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Problema de Luciele di Camargo na gravidez a deixou com 5% de campo de visão em olho

Publicado 14 Mar 2019 – 03:16 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2019 – 03:16 PM EDT
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Ao embarcar em uma brincadeira proposta por amigas nas redes sociais, a atriz Luciele di Camargo, irmã de Zezé e Luciano, acabou revelando um problema de saúde que teve durante a gravidez e e que lhe causou a perda de grande parte do seu campo de visão.

Problema de saúde de Luciele di Camargo

A revelação de Luciele aconteceu no perfil que a atriz mantém no Instagram. A partir de um desafio em que deveria revelar cinco curiosidades desconhecidas sobre si, a atriz contou que desenvolveu a chamada Síndrome de ICE durante a gravidez do segundo filho.

Segundo Luciele, o problema de saúde ocular acabou lhe acarretando complicações: um glaucoma, doença que causa aumento da pressão no nervo óptico e é a segunda maior causa evitável de cegueira no mundo - e, no caso da famosa, teve como consequência a perda de boa parte de seu campo de visão em um dos olhos.

“Tenho apenas 5% do campo visual do olho direito. Por isso minhas amigas me chamam de vaca cega. Perdi durante a gravidez do Davi por causa de um glaucoma decorrente da síndrome de ICE.”

Glaucoma: o que é?

O oftalmologista Kássey Vasconcelos explica que a doença leva ao aumento da pressão intraocular, lesionando o nervo ótico. "A destruição de parte desse canal impede que as imagens sejam levadas ate o cérebro para serem decodificadas."

Quando o glaucoma é descoberto durante a gravidez, o quadro pede maior atenção, já que a maioria dos colírios usados no tratamento pode prejudicar o feto e até causar aborto.

Apesar de ser mais comum após os 40 anos, com a incidência aumentando progressivamente a cada década, a condição também atinge os mais jovens. Não há cura, mas a evolução pode ser controlada por meio do tratamento.

Síndrome de ICE: o que é

Conhecida no Brasil como Síndrome Iridocorneana Endotelial, a síndrome de ICE é um condição rara que atinge majoritariamente mulheres jovens.

A síndrome de ICE consiste na proliferação anormal da chamada célula endotelial, presente na córnea, e a migração desse tecido para a íris. Segundo explica Marcia Lucia da Silva Fagundes Marques, oftalmologista do IMO, Instituto De Moléstias Oculares, a síndrome geralmente é unilateral, ou seja, atinge apenas um olho - como foi o caso de Luciele.

“No caminho em que a célula endotelial começa a se proliferar e a migrar para a íris, ela passa pelo orifício de drenagem do liquido que circula no osso olho. Isso faz com que a pessoa tenha problemas”, diz.

Sintomas da síndrome de ICE

Como consequência, o olho começa a apresentar sintomas da síndrome que caracterizam cada estágio da condição:

  • Síndrome de Chandler: fase mais leve da ICE, quando apenas a córnea é acometida pela proliferação das células endoteliais. “A córnea começa a apresentar falência, há edemas e borramento da visão”, segundo a oftalmologista;
  • Síndrome de Cogan Reese: fase intermediária da ICE, nela há proliferação e a migração das células endoteliais para a íris começa a atingir essa segunda região do olho. “Há também nódulos na íris e pode levar à sua atrofia”, diz a especialista;
  • Atrofia progressiva da íris: forma mais agressiva da ICE, trata-se de uma atrofia generalizada da íris. “É a fase em que mais há chance de se desenvolver o glaucoma”, diz Marcia Lucia.

Sobre os sintomas da ICE, vale dizer a velocidade em que eles são manifestados pelo corpo depende de cada indivíduo. “É uma progressão e não tem início súbito”, pontua a médica.

Causas da síndrome de ICE

A causa da síndrome é desconhecida pela comunidade médica, mas há hipóteses de que ela esteja relacionada a infecções virais.

“Acredita-se que existe relação entre o vírus da herpes simples e a síndrome de ICE”, afirma Marcia Lucia.

Porém, a médica destaca que não é preciso preocupação em pessoas com histórico de herpes, pois não existe uma relação de causa e consequência entre os dois quadros clínicos. “Tive herpes e vou ter ICE? Não necessariamente.”

Gravidez: há relação?

Luciele citou que a síndrome lhe acometeu durante a gestação de Davi. Apesar de as épocas coincidirem, Marcia Lucia afirma que não existe relação alguma entre esses dois fatores. “A gravidez não é um fator para o desenvolvimento da síndrome.”

Assim, o fato de Luciele ter desenvolvido a síndrome durante a gravidez pode ter sido apenas coincidência.

Uma suposição, segundo Marcia Lucia, é que, como existe uma queda muito grande da imunidade em gestações e 90% das pessoas tiveram contato com o vírus da herpes desde pequenas, há a possibilidade de manifestações do vírus emergirem neste período sem que a grávida tenha, necessariamente, entrado em contato com ele na vida adulta.

Riscos

A forma mais agressiva da síndrome tem como característica a grande probabilidade de se desenvolver o glaucoma. Porém, de acordo com Marcia Lucia, não é preciso atingir o último estágio da ICE para desenvolver a pressão alta intraocular, já que 50% das pessoas acometidas pela ICE estão sujeitas a esse risco da síndrome.

Além do glaucoma, outro complicação é a perda da visão pela lesão no nervo óptico. “Às vezes a pessoa não tem sintomas e não percebe, mas a síndrome está instalada e lesando o nervo óptico. A perda da visão é irreversível”, alerta Marcia Lucia.

No caso de Luciele, o que aconteceu foi que a atriz acabou perdendo, em decorrência do glaucoma, 95% da capacidade que uma pessoa tem de ver sem ter que virar a cabeça, ou seja, seu campo visual - um conceito diferente de visão. "Não da pra saber como é a visão dela. Ela pode ter perdido 95% do campo periférico, mas ter 100% da visão nesses 5% de visão central", pontua Marcia Lucia.

Tratamento

A síndrome não tem cura, mas há tratamentos (colírios ou medicamentos via oral) que visam amenizar os sintomas que a condição provoca no olho acometido por ela.

Além disso, os cuidados são direcionados de acordo com a região mais afetada: na córnea, na íris ou para o glaucoma.

Além do uso de remédios, existe, ainda, a possibilidade de cirurgias para a drenagem do líquido ocular. “As células vão entupindo o ‘ralinho do olho’ e o problema está na drenagem”, explica Marcia Lucia. Outra cirurgia possível é o transplante de córnea quando está muito lesionada.

Prevenção: é possível?

Por ser uma síndrome sem causas conhecidas, Marcia Lucia afirma que não há como preveni-la. O melhor, segundo a médica, é consultar com boa periodicidade um oftalmologista. “Há casos em que a pessoa não tem sintomas, e nas consultas o médico pode suspeitar de qualquer alteração.”

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