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Mulher sofre AVC durante orgasmo: quem corre risco e quais são os cuidados?

Publicado 18 Mar 2019 – 01:01 PM EDT | Atualizado 18 Mar 2019 – 01:01 PM EDT
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O sexo é capaz de oferecer muitas sensações incríveis, sendo o orgasmo o clímax da relação sexual. Entretanto, na hora máxima do prazer, uma mulher do Reino Unido levou foi um grande susto enquanto transava ao sofrer um AVC durante o orgasmo.

Mulher tem AVC durante orgasmo

O caso de AVC hemorrágico no momento do orgasmo ocorrido no Reino Unido foi descrito no periódico científico BMJ Case Reports.

Segundo consta na publicação, uma mulher chegou a um hospital reclamando de uma forte dor de cabeça. O incômodo teria começado depois que ela desmaiou ao chegar ao clímax da relação sexual.

Na unidade de saúde, foi constatado que a dor de cabeça era motivada por uma hemorragia subaracnoidea cerebral decorrente do rompimento de um aneurisma em seu cérebro.

Após 15 dias internada, a paciente foi liberada pelos médicos sem qualquer sequela, segundo o BMJ.

Aneurisma

O aneurisma é uma dilatação na parede de uma vaso sanguíneo – veia, artéria ou pequenos vasos.

É possível que essa dilatação permaneça quieta por anos no organismo, sem nunca se romper. O problema está quando o aneurisma se rompe, levando ao acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico causado por um aneurisma.

AVC hemorrágico por aneurisma

O AVC hemorrágico por aneurisma é diferente do hemorrágico “comum”. Enquanto o segundo caso ocorre pelo extravasamento de sangue no cérebro pelo rompimento de um vaso sem dilatação, o primeiro vem de um vazamento de vasos com características de aneurisma.

O primeiro tipo costuma ter gravidade maior e sequelas mais preocupantes do que o segundo. Quando acontece a ruptura de um aneurisma, o sangramento se acumula no espaço subaracnóideo, que fica entre duas das camadas da meninge: a pia-máter (a mais próxima do cérebro) e a aracnoide.

Consequentemente, o acúmulo de sangue no espaço subaracnóideo leva à hipertensão intracraniana, que deve ser controlada pois dificulta a chegada de sangue, e, portanto, nutrientes ao tecido cerebral. Em casos graves, pode causar morte cerebral.

O AVC hemorrágico causado por aneurisma também é perigoso pelo risco de novos rompimentos e, consequentemente, extravasamentos de sangue. Caso isso venha a acontecer, o risco de mortalidade gira em torno de 70%. Por isso, é necessário cirurgia para fechar o aneurisma e diminuir as chances de complicações.

Por fim, o AVC hemorrágico por aneurisma ainda guarda como complicação o risco de isquemia tardia. “O sangue parado ali pode gerar uma irritação nos vasos sanguíneos e, em consequência, uma isquemia, que é uma interrupção do fluxo sanguíneo, de maiores proporções”, explica a neurologista Gisele Sampaio, do departamento científico de doenças cérebro-vasculares da Academia Brasileira de Neurologia.

Sequelas possíveis do AVC

Além de todos os riscos restritos ao AVC por aneurisma, esse tipo de derrame também carrega os perigos típicos do AVC considerado “comum”:

  • hidrocefalia
  • paralisia de um dos lados do corpo
  • crise epilépticas
  • sequelas motoras, de fala

AVC durante o orgasmo: é possível?

Apesar de inusitada, a situação não é tão impossível de acontecer. De acordo com o neurocirurgião Julio Pereira, da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, nosso corpo passa por uma série de alterações em suas funções durante o sexo, como mudanças na frequência cardíaca, na pressão arterial e na circulação sanguínea.

Além disso, o próprio cérebro é impactado durante a transa com aumento da circulação sanguínea na região, em especial em partes ligadas ao prazer, como as áreas frontal e hipocampo.

“Todo esse processo faz com que o cérebro sofra um estresse maior – da mesma forma que ele sofre quando corremos. Isso predispõe uma pessoa que tem uma má-formação a ter rompimento de um vaso - porque o aneurisma é nada mais do que uma má-formação do vaso sanguíneo. No orgasmo, se uma pessoa tem predisposição para o vaso se romper e condições que enfraquecem o cérebro, a vasodilatação e o aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca também predispõem outros tipos de isquemia. Resumindo: há um estresse do nosso corpo”, explica o neurologista.

AVC: grupo de risco e cuidados

As pessoas que têm maior risco de sofrer um AVC no sexo são as mesmas que correm tal perigo andando na rua ou em outras circunstâncias, ou seja, pertencem ao grupo de riscos. No entanto, o acidente pode ocorrer independente disto. “Qualquer estresse pode gerar o AVC”, pontua Pereira.

Os grupos populacionais que são considerados aqueles com mais predisposição ao risco de ter AVC são os hipertensos, os tabagistas, os diabéticos e os que apresentam alguma doença crônica no coração.

O recomendado para indivíduos que estão no grupo de risco, de acordo com Pereira, é visitar periodicamente o médico (preferencialmente um cardiologista) a fim de que o organismo como um todo seja analisado.

Sexo: cuidados importantes

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