada de sangue, e, portanto, nutrientes ao tecido cerebral. Em casos mais graves, pode causar até mesmo a morte cerebral.
O AVC hemorrágico causado por aneurisma também é perigoso pelo risco de novos rompimentos e, consequentemente, extravasamentos de sangue.
Caso isso venha a acontecer, o risco de mortalidade gira em torno de 70%. Por isso, é necessário cirurgia para fechar o aneurisma e diminuir as chances de complicações.
Tratamento
Em situações em que o aneurisma é muito grave e corre o risco de estourar, uma cirurgia pode ser realizada para para fechar sua porção mais estreita, utilizando equipamentos para impedir a formação de coágulos. São elas:
- Cirurgia aberta: o vaso é exposto e é colocado um clipe, espécie de grampo para isolar o aneurisma;
- Cateterismo cerebral: nesse caso, a cirurgia é menos invasiva, e um cateter é colocado por dentro do vaso até chegar ao aneurisma, onde ele, com uso de molas, preenche e oclui o aneurisma.
Aneurisma e AVC
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