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Atriz conta que sente a depressão lhe "chamar" com relato forte e importante

Publicado 28 Fev 2019 – 02:58 PM EST | Atualizado 28 Fev 2019 – 02:58 PM EST
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Entender a depressão não é algo simples e a jornada até essa compreensão pode levar algum tempo. Para a atriz Carolinie Figueiredo, foram sete anos até que a artista entendesse o que, de fato, estava acontecendo consigo.

Hoje em dia, porém, Carolinie sabe reconhecer muito bem como é a sensação que a doença lhe provoca. A partir de um relato impactante publicado em seu Instagram, a atriz deu mais detalhes do que é o “chamado” da depressão.

Relato de Carolinie Figueiredo sobre a depressão

Sinais da depressão

Segundo Carolinie, a atriz observa sinais da depressão há muito tempo em seu organismo. “Há quase sete anos eu observo a depressão me rondar. Sinto correr nas minhas veias: já manifestada na minha avó paterna, Já manifestada na minha mãe com tantas adversidades e perdas.”

Os sinais, de acordo com a atriz, manifestam-se por meio de sintomas muito típicos da doença, como desânimo e tristeza profunda.

“Às vezes sinto essa força me chamando a entrar no seu quarto escuro e mofado que já estive. Nomeio aqui uma falta de ânimo, uma perda de vontade de seguir meus planos, uma tristeza profunda somatizada pela apatia.”

Depressão tem nome

Diante de todos esses sinais, Carolinie contou que, neste ano, decidiu parar de ignorar o que se passava com seu corpo. Assim, a atriz procurou não só entender o que acontecia consigo, mas também nomear o que lhe acometia.

“Precisei nomear essa força que me ronda. Precisei incluir ela como uma possibilidade a existir ao invés de fingir que ela não existe (ou me encher de comida ou coisas materiais pra amenizar um buraco interno).”

Padrões comportamentais

Na busca da compreensão da depressão, Carolinie cita o caminho de autoconsciência que ajudou a reconhecer alguns de seus padrões comportamentais e a verificar aqueles que são ruins e típicos da doença.

“Nós começamos a nomear os padrões, nomear as repetições automáticas que nos levam a reagir por antigos caminhos, ainda que eles não sejam a favor do que é da vida. Então começamos a reconhecer com mais rapidez quando escorregamos em antigos terrenos.”

Pedir ajuda

Em seu relato, Carolina também fala sobre a vontade de desistir de tudo que a depressão desperta.

“Conheço esse cheiro de querer jogar tudo e ir embora, conheço essa voz que aparece e me traz dúvidas sobre quem eu sou e sobre minha trajetória. Assim paramos de correr atrás do próprio rabo e começamos a espiralar: eu conheço esse buraco úmido e fundo. Eu já estive aqui.”

Quando o sentimento de desistência acontece, na visão de Carolinie, é a hora de pedir ajuda – não importa a estratégia utilizada para que o pedido de socorro ocorra.

“E sei que essa é a hora de pedir ajuda, de deitar no chão e deixar a emoção brotar sem reprimir. Essa é a hora de colocar minhas músicas e deixar meu corpo se movimentar enquanto limpa, brilha e sabiamente encontra seu caminho de Auto cura. Quando uma parte minha cai no chão vou até ela e pergunto: o que você está precisando? Chorar. E já vem outra dizer: chora pra sair mas levanta daí antes que acredite nessa história ao ponto de se identificar. Eu te amo, estou aqui. Essa parte-sábia dá colo pra essa outra que ainda cai.”

Força na dor

Ao encerrar seu relato, Carolinie lembra que a dor nem sempre precisa ser sinônimo de coisas ruins. Afinal, dores profundas podem se transformar em fontes de força muito poderosas que nos ajudam a levantar quando estamos por baixo.

“Aprendi que nossas maiores dores se tornam também nossos maiores tesouros (...) Eu conheço bem o caminho de descida mas também a escalada de voltar a luz. E hoje já aprendi a acolher e abraçar essas mil partes que sou. Agora já sei como equilibrar todas essas partes pra que elas caminhem na mesma direção.”

Confira o relato completo:

Depressão: o que é e sintomas

A depressão consiste em uma doença cuja principal característica é a tristeza constante, de acordo com o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL).

“[A tristeza] pode se manifestar durante a maior parte do dia, quase diariamente, por um período de, no mínimo, duas semanas. Se esse sentimento se manifesta durante a maior parte do tempo, pode ser depressão”, alerta da Silva.

Não se sabe ao certo o que causa a depressão, mas hipóteses indicam que a doença está relacionada à queda da serotonina no cérebro. Este hormônio faz parte dos neurotransmissores do cérebro e regula sono, apetite e humor.

O estresse também é apontado como a causa. O aumento de hormônios ligados ao estresse, como o cortisol, pode prejudicar a saúde dos neurônios porque modificam a composição química do meio em que essas células exercem suas funções.

Além da tristeza profunda, a depressão também se manifesta por baixa autoestima, desânimo, sono excessivo e pessimismo.

Existe um estereótipo de que o paciente com depressão é aquele que não consegue sair da cama, sem vontade de viver atividades cotidianas. Entretanto, esse não é o único comportamento de uma pessoa depressiva.

Há quem viva uma rotina normal de vida e trabalho e até aparenta estar feliz também pode ser depressiva, ainda que ninguém perceba.

Tratamento para a depressão

De acordo com da Silva, a combinação entre medicamentos e psicoterapia é a forma mais efetiva para se tratar a depressão.

“As pessoas precisam entender que a depressão é uma doença, que necessita do acompanhamento adequado e, na maioria das vezes, com uso de medicamentos. Nos casos mais leves, a psicoterapia é suficiente para devolver ao indivíduo a qualidade de vida, ao mudar padrões de comportamento. Mas para casos moderados a graves, o uso do medicamento é imprescindível”, alerta o médico.

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